Recife enfrenta um dos maiores desafios sociais do Brasil: a desigualdade. Em 2025, aproximadamente 147 mil famílias da capital pernambucana dependem do Bolsa Família em Recife como principal fonte de renda, o que representa cerca de 23% do total dos lares da cidade, segundo dados recentes baseados no Censo 2022 do IBGE. Isso significa que quase 1 em cada 4 famílias recifenses conta com o auxílio do programa, um dos maiores percentuais entre as capitais brasileiras.
Com cerca de 644 mil famílias residentes, Recife lidera em Pernambuco no número absoluto de beneficiários do Bolsa Família. Este cenário evidencia a dimensão da vulnerabilidade social na cidade, onde 36,2% da população vive abaixo da linha da pobreza, ganhando menos de R$ 635 por mês. Além disso, 6,7% da população encontra-se em situação de extrema pobreza, vivendo com renda inferior a R$ 199 mensais.
A importância do Bolsa Família em Recife é inquestionável. Sem o programa, estima-se que mais da metade da população da cidade, 56,6%, estaria abaixo da linha da pobreza, e 21,4% enfrentaria extrema pobreza. Ainda assim, a dependência massiva ao programa revela a insuficiência do benefício para superar os ciclos de pobreza e desigualdade históricos que persistem na capital.
Outro indicador preocupante é o Índice de Gini, que mede a desigualdade social: Recife aparece em 6º lugar entre as capitais brasileiras mais desiguais, com índice de 0,556 em 2022. Sem os programas sociais, esse número subiria para 0,592, o que colocaria a cidade entre as três mais desiguais do país. Além disso, mais da metade dos domicílios recifenses não possuem coleta adequada de esgoto, reflexo da negligência das áreas periféricas da metrópole.
A classe média tem encolhido e os benefícios do crescimento econômico não se refletem de forma igualitária, reforçando a concentração desfavorável de renda.
O Bolsa Família em Recife é, portanto, um suporte fundamental para milhares de famílias. Contudo, o programa não resolve os problemas estruturais da cidade, que envolvem saúde pública precária, infraestrutura deteriorada e mobilidade urbana deficiente. A desigualdade permanece latente, evidenciada pela disparidade entre os bairros nobres, que contam com serviços de qualidade, e as áreas periféricas, que lutam por condições básicas dignas.
Especialistas afirmam que para reduzir a dependência do Bolsa Família em Recife, é necessário ampliar investimentos em educação pública, habitação, saúde e transporte, a fim de criar oportunidades reais de ascensão social e romper com os ciclos da pobreza histórica.
Em suma, o Bolsa Família em Recife segue sendo um programa vital para amenizar as desigualdades, mas a capital pernambucana precisa de políticas públicas mais abrangentes e estruturais para transformar esse cenário e garantir qualidade de vida para todas as suas famílias.