O ministro Flávio Dino, membro da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), interrompeu o voto do colega, Cristiano Zanin, último a votar na ação da trama golpista, para revelar o conteúdo de uma conversa privada entre os dois, na tarde de quarta-feira, 10, depois do voto do ministro Luiz Fux. Segundo Dino, o tema da conversa foi sobre hermenêutica exótica e a metáfora do boi fatiado.
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"[Tive uma conversa com Zanin] sobre a metafora do boi fatiado, que é aquela espécie de falácia, segundo a qual você divide o boi em bifes e pergunta a cada pedaço, você é um boi? E claro que o pedaço nada diz, você diz, pede lá para o pedaço do boi mugir, e o pedaço não muge. E aí a conclusão falseada é de que nunca existiu boi", lembrou em momento de descontração.
Dino lembrou a conversa para citar o conjunto de provas, fatos, documentos que compõem o processo judicial da trama golpista. Dino concluiu afirmando que é preciso aplicar os mesmos critérios de julgamento ao jardineiro e ao dono da casa, em aparente alusão ao fato de Fux ter votado para inocentar Bolsonaro e condenar Mauro Cid. “Você não consegue construir Justiça se a lei não for aplicada de modo isonômico para todos”, conclui o ministro.
A fala de Dino ocorreu depois do STF formar maioria para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sete aliados pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
A decisão foi consolidada com o voto da ministra Cármen Lúcia, que se alinhou aos votos dos ministros Alexandre de Moraes, relator do caso, e Flávio Dino. Até o momento, apenas o ministro Luiz Fux votou pela absolvição do ex-presidente.