Lula diz que ligou para Trump, mas Secom avisa que ele 'se confundiu'

Presidente brasileiro chegou a falar que defendeu a paz na América do Sul e, segundo sua assessoria, se referia a conversa com Trump na semana passada

11 dez 2025 - 18h06

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira, 11, que tinha conversado no dia anterior com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O petista não citou a crise dos EUA com a Venezuela, mas chegou a afirmar que teria manifestado a Trump que quer manter a América do Sul como uma zona de paz.

Após o discurso do presidente numa solenidade em Belo Horizonte, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República informou que Lula se confundiu e estava se referindo a conversa que teve com Trump na semana anterior. Ou seja, não houve uma nova ligação telefônica entre os dois.

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O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva disse que teve conversa com Trump sobre paz na América do Sul
O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva disse que teve conversa com Trump sobre paz na América do Sul
Foto: Wilton Junior / Estadão / Estadão

Durante discurso numa solenidade em Belo Horizonte, Lula disse "as coisas vão dar tudo certo" e que disse a Trump que é preciso "utilizar a palavra como convencimento".

"Quando eu conversava com ele (Trump), e ele falou muito comigo, eu falei: 'Trump, nós não queremos guerra na América Latina. Nós somos uma zona de paz'. (Ele falou:) 'Mas eu tenho mais armas, eu tenho mais navios, eu tenho mais bomba'. Eu falei: 'Cara, eu acredito mais no poder da palavra do que no poder da arma. Vamos tentar utilizar a palavra como instrumento de convencimento, de persuasão para a gente fazer as coisas certas. Vamos acreditar que a palavra é, diplomaticamente, a coisa mais forte que a gente tem para resolver os problemas'. Acho que as coisas vão dar tudo certo", relatou o presidente Lula.

A conversa de Lula e Trump aconteceu na mesma semana em que o presidente conversou com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. A ligação foi revelada pelo O Globo e posteriormente confirmada oficialmente pela Secom ao Estadão/Broadcast.

Foi um diálogo rápido, segundo o governo brasileiro, em que o presidente brasileiro reforçou a defesa da paz na América do Sul e no Caribe.

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O relato de Lula sobre a conversa com Trump foi em discurso durante a abertura da Caravana Federativa em Minas Gerais. O evento foi realizado pela Secretaria de Relações Institucionais da Presidência.

Lula disse, ainda, que "a democracia do mundo não está bem" e que há um movimento de defesa do "unilateralismo" contra o "multilateralismo".

"Nós estamos vivendo um momento muito importante, no Brasil. A democracia do mundo não está bem. O mundo tem pouca liderança mundial. Há uma fragmentação, uma destruição da democracia. Há uma tentativa de colocar fim ao multilateralismo, que foi o que sustentou a paz no mundo desde a segunda guerra mundial, pelo multilateralismo. O multilateralismo que o presidente Trump deseja é que aquele mais forte determine o que os outros vão fazer. É sempre a lei do mais forte", declarou.

Lula também relembrou a tensão iniciado com os Estados Unidos por conta da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Segundo o presidente, uma parte da elite brasileira ficou com medo das consequências da taxação.

Lula também disse que quer ter uma boa relação com os Estados Unidos, já que a nação é a mais rica e poderosa do mundo. Porém, ele voltou a dizer que quer ser respeitado pela Casa Branca.

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"Quando o presidente Trump tomou as decisões que tomou, vocês não têm noção do medo de uma parte da elite brasileira. Eu quero ter uma boa relação com os Estados Unidos, é o país mais rico do mundo, é o país mais poderoso do mundo, do ponto de vista tecnológico, do ponto de vista de arma, do ponto de vista de ciência e tecnologia. Eu não quero brigar com os Estados Unidos, mas quero que eles me respeitem", afirmou Lula.

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