Bolsonaro fala em "namoro" com Progressistas para 2022

Após negativa do PRTB, presidente relata negociações com Ciro Nogueira

20 mai 2021 - 15h36
(atualizado às 16h20)
Presidente Jair Bolsonaro em Brasília
Presidente Jair Bolsonaro em Brasília
Foto: Adriano Machado / Reuters

Em busca de um partido para disputar a reeleição, o presidente Jair Bolsonaro anunciou, nesta quinta-feira, 20, que está "namorando" com o Progressistas. Durante a inauguração de uma ponte ligando o Piauí ao Maranhão, o presidente disse ter sido convidado pelo presidente da legenda, senador Ciro Nogueira (PI), para se filiar e que não pretende "se fazer de difícil".

"Fui do PP (sigla pela qual o Progressistas também é chamado) por muito tempo. Ele não está apaixonado por mim, mas está me namorando, quer que eu retorne ao partido Progressistas. Quem sabe, se ele souber conversar, for bom de papo, quem sabe a gente volte. Não estou me fazendo de difícil, é um grande partido", declarou.

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Bolsonaro já foi filiado ao PP em dois períodos, em 2005 e 2016. Ele deixou a legenda porque não via espaço para concorrer à Presidência. Após ser eleito pelo PSL, ele se desfiliou em 2019 e desde então está sem partido. Em março, Bolsonaro disse que estava de "namoro" com uma sigla que colocaria em suas mãos toda a estrutura partidária, sem revelar a agremiação.

Desde que percebeu as dificuldades para a formação do Aliança para o Brasil, partido em construção por seus aliados e para o qual migraria, o presidente tem conversado com várias siglas em busca de estrutura para concorrer à reeleição em 2022.

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Foto: Fepesil / Futura Press

O chefe do Executivo já fez negociações com o PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro), com o Democracia Cristã e com o Patriotas.

A última movimentação se deu com os herdeiros de Levy Fidelix, ex-presidente do PRTB, mesmo partido do vice-presidente, Hamilton Mourão. Bolsonaro já manifestou o desejo de ter total controle sobre a estrutura partidária, com influência em todos os Estados, mas familiares de Fidelix, morto recentemente em decorrência de complicações da covid-19, não concordaram com as demandas, o que interrompeu as negociações.

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Entre os principais "finalistas" dessa corrida para abrigar Bolsonaro, o Progressistas está entre as siglas com maior estrutura partidária.

Isolamento

O presidente aproveitou a entrega da ponte sobre o Rio Parnaíba para atacar quem defende o isolamento social contra a pandemia do coronavírus. Segundo ele, os "imbecis engravatados" que mandaram "ficar em casa" destruíram milhões de empregos.

Sem fazer alusão direta à CPI da Covid, que investiga omissões de seu governo na condução da crise sanitária, Bolsonaro disse que manter os empregos é mais importante que medidas preventivas, como higiene e distanciamento social.

Antes e durante o evento, o presidente não usou máscara e causou aglomerações. "Quando apareceu aquele vírus, aqueles imbecis engravatados diziam: 'vão ficar em casa todo mundo, a economia fica para depois'. Não é assim, grande parte dos brasileiros vive na informalidade, não têm carteira assinada. Foram esquecidos por estes que mandaram fechar o comércio e destruíram milhões de empregos."

Ele disse que cumpriu sua obrigação de buscar soluções. "Fizemos o possível. De auxílio emergencial, ofertamos a 65 milhões de pessoas, mais do que os oito anos do primeiro governo do PT somado com a meia dúzia daquela senhora", falou, referindo-se aos governos petistas dos ex-presidentes Luis Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

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"Estamos tendo problemas com desemprego, sim, querem botar na minha conta também. A conta é de quem fechou tudo sem qualquer responsabilidade, sem qualquer comprovação científica, apenas para provar que estava preocupado com a vida de vocês. Obviamente nós defendemos as medidas, distanciamento e higiene, mas o emprego é tão ou mais importante."

Em plena CPI, mas sem abandonar o clima de campanha, o presidente fez agrados aos senadores do Piauí e do Maranhão que estavam no evento e disse que Câmara e Senado não podem estar dissociados do presidente da República. "Um depende do outro e assim nós construímos as políticas para todo o Brasil. Não tem radicalismo, nós temos uma determinação, vamos fazer tudo o que for possível para o nosso Brasil. É muito bom quando você vê um parlamento em sua maioria ombreado com o presidente para que o Brasil comece a andar de fato", afirmou Bolsonaro.

Ainda no trajeto entre Brasília e o local do evento, o presidente causou aglomeração durante a troca de aeronave no aeroporto de Palmas, no Tocantins. Apesar de não constar na agenda oficial, apoiadores reuniram um grupo de pessoas, muitas vestindo verde e amarelo, no interior do aeroporto. Sem máscara, Bolsonaro se dirigiu até a grade metálica, enfeitada com bandeiras do Brasil, e apertou as mãos dos apoiadores.

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Em Santa Filomena, no Piauí, Bolsonaro chegou acompanhado pelos ministros da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas; das Comunicações, Fabio Faria, e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, além do presidente da Caixa, Pedro Guimarães. Também fazia parte da comitiva o filho do presidente, Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro.

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"Disseram que minha votação foi pequena por aqui, mas eu não era conhecido também. Comecei a andar pelo Brasil quando, em setembro, aconteceu uma tentativa de assassinato por um ex-filiado do PSOL, que é satélite do PT, que é irmão gêmeo do PCdoB. Isso aí nós vencemos graças a Deus."

O presidente lembrou que está rodando o Brasil para entregar obras. "Essa obra foi iniciada no nosso governo. A grande maioria das obras que vem de governos anteriores estava abandonada há 30, 40, 50 anos. A água nós estamos trazendo para o nordeste com o ministro Rogério Marinho (do Desenvolvimento Regional). Buscamos a transposição do Rio São Francisco, que não é obra nossa, mas estava há mais de dez anos parada porque a corrupção estava solta. Aquele pessoal fazia transposição é do banco para o próprio bolso e a água ficava para trás", acusou.

Ao lembrar que o Brasil é um país farto de riquezas naturais e minerais, Bolsonaro disse que não se justifica este ser um país pobre em terra rica e que é preciso fazer a "coisa certa" para mudar. "É só ver como está a nossa Venezuela, com povo pacífico, ordeiro, onde eles chegaram com o apoio explícito de um presidente do Brasil, fugindo a pé para o estado de Roraima", afirmou, para, em seguida, lamentar a situação da Argentina. "porque quem chegou lá, chegou prometendo tudo, prometendo o paraíso, como é comum por parte de políticos do Brasil fazer isso. Depois da coisa feita vem a realidade." O atual presidente da Argentina, Alberto Fernandes, é associado a pautas de esquerda.

Ataque

Sem citar o nome do ex-presidente Lula, provável concorrente de Bolsonaro nas eleições de 2022, o presidente o atacou: "Um bandido aí que não tem um dedo falou há pouco que ia dar auxílio emergencial de 600 reais para todo mundo. Por que não fez lá atrás com o bolsa-família? Hoje em dia a média do bolsa-família é 190 reais. Estamos trabalhando para que suba porque sabemos que houve inflação, que aumentou os preços. Mas isso passa pela não destruição do emprego, pelo não fechamento do comércio, pela coragem de decidir ao lado da realidade".

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Bolsonaro esteve no Piauí para a entrega de uma ponte sobre o Rio Parnaíba, na BR-235. A obra liga o município de Alto Parnaíba, no Maranhão, a Santa Filomena, no Piauí. A construção foi iniciada em 219 e custou cerca de 60 milhões. Segundo o governo federal, a ponte de 185 metros ajudará a escoar a produção agrícola da região conhecida como Matopiba, formada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, pela ferrovia Norte-Sul. Segundo o ministro Tarcísio, a obra foi entregue antes do prazo e dará economia direta aos produtores, que pagavam R$ 257 por caminhão para fazer a travessia de balsa.

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