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Reitoria da UFSC repudia ação da Polícia Federal em campus

26 mar 2014 - 15h07
(atualizado às 18h47)

A reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) publicou uma nota de repúdio contra a ação da Polícia Federal dentro do campus, que acabou resultando em tumulto na tarde desta terça-feira.

Em documento assinado pelas reitoras Roselane Neckel e Lúcia Helena Martins Pacheco, a universidade acusada a PF de ferir a “autonomia universitária e os direitos humanos”. 

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A confusão teve início depois que agentes federais flagraram jovens com maconha em um bosque da universidade. Cercados por estudantes, os agentes acionaram a tropa de choque de Polícia Militar. 

De acordo com a reitoria, não só estudantes como funcionários da instituição ficaram feridos. A UFSC acusa a Polícia Federal de “intransigência” na condução do caso. “Toda a comunidade e autoridades universitárias foram profundamente desrespeitadas. Em vários momentos já destacamos que agir dessa forma dentro do campus poderia colocar em risco a vida das pessoas”, afirma na nota. “Isso nos lembra o regime de exceção”. 

Na tarde desta quarta, será realizada no campus da UFSC uma audiência pública envolvendo professores, reitoria e alunos para debater as ações após o tumulto de ontem.

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Confira a nota na íntegra

Hoje, 25 de março, a comunidade da Universidade Federal de Santa Catarina foi vítima de uma ação violenta e desnecessária, comandada por Delegados da Polícia Federal, ferindo profundamente a autonomia universitária e os direitos humanos e qualquer protocolo que regule as relações entre as instituições neste país.

A partir do momento em que fomos informadas, por terceiros, sobre a ação da PF, suspendemos a reunião que estava em andamento com o comando de Greve local dos Técnicos Administrativos em Educação e imediatamente telefonamos para o Superintendente da Polícia Federal em exercício, Paulo Cassiano Junior, para solicitar esclarecimentos sobre a ação que estava sendo realizada. Nunca fomos informadas sobre a realização desse procedimento.

Lembramos ao Delegado que em todos os contatos com a Polícia Federal sempre foi solicitado que quaisquer ações de repressão violenta ao tráfico de drogas fossem realizadas fora das áreas da Universidade.

Segundo relatos que nos foram feitos por telefone a imagem era de terror. Antes mesmo de quaisquer conflitos existirem já estavam presentes um grande efetivo, a tropa de choque, armas de bala de borracha e cachorros.

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Um efetivo pronto para o conflito, foi isso que encontraram os que foram até o local, inclusive representantes da Reitoria. Tentamos incansavelmente negociar com o Superintendente em exercício. A intransigência era clara e foi percebida por todos os presentes.

Foram agredidos muitos estudantes, técnicos administrativos e professores. Estavam presentes vários membros da Administração da Universidade. A Direção do Centro de Filosofia e Ciências Humanas acompanhou todos os momentos. O Diretor do CFH, Paulo Pinheiro Machado, foi agredido.

Estavam presentes também o Chefe de Gabinete da Reitoria, Carlos Vieira, o Procurador Chefe, Cesar Azambuja e outros Secretários e Diretores da Administração Central. Toda a comunidade e autoridades universitárias foram profundamente desrespeitadas.

Em vários momentos já destacamos que agir dessa forma dentro do campus poderia colocar em risco a vida das pessoas. As crianças saiam do Núcleo de Desenvolvimento (NDI) e entraram em pânico no momento em que as bombas de gás começaram a ser lançadas. O cenário rememorava os períodos vividos nos mais violentos regimes de exceção.

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Enquanto os relatos chegavam ao Gabinete, estávamos em constante contato com a Secretaria de Relações Institucionais, com o Ministério da Justiça e a Secretaria de Direitos Humanos em Brasília, solicitando uma mediação desses órgãos para que não ocorresse um previsível desfecho violento.

Reafirmamos nosso total repúdio ao lamentável episódio vivido hoje pela Comunidade Universitária. E reiteramos que, em nenhum momento, solicitamos ou fomos previamente informadas dessa ação.

Por que tanta truculência, intransigência e obstinação em levar adiante uma situação que já se anunciava como tragédia, enquanto outros caminhos mais lúcidos e racionais foram apresentados, os quais seriam dignos de uma autoridade de Estado?

Nos comprometemos a tomar as medidas cabíveis para preservar a UFSC e defender todos os que foram vítimas desse ato de violência.

 Roselane Neckel e Lúcia Helena Martins Pacheco

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Fonte: Terra
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