Em alta nas redes, trend 'mostre a todos o quão alto você é' tem erros de matemática; você sabe quais são?

Brincadeira envolve mostrar a altura de uma pessoa dentro de um gráfico e comparar com outras; entenda as falhas de matemática na trend

19 set 2025 - 04h59
(atualizado em 13/10/2025 às 15h47)
Resumo
A trend "Mostre a todos o quão alto você é" viralizou nas redes, mas apresenta erros matemáticos ao usar gráficos com eixos descontinuados e escalas distorcidas, comprometendo a representação proporcional das alturas.
Trend 'mostre a todos o quão alto você é' tem erros de matemática
Trend 'mostre a todos o quão alto você é' tem erros de matemática
Foto: Reprodução/Instagram/@timebrasil

A trend "Mostre a todos o quão alto você é" viralizou nas redes sociais nos últimos dias e até o Comitê Olímpico do Brasil entrou na brincadeira. A trend envolve mostrar a altura de uma pessoa dentro de um gráfico em que o eixo y (vertical) marca os centímetros e, depois, comparar com outros indivíduos. O COB, por exemplo, fez publicações da altura de atletas como Caio Bonfim, Lucarelli e Rebeca Andrade. 

Embora seja divertida e apenas uma brincadeira, claro, a trend tem erros de matemática, que não podem passar despercebidos, especialmente para estudantes que se preparam para enfrentar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e outros vestibulares. Vai que cai na prova...

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Segundo Victor Pompeo, professor de Matemática do Curso Anglo, a trend da altura distorce a realidade. Ele explica que, em matemática, as proporções são montadas com grandezas absolutas, ou seja, que são medidas a partir do zero.

"Quando você coloca aquele gráfico em que o eixo vertical começa no 1,40, primeiro que você cria uma distorção visual, porque as pessoas esperam ler gráficos que começam do zero", afirma Pompeo.

"Se não há nenhuma indicação ali no eixo de que existe uma ruptura das medidas, de que o gráfico é descontinuado, de que ele não começa onde deveria ser o seu início, você cria um viés na leitura do gráfico, e uma pessoa que não está atenta ali com a escala, ela vai fazer uma leitura equivocada", acrescenta.

Vamos a um exemplo: imagine que você esteja representando uma pessoa que tem 1,50 m de altura. Ao colocá-la dentro do gráfico, a leitura da altura dessa pessoa vai ser de 1,40 m até 1,50 m. "Vai parecer que ela tem 10 cm de altura", diz o professor.

Se representar ao lado dela uma pessoa que tem 1,60 m, por exemplo, essa vai parecer que tem 20 cm de altura. "A pessoa de 1,60 m, pela leitura que a gente vai fazer ali no gráfico vai parecer que ela tem o dobro da altura da pessoa que tem 1,50 m, quando, na verdade, esse acréscimo de 10 cm reais corresponde a só 10 de um total de 1,50 que dá quase 7% de aumento. Então, de 7% de aumento, você fazer uma leitura que parece que aumenta de 100% é uma diferença muito grande", detalha o especialista.

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Afinal, como deveria ser?

Para não ter esse erro de proporção, Pompeo destaca dois fatores que precisam ser considerados:

  • O eixo vertical deveria começar do zero. "A gente faz as medidas de proporção a partir do zero. Então, se o gráfico fosse representado corretamente, aí a gente não teria esse erro induzido no cálculo da proporção", afirma.
  • Para deixar a pessoa mais alta, a trend amplia a imagem inteira, inclusive na largura. No entanto, como o aumento da altura foi calculado utilizando como referência os 1,40 m, esse passa a ser outro elemento que compromete o resultado. Nota-se, nas imagens, que a diferença dos tamanhos das pessoas é exagerada em relação à diferença real.
  • "Se o gráfico começasse do zero, quando você fizesse essa proporção tanto da largura quanto da altura, teríamos uma representação correta da pessoa. Quando a gente aumenta, espera que não espiche a pessoa só na direção da altura ou só na direção da largura para que ela fique com medidas que sejam razoáveis. A gente precisa crescer as duas ao mesmo tempo, proporcionalmente. Mas para isso, precisa que as medidas comecem do zero", explica o especialista.

    Fonte: Portal Terra
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