Renan Calheiros deixa liderança do PMDB no Senado

28 jun 2017 - 20h17
(atualizado em 29/6/2017 às 12h20)

Em pé de guerra com governo, parlamentar renuncia ao posto de líder da bancada e diz buscar independência no exercício do mandato. Em discurso, nega ter "vocação para marionete" e acusa Temer de adotar "postura covarde".O senador Renan Calheiros renunciou nesta quarta-feira (28/06) ao posto de líder do PMDB no Senado, alegando divergências com o partido. A decisão foi anunciada no plenário da Casa.

Segundo avaliação do parlamentar, sua permanência na função se tornou insustentável diante dos desgastes em sua relação com o governo do presidente Michel Temer. Ex-presidente do Senado, Renan tem adotado uma postura contrária à gestão do peemedebista e sua agenda de reformas.

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"Deixo a liderança do PMDB. Não tenho vocação para marionete e não serei líder de papel", afirmou o senador, acusando o governo de "perseguir" os parlamentares que não "rezam a cartilha governamental". "Estou me libertando de uma âncora pesada e injusta", acrescentou.

Renan também justificou que decidiu deixar o posto, que assumiu no início deste ano, para poder se posicionar de forma mais independente contra as medidas governistas que condena. "Me afasto da liderança para expressar meu pensamento e exercer minha função com total independência", afirmou.

Em discurso que durou cerca de 15 minutos, o peemedebista voltou a lançar críticas diretas ao presidente e ao Palácio do Planalto. "Não detesto Michel Temer. Não é verdade o que dizem. O que não tolero é sua postura covarde diante do desmonte da consolidação do trabalho."

Renan condenou especificamente as reformas da previdência e trabalhista, essa última em votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. "É verdade que o Brasil precisa atualizar a legislação trabalhista e previdenciária. Mas deve se afastar de reformas sem critérios que atendem apenas ao sistema financeiro e parte do empresariado, ampliando desigualdades e sofrimentos."

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O senador ainda acusou o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso no âmbito da Operação Lava Jato, de seguir mantendo "total influência" sobre o governo. Segundo Renan, Cunha tem poder inclusive para nomear ministros e dar ordens da prisão, "apequenando o presidente".

De acordo com a imprensa brasileira, a decisão de deixar a liderança do PMDB foi tomada pelo senador na manhã desta quarta-feira, depois de uma série de conversas com parlamentares do partido.

Na véspera, Renan se reuniu com o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), quando disse a ele que "perdeu o ambiente" para liderar a legenda. Para Eunício, a atitude do líder de pedir para sair em nome da "unificação da bancada" demonstra "grandeza".

O PMDB deve definir o novo líder do partido no Senado ainda nesta quarta-feira. Segundo previsões da imprensa brasileira, o mais cotado para assumir o posto seria o senador Garibaldi Alves (RN).

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EK/abr/ots

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