Os médicos do Paraná voltaram às ruas em 15 cidades nesta terça-feira para protestar contra os vetos da presidente Dilma Rousseff à lei do Ato Médico e contra o programa Mais Médicos que permite a importação de médicos formados no exterior sem a revalidação do diploma. Em Curitiba, os médicos reuniram-se na praça Rui Barbosa, no centro da cidade, e caminharam por todo o calçadão da rua Quinze de Novembro. Os participantes da manifestação, que reuniu cerca de mil pessoas, se dividiram em diversos pontos da cidade para coletar assinaturas para um abaixo-assinado que pretendem enviar ao Congresso Nacional demonstrando o apoio popular à manifestação.
"Essas medidas vão aumentar ainda mais os abismos que já temos na saúde deste País. De um lado teremos as pessoas que poderão pagar por consultas com seus médicos, ter acesso a plano de saúde, escolher um profissional médico. De outro, teremos uma população ampla, de cerca de 150 milhões de pessoas que vão ser atendidas por estudantes ou médicos estrangeiros sem revalidação do diploma e, também, por outra profissão que não seja o médico", disse o presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná, Alexandre Bley.
"Será que é isso que o povo quer? O povo foi para a rua dizer que quer mais saúde. A medida é falsa, eleitoreira, pois não está colocando médicos onde realmente deveria colocar que é nos postos de trabalho. Não temos condições de trabalho, Não há estrutura, não há carreira para o profissional médico", acrescentou.
Paro o presidente do Sindicato dos Médicos no Paraná, Murilo Schafer, não faltam médicos no Brasil, falta estrutura. "O governo fala em 2,5 médicos por mil habitantes, essa é a meta do governo. Aqui em Curitiba temos 5 médicos para cada mil e mesmo assim faltam médicos em diversos locais, porque não tem estrutura, não tem garantia para o profissional trabalhar", disse, defendendo que apenas com uma carreira de Estado se conseguirá fixar o médico no SUS e resolver o problema da falta de profissionais no exterior.
| Infográfico: Revalidação do diploma médico | |
O sindicalista também adiantou as medidas que a entidade tomará contra as propostas governamentais. "O Mais Médicos define o pagamento por bolsa. Isso é um absurdo. As leis trabalhistas têm que ser respeitadas. Os sindicatos vão entrar com ação exigindo o vínculo trabalhista de todos os médicos que, por ventura, vierem a atuar neste programa", disse.
Os médicos manterão a greve até a noite de quarta-feira, quando se reúnem em assembleia para deliberar os rumos do movimento. "A ideia é que retomemos o atendimento normal, mas mantenhamos o estado de greve para o mês de agosto, quando, com a volta do recesso do Congresso Nacional, tanto os vetos como a Medida Provisória do Mais Médicos serão apreciados por nossos parlamentares. Manteremos a pressão para a derrubada de ambos", disse o presidente da Associação Médica do Paraná, João Carlos Baracho.
Greve dos médicos
A mobilização em Curitiba faz parte da greve geral dos médicos marcada para hoje e amanhã em todos o País como forma de protestar contra o programa Mais Médicos, do governo federal, que prevê a contratação de profissionais formados no exterior sem passar pela revalidação dos diplomas. Os profissionais ainda são contra a ampliação do curso de medicina para oito anos, com um período de trabalho obrigatório no Sistema Único de Saúde (SUS), e cobram a derrubada dos vetos à lei do Ato Médico - que regulamenta as atividades dos profissionais.
