Menino de 10 anos liga para o 190 e, seguindo orientações de um policial, salva sua mãe durante uma crise convulsiva em Santos, contando ainda com a ajuda de uma vizinha até a chegada da ambulância. Após o susto, eles visitaram o Batalhão da PM para agradecer ao agente.
Um menino de 10 anos salvou a vida da mãe durante uma crise convulsiva em Santos, no litoral de São Paulo. O garoto, Samuel Lara Dias, ligou para o 190, da Polícia Militar (PM) e conseguiu pedir ajuda ao policial, seguindo as orientações em meio ao desespero. A mãe do menino, Patrícia Lara Dias, estava desacordada durante o atendimento.
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A PM divulgou o áudio da ligação feita pelo garoto nesta sexta-feira, 7. Na gravação, é possível ouvir que a mãe ainda está consciente, e orienta o menino a falar seu nome, mas Patrícia desmaiou depois. A mulher relatou, em entrevista à TV Tribuna, que sentiu um formigamento no corpo e dor no peito, e que o coração estava com batimentos irregulares.
Samuel estava dormindo quando a mãe apareceu no quarto dele para pedir ajuda, e se deitou na cama, com uma piora dos sintomas. Foi quando o garoto ligou para o 190, perceptivelmente nervoso com a situação e preocupado com a mãe.
Ao ligar para a polícia, o menino disse que a mãe estava desmaiando, e foi orientado pelo policial. Veja o diálogo a seguir:
— Polícia Militar, emergência.
— (Mãe falando) Fala seu nome…
— Meu nome é Samuel. Eu tô aqui do lado da minha mãe, e o coração dela está batendo estranho.
— Não entendi.
— O coração dela está batendo estranho
— Quem está batendo na sua mãe?
— O coração dela…
— Qual idade você está?
— 10 anos. Tô ao lado da minha mãe e o coração dela tá batendo estranho.
— Qual endereço?
— Eu não sei, embaixo tem um estacionamento.
— Tua mãe tá acordada?
— Ela tá desmaiada. Mãe!
O policial pergunta ao menino qual é o endereço, mas a criança não sabe explicar. Com calma, o agente orienta Samuel a buscar ajuda da portaria pelo interfone.
— Tem porteiro?
— Tem.
— Avisa o porteiro que uma ambulância vai chegar para encaminhar pro teu apartamento
— Mas eu não sei avisar.
— Quantos anos você tem?
— Eu tenho 10.
— Sua mãe tá respirando?
— Tá.
— Lentamente ou rapidamente?
— Tá parando. Mãe, acorda!
— Ó, fica comigo na linha. Vai até o interfone.
— (choro)
— Não chora, vai até o interfone. Vê se tem a tecla portaria. Toca no apartamento do zelador ou de alguém aí. Vê se alguém vai te atender. Ninguém está atendendo?
— Não. (choro)
— Eu estou pedindo ajuda para você aí. Sua mãe está acordada? Balança o ombro dela. Chama o nome dela. O coração dela está batendo? Estou pedindo apoio para você.
— Você não consegue me dizer o nome do prédio onde você mora?
Sem resposta da portaria, o menino começou a bater nas portas de vizinhos do condomínio, sendo orientado pelo policial. Uma mulher abriu a porta e tomou o controle da situação, até a chegada da ambulância, que levou sete minutos para chegar ao endereço.
— Bate na porta de um vizinho, vai pedir ajuda. Fala que você está com a polícia na linha e quer confirmar o endereço. Deixa eu falar com um adulto.
— Eu tô com o policial.
— Oi, eu sou a vizinha. Ele veio bater aqui na minha porta.
— Senhora, por favor, ele não sabe o endereço. Qual o endereço?
A mulher passa o endereço ao policial.
— Deixa eu te perguntar. Fala pra mim o estado da vítima.
— Ela tá tremendo, tá tremendo inteira na cama.
— Olha pra ela, olha pra ela. Pergunta… Ela tá respirando? Verifica se ela tá respirando.
— Tá. Ela tá respirando, ela parou de tremer um pouco. Ela para e volta, para e volta.
— Ela tá tendo uma crise convulsiva.
Após o susto, a mãe e o filho foram até o Batalhão da PM em Santos para agradecer pessoalmente o policial que fez o atendimento por telefone. Emocionada, Patrícia disse que estava com “dois heróis”, o filho e o agente. Samuel também se emocionou e agradeceu ao policial, e foi elogiado pela coragem diante da situação.