José Dirceu diz que não subestima Michelle Bolsonaro como candidata à Presidência em 2026

Ex-ministro petista se diz convicto da reeleição de Lula daqui a dois anos e afirma que um ciclo de governo de 12 anos à esquerda é 'viável' e 'possível'

26 jan 2024 - 10h01
(atualizado às 11h17)
A ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro, faria parte de grupo que incitava Jair Bolsonaro a dar um golpe de estado
A ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro, faria parte de grupo que incitava Jair Bolsonaro a dar um golpe de estado
Foto: Dida Sampaio/Estadão / Estadão

Ex-ministro da Casa Civil no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), José Dirceu afirma que, na eleição de 2026, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) pode ser uma candidata à Presidência competitiva. Ele argumenta que, apesar de inelegível, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda pode transferir capital eleitoral aos candidatos.

"Eu não subestimaria a Michelle como candidata", disse Dirceu em entrevista à CNN nesta quinta-feira, 25. "O Bolsonaro tem uma natureza de uma força, o Bolsonaro elegeu senadores, o Tarcísio foi eleito em São Paulo."

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Apesar de reconhecer a competitividade de um candidato bolsonarista na próxima eleição presidencial, o petista reitera o favoritismo do atual presidente. "Em 2026, nós vamos reeleger o Lula", disse Dirceu, um dos fundadores do PT, que diz estar de volta à cena política. "Vou passar a falar publicamente agora. Vou participar do debate público a partir deste ano."

Michelle Bolsonaro já é cotada pelo PL para disputar a cadeira do senador Sérgio Moro (União Brasil-PR), que tem possibilidade de ficar vaga. O ex-juiz pode ter o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) e, se confirmada a saída dele do cargo, uma eleição suplementar para senador terá que ser realizada. O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou, no entanto, que Michelle não está interessada na eleição ao Senado.

Dirceu projeta a disputa em 2026

Jair Bolsonaro está inelegível até 2030 e Michelle é uma aposta do PL para suceder ao marido como principal liderança à direita do País. Outros partidos também estão se mobilizando para construir seus respectivos projetos. À CNN, Dirceu ponderou esse fator. "Precisa ver quais partidos vão com Bolsonaro. Será que o PL, o PP, o PSD, o União Brasil vão junto? É muito improvável que isso aconteça. Então, também não é tão simples", analisou.

Para o petista, governadores como Ratinho Jr. (PSD), do Paraná, e Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, estão no páreo. Outros nomes, como Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Tarcísio de Freitas (Republicanos), em São Paulo, precisam construir viabilidade. A disputa, resume Dirceu, ainda "não está muito definida".

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"Estou vendo o PSD falando no Ratinho Jr., o nosso Caiado, nosso vizinho, o Tarcísio pode ou não ser candidato, por enquanto o Zema eu não sei se ele consegue viabilizar uma candidatura. Eu vejo que, por enquanto, não está muito definido isso", afirmou.

Resistência ao papel de Janja

Na entrevista, Dirceu foi questionado quanto aos personagens políticos que desempenham o papel de conselheiros do presidente Lula. Nos primeiros anos da gestão petista, entre 2003 e 2005, o próprio José Dirceu foi um dos principais nomes com essa atribuição.

"O presidente está bem assessorado", disse Dirceu, referindo-se a Rui Costa, ministro da Casa Civil, Jacques Wagner, líder do Governo no Senado, Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT e deputada federal pelo Paraná, e Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais.

Na análise, Dirceu disse que Rosângela da Silva, a Janja, não só pode como deve desempenhar o papel de conselheira informal, e que a resistência ao seu desempenho se deve, em certa medida, ao machismo. "Por que o presidente pode ter amigos que são conselheiros dele, influentes, como vocês mesmos reconhecem, e ela não pode ser uma conselheira influente do presidente? É machismo? É preconceito? Eu não vejo nenhum problema nisso."

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A influência de Janja sobre Lula tem motivado ataques de opositores e preocupação no governo desde o início deste mandato do petista. Uma das críticas recorrentes é de que ela extrapola os limites da atuação de uma primeira-dama, uma vez que não foi eleita, e tenta influenciar em decisões que caberiam a políticos eleitos.

Em entrevista na terça-feira, 23, o presidente Lula afirmou que a primeira-dama é uma espécie de farol para ele, que o guia e chama a sua atenção quando há "coisa errada". Lula disse ainda que os posicionamentos da primeira-dama "obviamente" o ajudam no trabalho na Presidência.

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