Rio: médica nega responsabilidade em morte da menina Joanna

6 dez 2010 - 19h39
(atualizado às 19h52)
Gabriel Macieira
Direto do Rio de Janeiro

A médica Sarita Fernandes Pereira, acusada por homicídio doloso (com intenção de matar) pela morte da menina Joanna Cardoso Marcenal Marins, 5 anos, ocorrida em 13 de agosto deste ano, prestou depoimento nesta segunda-feira no 3º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro. A médica negou que tivesse culpa na contratação do falso médico que teria dado alta à menina mesmo ela estando desacordada.

O estudante Alex Sandro da Cunha Souza foi denunciado pelo atendimento da criança sem acompanhamento profissional no Hospital Rio Mar, na zona oeste da capital fluminense. Segundo a investigação, ele teria sido orientado em contato telefônico por Sarita, que negou todas as acusações no depoimento.

Publicidade

A médica culpou o hospital por negligência e afirmou que apenas entrevistou o jovem para o emprego de médico. Segundo ela, a secretaria do hospital que providenciou a documentação dele e deveria checar o seu registro. Ela também negou que tivesse orientado o universitário, que está foragido, a sair do País após a denúncia. Sarita está presa em Bangu 7.

Além da médica, foi ouvido a última testemunha de defesa, o médico André Lins de Almeida, que teve seu nome usado pelo estudante para fazer o atendimento da menina. Segundo Lins, o falso médico foi seu estagiário. Ele disse que vai processar o jovem por ter usado o seu registro médico.

A mãe de Joanna, Cristiane Cardozo Ferraz, acompanhou os depoimentos e disse que a médica se contradisse. "Ela não conseguia responder com firmeza as questões que lhe eram feitas. Não conseguia sequer dizer como Joanna teve alta", afirmou. "Ela poderia ter sido a única a salvar a vida da minha filha e não salvou", disse a mãe ao falar que espera que todos os envolvidos na morte paguem pelo crime.

Em outubro, um laudo do Instituto Médico Legal (IML) informou que a causa da morte da criança foi meningite. O Ministério Público denunciou o pai da menina, André Rodrigues Marins, por tortura e homicídio qualificado por meio cruel porque a criança apresentava sinais de agressão.

Publicidade

Entenda o caso

Joanna morreu no início da tarde de 13 de agosto, no Hospital Amiu, em Botafogo, na zona sul, onde estava internada em coma desde o dia 19 de julho. Segundo o hospital, a menina sofreu uma parada cardíaca. Ela foi internada no CTI do hospital da zona sul com um edema cerebral, hematomas nas pernas e sinais de queimaduras nas nádegas e no tórax. Um laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que a causa da morte foi meningite. O pai, que estava com a guarda da criança, foi preso acusado de tortura e homicídio qualificado por meio cruel e pode ir a júri popular, juntamente com a madrasta de Joanna.

Na investigação da morte, a polícia descobriu que a menina havia sido atendida em outro hospital, o Rio Mar, na zona oeste, onde um falso médico, um estudante do 5º período de Medicina, deu alta a ela quando ainda estava desacordada.

Em depoimento, o estudante afirmou que havia sido contratado por Sarita Pereira, que teria uma clínica que prestava serviços ao Rio Mar. Souza afirmou que a mulher forneceu a documentação e o carimbo com nome e a inscrição no Conselho Regional de Medicina (CRM) de um médico para que ele usasse nos atendimentos. Ele teve a prisão decretada e está foragido.

Fonte: Especial para Terra
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações