COLUNA | Bombardeio de Trump no Irã pode sacudir a política mundial e nos colocar em uma nova era de conflitos

As reações ao redor do mundo e dentro dos próprios Estados Unidos, até o momento, são mistas

22 jun 2025 - 17h16

Nos últimos dias, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que "em duas semanas decidiria se atacaria o Irã". Pois bem: ninguém precisou esperar todo esse tempo, pois, na noite deste sábado (21), aviões militares norte-americanos lançaram mísseis nas instalações nucleares de Fordow, Natanz e Esfahan. Ainda não há informações precisas sobre os danos causados, mas, tratando-se de pontos estratégicos para o refinamento de material radioativo, é possível presumir que o Irã levará muito tempo para se reerguer e continuar com seu programa nuclear, tanto civil quanto militar.

Foto: Reprodução / Porto Alegre 24 horas

Após o ataque, Trump se manifestou pelas redes sociais e também fez um pronunciamento na televisão. Na internet, escreveu: "Todos os aviões estão fora do espaço aéreo iraniano. Todos os aviões estão em segurança a caminho de casa. Parabéns aos nossos grandes guerreiros americanos. Não há outro exército no mundo que pudesse ter feito isso. AGORA É A HORA DA PAZ! Agradecemos a sua atenção a este assunto." Já na TV, justificou o ataque como "necessário para a paz mundial, para que o país deixe de ser uma ameaça nuclear e de terror". Além disso, talvez o mais importante: Trump anunciou que os Estados Unidos entraram em guerra contra o Irã.

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Até o momento, não havia certeza do envolvimento norte-americano no conflito entre Israel e Irã, mas, desde o início, suspeitava-se de alguma ligação, principalmente em relação às armas utilizadas para destruir as instalações nucleares. Isso porque os principais laboratórios iranianos ficam no subsolo, o que exige mísseis perfuradores de bunkers, armamento que Israel não possui, mas os Estados Unidos sim. Portanto, existia essa dúvida, agora definitivamente sanada.

O governo do Irã afirmou neste domingo (22) que os Estados Unidos deram início a uma "guerra perigosa". Em comunicado divulgado pela agência Tasnim e repercutido pela CNN, o Ministério das Relações Exteriores iraniano responsabilizou totalmente Washington pelas consequências do ataque, que chamou de "crime grave". A emissora estatal iraniana alertou que qualquer cidadão americano na região pode ser alvo de represálias. Horas após a ofensiva dos Estados Unidos, o Irã lançou mísseis contra três áreas de Israel, incluindo Tel Aviv, deixando pelo menos 23 feridos, segundo autoridades locais.

As reações ao redor do mundo e dentro dos próprios Estados Unidos, até o momento, são mistas. O que se entende é que, por mais que ninguém desejasse uma escalada no conflito, o risco de o governo dos aiatolás no Irã obter armas nucleares parecia grande demais para ser ignorado. Recentemente, o chanceler alemão Friedrich Merz declarou que "Israel faz o serviço sujo por todos", o que traduz bem o sentimento de diversos países. Ou seja, alguém acabaria entrando em conflito com o Irã cedo ou tarde, e Israel, até o momento, parecia mais a "bucha de canhão" nessa história. Agora, com o envolvimento direto dos Estados Unidos, as consequências são imprevisíveis. Porém, é de se imaginar que os maiores riscos, neste momento, estejam concentrados no Oriente Médio, sendo difícil que ultrapassem aquelas fronteiras.

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