Lula diz que Trump dá presente de aniversário a Moraes ao revogar Magnitsky: 'Vitória da democracia'

Presidente afirmou que conversou sobre o assunto com o norte-americano na semana passada

12 dez 2025 - 19h56
(atualizado às 20h25)
Lula defendeu Alexandre de Moraes e comemorou a decisão de Trump
Lula defendeu Alexandre de Moraes e comemorou a decisão de Trump
Foto: Wilton Júnior/Estadão / Estadão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira, 12, que o presidente norte-americano Donald Trump deu um presente de aniversário a Alexandre de Moraes ao revogar a Lei Magnitsky. Segundo Lula, a vitória de Moraes "é a vitória da democracia brasileira".

"Alexandre de Moraes faz 35 (anos) amanhã. E o Trump deu de presente para ele o reconhecimento de que não era justo um presidente de um outro País punir um ministro de uma Suprema Corte brasileira porque estava cumprindo a Constituição brasileira", disse o presidente durante a inauguração do SBT News.

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Segundo Lula, na conversa que ele teve com Trump na semana passada, o norte-americano perguntou sobre o assunto.

"'É bom para você?' Eu falei: 'Não é bom para mim, é bom para o Brasil e é bom para a democracia brasileira. Aqui você não está tratando de amigo para amigo. Você está tratando de nação para nação. E a Suprema Corte para nós é uma coisa muito importante, Trump'", disse.

Lula afirmou, porém, que "ainda falta mais pessoas porque não é possível admitir que um presidente de um país possa punir, com as leis dele, autoridades de outro país que estão exercendo a democracia. portanto".

No mesmo evento, Moraes agradeceu o empenho do presidente nas negociações para a retirada da sanção e afirmou que sempre acreditou que o episódio seria revertido, classificando o recuo como uma vitória institucional do País. "Eu acreditava que a verdade prevaleceria".

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Moraes foi sancionado pelo governo Trump no dia 30 de julho deste ano em um contexto de pressão das autoridades americanas para que ele recuasse no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por liderar uma organização criminosa em uma tentativa de golpe de Estado.

Já Viviane Barci, mulher de Moraes, e a empresa Lex foram incluídos na lista mantida pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros no dia 22 de setembro deste ano, num gesto de retaliação após a Primeira Turma do STF acompanhar o voto de Moraes e condenar Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão, no dia 11 do mesmo mês.

A lei Magnitsky impõe sanções financeiras a estrangeiros acusados de corrupção ou violações graves de direitos humanos. O dispositivo legal à disposição do Departamento de Tesouro dos Estados Unidos nunca havia sido utilizado contra membros do Poder Judiciário. O governo americano ainda não publicou a justificativa para ter retirado o ministro e a sua esposa da lista de sancionados.

Em julho, o Departamento de Tesouro dos Estados Unidos afirmou que "o objetivo final das sanções não é punir, mas promover uma mudança positiva de comportamento".

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A gestão Trump puniu Moraes por considerar que ele promovia uma "caça às bruxas" contra Bolsonaro e seus apoiadores, conforme declarou o próprio presidente dos Estados Unidos. O secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, reproduziu o discurso de Trump ao justificar a punição e afirmou que Bolsonaro foi um dos alvos de Moraes "em sua campanha de censura, detenções arbitrárias que violam direitos humanos e perseguição politica".

A aplicação da Lei Magnitsky pelo governo Trump foi fruto de intensa pressão do deputado federal Eduardo Bolsonaro(PL-RJ), que se mudou para os Estados Unidos em fevereiro deste ano com o objetivo de convencer as autoridades americanas de que o julgamento do seu pai era fruto de perseguição política. O lobby de Eduardo junto à administração Trump contou com o apoio do influenciador Paulo Figueiredo.

O rol de punições a Moraes incluía o bloqueio de bens em seu nome ou que sejam seus, mas que, eventualmente, estivessem sob posse de norte-americanos. Além disso, quaisquer empresas ou entidades ligadas ao ministro ficaram proibidas de operar no país.

A aplicação da Lei Magnitsky também implicava em sanções a instituições financeiras e outras pessoas que "se envolverem em determinadas transações ou atividades" com o ministro. Empresas como bancos e operadoras de cartões de crédito foram proibidas de realizarem qualquer operação que envolvesse Moraes, sob pena de receberem multas milionárias e outras sanções.

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O ministro e outros seis membros do STF seguem impedidos de entrar nos Estados Unidos por determinação de Trump. A suspensão dos vistos das autoridades brasileiras foi a primeira medida do governo americano contra o Judiciário na tentativa de impedir a condenação de Bolsonaro.

O mudança de postura do governo americano em relação a Moraes ocorre após aproximações recentes de Trump e Lula, que, desde o primeiro momento, se colocou contra a aplicação de sanções a magistrados brasileiros.

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