Relator recomenda arquivamento de processo contra Kim Kataguiri

Parecer aponta que declarações do deputado estão protegidas pela imunidade parlamentar; PSOL alega discriminação e pede punição

22 out 2025 - 19h08
(atualizado às 19h48)
Resumo
Relator recomenda arquivamento do processo contra Kim Kataguiri no Conselho de Ética, alegando imunidade parlamentar, após acusações do PSOL de discriminação contra deputada Célia Xakriabá.
Kim Kataguiri, anuncia desistência das eleições
Kim Kataguiri, anuncia desistência das eleições
Foto: Taba Benedicto/ Estadao / Estadão

O deputado Rodrigo da Zaeli (PL-MT), relator do processo que envolve Kim Kataguiri (União Brasil-SP) no Conselho de Ética da Câmara, apresentou nesta quarta-feira, 22, um parecer favorável ao arquivamento da representação protocolada pelo PSOL. O partido acusa Kataguiri de quebra de decoro parlamentar por declarações feitas à deputada Célia Xakriabá (PSOL-MG) durante a votação do projeto de licenciamento ambiental, ocorrida em julho.

Zaeli argumentou que as manifestações do parlamentar estão protegidas pela imunidade material garantida aos membros do Congresso. Para o relator, as falas não configuram infração ética.

Publicidade

“A imunidade material mostra-se necessária para que o parlamentar possa emitir suas opiniões desafogadamente, sem que o atormente o receio de ser punido por isso. É imprescindível para o cumprimento de sua missão constitucional”, afirmou o relator.

O episódio que deu origem à denúncia aconteceu na madrugada do dia 17 de julho, durante a discussão do chamado “PL da Devastação”. Na ocasião, Kataguiri ironizou o cocar utilizado por Célia Xakriabá — símbolo tradicional do povo Fulni-ô — ao comentar que “tem gente que gosta de fazer cosplay”. A deputada havia se referido a ele momentos antes como “deputado estrangeiro” e “reborn”, criticando a postura do colega em relação aos povos indígenas no debate.

A declaração de Kataguiri gerou reação imediata de Célia, que o acusou de violência política de gênero e raça. O PSOL formalizou a queixa junto ao Conselho de Ética, alegando que o comportamento do deputado foi “discriminatório e misógino” e pediu que fosse aplicada uma punição proporcional à gravidade do caso.

Durante sua defesa, Kataguiri afirmou ter reagido para preservar sua reputação após ser alvo de ofensas pessoais.

Publicidade

“Eu não tenho nenhuma vergonha de defender a honra do meu nome e da minha família. Sou brasileiro como qualquer deputado e sempre vou rechaçar ataques baixos como o que foi feito por essa parlamentar.”

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), aliado de Célia, contestou o argumento da defesa e defendeu a continuidade da apuração. “Os ânimos se acirraram em decorrência de uma fala do deputado Kim, que ele defende como justa e correta, mas eu vejo que há uma ilação de injúria em relação aos povos indígenas”, disse.

O parecer de Zaeli será analisado pelos membros do colegiado na próxima semana. Se aprovado, o processo será encerrado. Caso haja pedido de vista ou apresentação de voto divergente, o tema retornará à pauta em data posterior.

Mais cedo, o Conselho de Ética também decidiu arquivar outra representação — a que pedia a cassação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), acusado de ter atuado, nos Estados Unidos, em favor de sanções contra autoridades brasileiras.

Fonte: Portal Terra
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se