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'Plebiscito para quê? O povo já disse o que quer', diz ministra do STJ

Eliana Calmon criticou duramente PEC 37, que limita o poder de investigação do Ministério Público. "É um horror", disse

25 jun 2013 - 12h48
(atualizado às 18h55)
<p>Dilma Rousseff anunciou cinco pactos para melhoria do serviço público</p>
Dilma Rousseff anunciou cinco pactos para melhoria do serviço público
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / ABr

A ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon se disse contrária à sugestão da presidente Dilma Rousseff em fazer um plebiscito para discutir a reforma política. "Plebiscito para quê? O povo já disse o que quer. Quer uma reforma política. O plebiscito está aí nas ruas", disse aos jornalistas depois de discursar no primeiro Simpósio Internacional de Segurança Cidadã, na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Questionada sobre o valor constitucional do plebiscito, que vem sido contestada pela oposição, a ministra declarou ainda não ter estudado a fundo o assunto, mas reafirmou sua posição contrária a medida. "Não importa se é constitucional. Importa se vai ter resultado."

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Calmon fez severas críticas ao governo atual. "Como cidadã não posso dizer que não estou inconformada", disse a ministra, segundo a qual as medidas podem ser uma maneira de esconder a realidade. "Isso é um resultado para adiarmos o problema? Essa é a pergunta que fica", questionou.

Sobre a PEC 37, a ministra definiu como "um horror". Para ela, a medida que busca limitar o poder de investigação do Ministério Público é uma maneira de "calar o MP em um momento que ele faz várias investigações contra os crimes de colarinho branco". Durante o discurso, a ministra explicou claramente o assunto. "Porque o MP investiga? Para fazer provas em ações que são investigadas pela lei da improbidade administrativa, e é justamente isso que eles não querem", acusou.

E foi justamente sobre os crimes de poder que a ministra discursou e foi aplaudida de pé, na Alesp. Para ela, a legislação somente não é suficiente para barrar estes crimes. "Não se combate crime de colarinho branco nem com lei, nem com discurso. O discurso é vazio e as leis são inoperantes em uma sociedade que não tem participação social. Crimes contra o Estado são crimes que não podem ser perdoados, eles são inaceitáveis e intoleráveis", afirmou.

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Para a ministra, deve ser criada "uma grande rede de proteção aos cofres públicos. Tem que ter transparência como forma de desinfetar este espaço", declarou. A ministra demonstrou ainda satisfação com a série de protestos que tomaram as ruas do País há cerca de duas semanas pedindo melhorias em setores como saúde, educação e transporte público e o fim da corrupção. "Esse basta que as ruas estão dando é o sinal de que nem tudo está perdido. Há luz no fim do túnel", disse. No entanto, Eliana Calmon se diz preocupada com os rumos tomados pelos movimentos devido aos "infiltrados" que aumentam os casos de violência.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

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O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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