Metanol em bebidas pode ser sobra de esquema desvendado na operação Carbono Oculto, diz ministro

Segundo Ricardo Lewandowski, organizações criminosas podem estar envolvimdas em casos de envenenamento

7 out 2025 - 17h03
(atualizado às 17h18)
Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, durante coletiva de imprensa nesta terça-feira, 30
Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, durante coletiva de imprensa nesta terça-feira, 30
Foto: Reprodução/CanalGOV

O ministro da Justiça de da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta nesta terça-feira, 7, que a Polícia Federal apura se o metanol encontrado em bebidas pode ter origem em cargas abandonadas após operações contra o crime organizado. Ele diz que nenhuma possibilidade está descartada, inclusive de envolvimento do crime organizado.

De acordo com ele, o material químico teria sido deixado para trás depois da operação Carbono Oculto, voltada a desarticular esquemas de lavagem de dinheiro e adulteração de combustíveis pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). “Essa é uma das linhas de investigação em curso. Há tanques e caminhões com metanol que foram apreendidos ou largados após as operações, e a hipótese é de que parte tenha sido desviada”, afirmou o ministro.

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Lewandowski ressaltou que a apuração ainda é inicial e que nenhuma possibilidade está descartada. “Se o produto veio dessas operações, seguimos um caminho. Caso tenha origem agrícola, a investigação segue outro rumo”, disse. Ele evitou citar nomes de facções criminosas com o PCC e frisou que o termo “crime organizado” não se restringe a grupos de grande notoriedade.

A posição do governo federal difere da avaliação feita por autoridades paulistas. Na segunda-feira, 6, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, declarou que a polícia estadual não identificou relação entre o crime organizado e as contaminações. Segundo Derrite, as evidências apontam para a produção clandestina de bebidas com etanol de baixa qualidade.

Mesmo assim, Lewandowski afirmou que o possível envolvimento de grupos estruturados continua sendo analisado. “Pode haver organizações especializadas apenas em fornecer metanol para adulteração de bebidas. Isso também é crime organizado”, afirmou.

O Ministério da Justiça informou que 15 estabelecimentos foram notificados e outros 15 deverão ser chamados a prestar esclarecimentos sobre a procedência das bebidas comercializadas. O objetivo é rastrear as cadeias de fornecimento e reforçar a fiscalização.

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Após reunião com representantes do setor de bebidas, o ministro anunciou a criação de um grupo informal de acompanhamento das ações de enfrentamento. “Não é um órgão burocrático, mas um espaço de articulação entre governo e empresas para dar transparência às medidas em andamento”, disse.

O Ministério da Saúde contabiliza 17 casos confirmados de intoxicação por metanol e cerca de 200 sob investigação, com duas mortes confirmadas em São Paulo e 12 em análise.

Fonte: Portal Terra
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