Dino interrompe voto de Zanin, cita metáfora do boi e revela conversa com ministro

STF formou maioria para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete aliados pela trama golpista

11 set 2025 - 16h56
(atualizado às 18h06)

O ministro Flávio Dino, membro da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), interrompeu o voto do colega, Cristiano Zanin, último a votar na ação da trama golpista, para revelar o conteúdo de uma conversa privada entre os dois, na tarde de quarta-feira, 10, depois do voto do ministro Luiz Fux. Segundo Dino, o tema da conversa foi sobre hermenêutica exótica e a metáfora do boi fatiado.

Publicidade

"[Tive uma conversa com Zanin] sobre a metafora do boi fatiado, que é aquela espécie de falácia, segundo a qual você divide o boi em bifes e pergunta a cada pedaço, você é um boi? E claro que o pedaço nada diz, você diz, pede lá para o pedaço do boi mugir, e o pedaço não muge. E aí a conclusão falseada é de que nunca existiu boi", lembrou em momento de descontração.

Flávio Dino durante julgamento da ação penal da trama golpista
Flávio Dino durante julgamento da ação penal da trama golpista
Foto: Victor Piemonte/STF

Dino lembrou a conversa para citar o conjunto de provas, fatos, documentos que compõem o processo judicial da trama golpista. Dino concluiu afirmando que é preciso aplicar os mesmos critérios de julgamento ao jardineiro e ao dono da casa, em aparente alusão ao fato de Fux ter votado para inocentar Bolsonaro e condenar Mauro Cid. “Você não consegue construir Justiça se a lei não for aplicada de modo isonômico para todos”, conclui o ministro.

A fala de Dino ocorreu depois do STF formar maioria para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sete aliados pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

A decisão foi consolidada com o voto da ministra Cármen Lúcia, que se alinhou aos votos dos ministros Alexandre de Moraes, relator do caso, e Flávio Dino. Até o momento, apenas o ministro Luiz Fux votou pela absolvição do ex-presidente.

Publicidade
Fonte: Redação Terra
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se