Problemas em ações da polícia são de execução, diz Beltrame

10 nov 2009 - 15h38
(atualizado às 16h57)

O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou nesta terça-feira que a polícia fluminense encontra problemas na execução das operações policiais. O comentário foi feito pelo secretário depois de ser perguntado sobre o grande número de mortes causadas pela polícia no Estado.

"Muitas vezes a gente não atua no Complexo do Alemão (uma das favelas mais importantes para o tráfico no Rio), porque a gente tem compromisso e responsabilidade com a população. A gente não pode fazer simplesmente uma operação para dar uma satisfação para quem quer que seja. A gente trabalha com planejamento, com investigação, com inteligência policial. Nosso problema se dá normalmente nas execuções das operações e não na informação da inteligência", disse o secretário.

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Segundo Beltrame, o enfrentamento ao tráfico de drogas no Rio de Janeiro é difícil e complexo. Ele afirmou que as quadrilhas que vendem entorpecentes no Estado usam armas de calibre restrito, possuem uma ideologia de facção e têm como característica o controle de territórios (em geral favelas).

"O que temos aqui é diferente do que se tem em qualquer outro lugar. E a polícia tem que enfrentar essas situações e vai continuar enfrentando. Agora, que fique bem claro: o enfrentamento se dá a esse grupo e a essas pessoas que têm essa característica. É complexo, é difícil, mas não vamos ficar sem atuar. Nós vamos em frente", disse Beltrame.

Desde janeiro de 2007, 3.272 pessoas foram mortas pela polícia em supostos confrontos com a polícia (os chamados autos de resistência) no Rio. E, entre janeiro de 2007 e junho deste ano, 41 pessoas morreram vítimas de balas perdidas (em ações policiais ou não) no Estado.

Em outubro deste ano, duas pessoas inocentes morreram em ações policiais no Rio de Janeiro, baleadas em meio a troca de tiros entre criminosos e a polícia. Severino Marcelino dos Santos foi atingido na cabeça durante operação na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, no dia 23 de outubro. Na mesma ação, pelos menos quatro pessoas ficaram feridas com balas perdidas.

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Dois dias depois, Ana Cristina do Nascimento, que estava com um bebê de 11 meses no colo, foi atingida por um tiro e morreu na Favela Kelsons, também na zona norte. O bebê foi ferido no braço. Testemunhas afirmaram que houve troca de tiros entre policiais e criminosos da favela.

Em visita ao morro Dona Marta, onde acompanhou a alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Navanethem Pillay, o secretário falou ainda sobre os baixos salários pagos aos policiais do Rio e de outros Estados brasileiros. "O policial no Brasil tem que ser melhor pago. Essa é uma questão e também nesse aspecto vem a nossa ação junto ao governo federal para que ele possa contribuir com isso, de certa forma, e ajudar a, no mínimo, minimizar esse problema", disse.

Agência Brasil
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