O deputado estadual Leonardo Siqueira, líder do Novo na Assembleia Legislativa de São Paulo, protocolou representação no Tribunal de Contas da União (TCU) contra a entrada do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, no Conselho de Administração da Tupy. A indicação de Múcio foi feita pelo BNDESpar, empresa de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESpar).
No documento, Siqueira pede ao TCU uma análise sobre possíveis conflitos de interesse "gerados pela nomeação política e pela interferência do governo federal nas decisões corporativas da Tupy S.A".
O BNDESPar detém 30,7% do capital social da Tupy, multinacional que é líder na produção de componentes para motores à indústria automotiva, sendo o maior acionista da companhia, seguido pela Previ (27%).
No caso da indicação de Múcio para o Conselho de Administração da Tupy, o BNDESpar alegou que se trata de um profissional com "larga, exitosa e reconhecida" experiência de gestão.
"Engenheiro civil de formação, Múcio já foi ministro e presidente do TCU, deputado federal por cinco mandatos, além de prefeito de Rio Formoso e secretário de Planejamento do Recife. Portanto, cumpre todos os requisitos e possui excelente qualificação para desempenhar a função em questão", destacou a empresa.
Em conversa reservada com amigos, porém, o ministro da Defesa disse que não pediu essa indicação e foi surpreendido ao saber da escolha de seu nome.
O Estadão mostrou, em 2023, que o governo Lula também indicou outros três ministros para o Conselho Fiscal da empresa.
Anielle Franco (Igualdade Racial), Carlos Lupi (então ministro da Previdência) e Vinícius Marques de Carvalho (Controladoria Geral da União) ocuparam assentos no conselho da Tupy de 2023 até o início deste ano. À época, cada um deles poderia receber até R$ 36,1 mil por mês.
O caso chegou a passar por análise da Comissão de Ética Pública da Presidência da República. Os três deixaram a função em maio.
"A atuação de membros do governo em conselhos de empresas privadas, com participação estatal, exige escrutínio rigoroso para garantir que não haja favorecimento político ou compromissos com interesses privados em detrimento do interesse público", afirmou o deputado Leonardo Siqueira, líder do Novo.
Múcio substituirá o funcionário de carreira do BNDES Marcio Bernardo Spata, que renunciou ao posto de conselheiro.