Perito diz que Thor Batista não teria ultrapassado 100 km/h

20 mar 2012 - 14h57
(atualizado às 15h09)
Mauricio Tonetto

O engenheiro e perito criminal Clovis Santos Xerxenevsky, que trabalha há 14 anos na elucidação de acidentes de trânsito, disse ao Terra que Thor Batista, 20 anos, filho do empresário Eike Batista, não teria ultrapassado os 100 km/h ao atropelar e matar o ciclista Wanderson Pereira dos Santos, 30 anos, na noite de sábado na rodovia Washington Luis, no Rio de Janeiro. Ele analisou as imagens do carro de Thor para chegar à conclusão. O limite da via é de 110 km/h no local da colisão.

Wanderson foi enterrado na tarde de domingo no cemitério de Xerém, no Rio
Wanderson foi enterrado na tarde de domingo no cemitério de Xerém, no Rio
Foto: Giuliander Carpes / Terra

"Pelas fotos do veiculo, podemos estimar que a velocidade do mesmo estaria entre 90 km/h e 100km/h, pois se fosse superior o corpo da vítima, no primeiro impacto contra o parachoque, subiria e passaria sem atingir o parabrisa devido à projeção do corpo e à inclinação do parabrisa", explicou Xerxenevsky.

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De acordo com o especialista, nesse tipo de acidente, os depoimentos das testemunhas têm relevância secundária. "O mais importante é analisar a dinâmica do acidente, com todos os elementos do sítio da ocorrência. No caso do Thor, o exame do veículo deve ser minucioso, pois poderá indicar como a vítima foi atingida e em que sentido ela se dirigia. A bicicleta também necessita uma análise apurada, o que poderá dar informações e orientações importantes a respeito de como ocorreu o atropelamento", salientou.

O relato de Thor Batista, fracionado em diversas postagens no microblog Twitter, dá conta de que ele conduzia sua Mercedes SLR Mclaren dentro dos limites de velocidade estabelecidos naquele trecho da rodovia Washington Luís, vindo "na faixa esquerda com muito cuidado, sem ao menos dialogar com o meu carona", quando "repentinamente um ciclista atravessou do acostamento do lado direito até o meio da faixa da esquerda, onde trafegam veículos".

"As marcas de freio comprovam que eu estava na faixa esquerda", sustentou. O relato causou indignação à família de Wanderson, cujo advogado, Kleber Carvalho, nega que o ciclista tenha atravessado a rodovia.

Eike admite excesso de multas do filho

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O empresário admitiu que Thor Batista tem diversas multas por excesso de velocidade. De acordo com reportagem do Jornal Nacional, Eike Batista disse que o filho recebeu 11 multas nos últimos 18 meses - correspondentes a 51 pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). No entanto, duas infrações, que somam 11 pontos, ainda podem ser revistas. Das outras nove, que totalizam 40 pontos, não é possível recurso.

O empresário garantiu, no entanto, que o filho não estava em alta velocidade no momento do acidente - o limite para o local, na altura de Xerém, em Duque de Caxias (RJ), é de 110 km/h. "Atire a primeira pedra o motorista que nunca tomou uma multa por excesso de velocidade", disse ele em entrevista para a colunista Mônica Bergamo, em matéria publicada nesta terça-feira no jornal Folha de S. Paulo.

Segundo Eike, a maioria das multas anotadas na carteira de Thor ocorreu em São Paulo. Na opinião do empresário, os limites de velocidade no Estado são menores que no Rio de Janeiro e as vias possuem maior fiscalização. Ele disse que não se pode confundir as coisas e desconfiar que Thor transitava em alta velocidade apenas por ter levado multas por este tipo de infração. A perícia realizada pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli, que deve responder à questão, será finalizada em aproximadamente dez dias.

Polícia abre inquérito

A Polícia Civil do Rio de Janeiro instaurou, na 61º DP (Xerém), uma investigação para apurar o crime de homicídio culposo (quando não há intenção de matar), contra Thor Batista. Segundo a diretora do Departamento Geral de Polícia da Baixada (DGPB), Tércia Amoedo, todos os procedimentos necessários foram realizados. A perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) foi chamada e os peritos analisaram e fotografaram o local do acidente e o veículo do empresário.

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Em seguida, o automóvel foi liberado e removido para o pátio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), onde foi retirado pela família. De acordo com Amoedo, caso seja necessário, o delegado Hilton Hilton Pinho Alonso, responsável pelas investigações, poderá solicitar novas perícias.

Fonte: Terra
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