O ex-presidente Jair Bolsonaro tentou danificar sua tornozeleira eletrônica com calor, ação considerada tentativa de fuga; ele foi preso preventivamente e levado à sede da Polícia Federal.
Por volta da 0h08 deste sábado, 22, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PT) tentou danificar a tornozeleira eletrônica usada por ele, por meio de um instrumento de calor. A informação foi divulgada pelo telejornal SBT News.
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A ação foi prontamente verificada por sistema de monitoramento eletrônico. Era 1h24, quando o Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, se manifestou a favor da prisão preventiva de Bolsonaro. Às 2h, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) emitiu o mandado, que encaminharia o ex-presidente à Superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília.
Os juristas consultados pela coluna de Raquel Landim, do jornal O Estado de S. Paulo, foram unânimes ao explicar que a violação de Bolsonaro se tratava de uma tentativa de fuga.
Para Moraes, o ato “constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho”. A manifestação em questão refere-se à vigília anunciada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), prevista para começar às 19h deste sábado, em frente ao condomínio do pai.
O ministro frisou que o condomínio de Bolsonaro em Brasília fica a cerca de 13 km da Embaixada dos Estados Unidos, um possível local de fuga temporária. “Rememoro que o réu, conforme apurado nestes autos, planejou, durante a investigação que posteriormente resultou na sua condenação, a fuga para a embaixada da Argentina, por meio de solicitação de asilo político àquele país”, escreveu.
O ex-presidente, que já estava em prisão domiciliar, foi levado à sede da PF. Ele ficará em uma sala de Estado, espaço reservado para figuras do alto escalão da política. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente Michel Temer também ficaram detidos em salas da Polícia Federal.
O que diz a defesa de Bolsonaro?
Em nota, a defesa afirmou que a prisão preventiva "pode colocar sua vida em risco" por causa de seu estado de saúde e disseram que irão apresentar recurso contra a decisão. Os advogados dizem que "causa profunda perplexidade" a motivação da prisão por causa da convocação de uma vigília de orações na casa do ex-presidente.
Eles também rebateram a suspeita de risco de fuga citada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e afirmam que ele estava sendo monitorado por policiais e foi detido com sua tornozeleira eletrônica. Leia a nota na íntegra ao fim desta matéria.
Veja o comunicado na íntegra:
"A prisão preventiva do ex-Presidente Jair Bolsonaro, decretada na manhã de hoje, causa profunda perplexidade, principalmente porque, conforme demonstra a cronologia dos fatos (representação feita em 21/11), está calcada em uma vigília de orações. A Constituição de 1988, com acerto, garante o direito de reunião a todos, em especial para garantir a liberdade religiosa. Apesar de afirmar a “existência de gravíssimos indícios da eventual fuga”, o fato é que o ex-Presidente foi preso em sua casa, com tornozeleira eletrônica e sendo vigiado pelas autoridades policiais. Além disso, o estado de saúde de Jair Bolsonaro é delicado e sua prisão pode colocar sua vida em risco. A defesa vai apresentar o recurso cabível."