O que o 8 de Janeiro tem a ver com a Disney? Entenda a piada interna dos ministros do STF

Em fala no julgamento da tentativa de golpe de Estado, Moraes afirmou que depredação de sedes dos Poderes não foi "passeio no parque"

11 set 2025 - 17h03
(atualizado às 17h50)

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a classificar os atos de 8 de janeiro de 2023 como uma “tentativa de golpe de Estado”. Durante o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados, nesta quinta-feira (11), Moraes afirmou que os ataques às sedes dos Três Poderes não foram “um passeio na Disney” nem resultado de “combustão espontânea”, mas sim de uma “organização criminosa” estruturada para romper a ordem democrática.

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A comparação com o parque temático aconteceu em outros momentos do julgamento, tanto pela parte de Moraes quanto pelos ministros Flávio Dino e Cármen Lúcia. A expressão, além de reforçar a gravidade dos acontecimentos e afastar a possibilidade de minimizá-los, é uma alfinetada no ministro Luiz Fux, que votou pela absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro no caso. 

A piada faz referência  a vários memes que circulam nas redes sociais sobre o ministro. Segundo as alusões, Luiz Fux estaria planejando férias na Disney, e, portanto, precisaria de visto para os Estados Unidos - o que faria com que ele estivesse evitando entrar na lista de autoridades sancionadas pelo governo Trump.

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O relator destacou que não se tratou de ações isoladas de manifestantes descoordenados. Segundo Moraes, houve planejamento e uso de órgãos estatais, como o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e parte do Ministério da Defesa, para sustentar a articulação golpista. “Não foram baderneiros ao som de um flautista, mas uma organização criminosa”, reforçou.

Ao comparar a dinâmica com cartéis do narcotráfico, Moraes afirmou que o grupo agia de forma permanente e estava disposto a cometer “crimes indeterminados” para alcançar seu objetivo. O ministro citou a possibilidade de assassinato de ministros do STF, envenenamento do presidente da República ou uso de recursos públicos de forma ilícita, caso fosse necessário, para manter Jair Bolsonaro no poder.

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O julgamento

Cármen Lúcia é a quarta a votar no julgamento. O placar é de 3 a 1 pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Já há maioria para condenar Mauro Cid e Walter Braga Netto por tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.

Os ministros Alexandre de Moraes, relator do caso, e Flávio Dino votaram pela condenação de todos, em todas as imputações da Procuradoria-Geral da República (PGR).

O ministro Luiz Fux divergiu. Em um extenso voto, com críticas duras à denúncia e ao relatório, o magistrado pediu a condenação de Cid e Braga Netto por tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, absolvendo-os das demais acusações.

Fazem parte do grupo dos réus do núcleo central:

  • Jair Bolsonaro, ex-presidente da República
  • Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil;
  • Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa
  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro
Fonte: Redação Terra
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