Dois nomes de investigados pela CPI da Covid aparecem em inquérito da PF sobre fraudes no INSS

Danilo Trento e Maurício Camisotti estariam envolvidos na compra superfaturada de vacinas contra a covid e nas fraudes aos aposentados

13 mai 2025 - 10h25
(atualizado às 10h45)
Resumo
Danilo Trento e Maurício Camisotti, investigados pela CPI da Covid por envolvimento em esquemas com a Precisa Medicamentos, também são apontados em inquérito da PF como participantes de fraudes no INSS, que causaram prejuízos de R$ 6,3 bilhões.
Da esquerda para direita: os empresários Maurício Camisotti e Danilo Trento
Da esquerda para direita: os empresários Maurício Camisotti e Danilo Trento
Foto: Montagem: Reprodução e Marcos Oliveira/Agência Senado

Uma coincidência chamou atenção dos senadores envolvidos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid: nomes de dois empresários citados na CPI também estão no inquérito da Polícia Federal sobre as fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). São eles: Danilo Trento e Maurício Camisotti.

Ao Terra, o senador Omar Aziz (PSD-AM), que presidiu a CPI da Covid em 2021, detalhou ao que os nomes dos dois estão vinculados. A CPI investigava a denúncia de que o Ministério da Saúde estaria negociando 20 milhões de doses da vacina Covaxin, feita pelo laboratório indiano Bharat Biotech, de forma superfaturada. 

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Com relação a Maurício Camisotti, ele foi apontado como um financiador oculto da Precisa Medicamentos, empresa que representou a Bharat Biotech nas negociações. Ele teria transferido R$ 18 milhões à empresa, segundo um relatório do Conselho de Administração Financeira (Coaf).

Já no caso do INSS, Camisotti aparece novamente como um "sócio oculto", dessa vez da Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec). Camisotti é descrito como 'figura central' no esquema de fraudes, tendo, em 2021, assinado um acordo de cooperação técnica com o INSS que permitia o desconto automático de mensalidades diretamente na folha de pagamento dos beneficiários.

"Camisotti teria usado familiares como laranjas em diversas empresas para receber e lavar dinheiro. A mulher, o filho, dois primos, um sobrinho e o cunhado dele são investigados. Os três últimos presidentes da associação têm parentesco com o empresário,' diz o senador.

Voltando à CPI da Covid, aos senadores, Danilo Trento confirmou ser diretor institucional da Precisa Medicamentos. Ele foi indiciado por fraude em contrato, formação de organização criminosa e improbidade administrativa. 

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"Danilo Trento teria viajado com o diretor da Precisa Medicamentos à Índia para negociar testes e vacinas. Diversas empresas dele e de Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, teriam feito transferências entre si, apontando possível esquema de lavagem de dinheiro", afirma Aziz.

No inquérito sobre as fraudes no INSS é citado que o empresário Danilo Trento foi visto por imagens de câmaras de segurança sendo 'escoltado' por áreas restritas do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, ao lado do ex-procurador-geral do instituto, Virgílio de Oliveira Filho. Segundo as investigações, ele teria atuado junto ao ex-procurador no esquema das fraudes.

O Terra não conseguiu contato com as defesas de Danilo Trento e Maurício Camisotti, o espaço permanece aberto para manifestações.

O esquema de fraudes no INSS

A operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23 de abril, contra um esquema de fraudes em descontos irregulares em aposentadorias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) mostrou que entre 2019 e 2024 integrantes do instituto e associações desviaram até R$ 6,3 bilhões em recursos de aposentados e pensionistas por meio da folha de pagamento.

As vítimas da fraude tiveram descontos não autorizados em seus benefícios. Documentos da Polícia Federal (PF), da Controladoria Geral da União (CGU) e do Ministério Público Federal (MPF) apontam que o esquema de descontos indevidos envolveu pagamento de propina a servidores, uso de associações de fachada e lobistas.

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Os investigadores analisaram transações financeiras das entidades e também de dirigentes para mapear o possível rastro dos valores desviados.  Segundo a PF, ex-diretores e pessoas relacionadas a eles receberam, ao todo, mais de R$ 17 milhões em transferências de indivíduos apontados como intermediários das associações.

Fonte: Redação Terra
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