Recife e o Bolsa Família: quase 25% das famílias dependem do benefício federal

Outro indicador preocupante é o Índice de Gini, que mede a desigualdade social: Recife aparece em 6º lugar entre as capitais brasileiras mais desiguais, com índice de 0,556 em 2022.

8 set 2025 - 18h33

Recife enfrenta um dos maiores desafios sociais do Brasil: a desigualdade. Em 2025, aproximadamente 147 mil famílias da capital pernambucana dependem do Bolsa Família em Recife como principal fonte de renda, o que representa cerca de 23% do total dos lares da cidade, segundo dados recentes baseados no Censo 2022 do IBGE. Isso significa que quase 1 em cada 4 famílias recifenses conta com o auxílio do programa, um dos maiores percentuais entre as capitais brasileiras.

Bolsa Família
Bolsa Família
Foto: Divulgação / Portal de Prefeitura

Com cerca de 644 mil famílias residentes, Recife lidera em Pernambuco no número absoluto de beneficiários do Bolsa Família. Este cenário evidencia a dimensão da vulnerabilidade social na cidade, onde 36,2% da população vive abaixo da linha da pobreza, ganhando menos de R$ 635 por mês. Além disso, 6,7% da população encontra-se em situação de extrema pobreza, vivendo com renda inferior a R$ 199 mensais.

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A importância do Bolsa Família em Recife é inquestionável. Sem o programa, estima-se que mais da metade da população da cidade, 56,6%, estaria abaixo da linha da pobreza, e 21,4% enfrentaria extrema pobreza. Ainda assim, a dependência massiva ao programa revela a insuficiência do benefício para superar os ciclos de pobreza e desigualdade históricos que persistem na capital.

Outro indicador preocupante é o Índice de Gini, que mede a desigualdade social: Recife aparece em 6º lugar entre as capitais brasileiras mais desiguais, com índice de 0,556 em 2022. Sem os programas sociais, esse número subiria para 0,592, o que colocaria a cidade entre as três mais desiguais do país. Além disso, mais da metade dos domicílios recifenses não possuem coleta adequada de esgoto, reflexo da negligência das áreas periféricas da metrópole.

A classe média tem encolhido e os benefícios do crescimento econômico não se refletem de forma igualitária, reforçando a concentração desfavorável de renda.

O Bolsa Família em Recife é, portanto, um suporte fundamental para milhares de famílias. Contudo, o programa não resolve os problemas estruturais da cidade, que envolvem saúde pública precária, infraestrutura deteriorada e mobilidade urbana deficiente. A desigualdade permanece latente, evidenciada pela disparidade entre os bairros nobres, que contam com serviços de qualidade, e as áreas periféricas, que lutam por condições básicas dignas.

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Especialistas afirmam que para reduzir a dependência do Bolsa Família em Recife, é necessário ampliar investimentos em educação pública, habitação, saúde e transporte, a fim de criar oportunidades reais de ascensão social e romper com os ciclos da pobreza histórica.

Em suma, o Bolsa Família em Recife segue sendo um programa vital para amenizar as desigualdades, mas a capital pernambucana precisa de políticas públicas mais abrangentes e estruturais para transformar esse cenário e garantir qualidade de vida para todas as suas famílias.

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