Médico suspeito de produzir Mounjaro ilegalmente tem mais de 700 mil seguidores nas redes sociais

Gabriel Almeida, dono do consultório Núcleo GA foi alvo da Operação Slim, da Polícia Federal

27 nov 2025 - 15h01
(atualizado às 17h53)
Resumo
O médico Gabriel Almeida, dono da clínica Núcleo GA, é investigado pela Operação Slim da Polícia Federal por suspeita de envolvimento na fabricação ilegal de medicamentos com tirzepatida, enquanto sua defesa nega as acusações e afirma que sua atuação é apenas científica e acadêmica.
Imagens do consultório Núcleo GA, do médico Gabriel Almeida
Imagens do consultório Núcleo GA, do médico Gabriel Almeida
Foto: Reprodução/Redes sociais

O médico Gabriel Almeida, dono do consultório Núcleo GA, em São Paulo, foi alvo da Operação Slim, da Polícia Federal (PF), nesta quinta-feira, 27. Ele é suspeito de envolvimento em uma quadrilha que fabrica ilegalmente o medicamento com princípio ativo a tirzepatida, conhecido como Mounjaro, usado no tratamento de diabetes e obesidade. 

Almeida é nascido da Bahia, e tem consultórios no bairro Jardim Europa, em São Paulo, capital, Salvador (BA), em Feira de Santana (BA) e Petrolina (PE). Nas redes sociais, o advogado Gamil Föppel, que faz a defesa do médico, afirmou que Gabriel não fabrica, não manipula e não rotula qualquer espécie de medicamento.

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Imagens do consultório Núcleo GA, do médico Gabriel Almeida
Foto: Reprodução/Redes sociais

Além de ser médico, Almeida é palestrante e escritor, tendo publicado uma série de livros sobre emagrecimento nos últimos anos. Nas redes sociais, ele acumula mais de 700 mil seguidores.

Almeida ficou conhecido ao desembolsar R$ 450 mil para arrematar uma partida de pôquer com o jogador Neymar Jr, em junho de 2024. Depois de três meses, protagonizou uma discussão com o nutricionista Daniel Cady, marido de Ivete Sangalo, nas redes sociais.

Nas redes sociais, Gabriel Almeida compartilha publicações sobre o Mounjaro
Foto: Reprodução/Redes sociais

Na ocasião, Almeida disse que Cady “precisava estudar” antes de falar sobre o uso de remédios como Mounjaro e Ozempic para emagrecer. O marido de Ivete havia chamado atenção para os efeitos colaterais desses medicamentos, e defendeu estratégias naturais para a perda de peso.

O médico rebateu comentários dizendo que a semaglutida, substância ativa do Ozempic, também é aprovada para tratamento de obesidade e sobrepeso.

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Gabriel Almeida é também conhecido por ter pacientes famosos, como a dançarina Lore Improta e o cantor Leo Santana, Lívia Andrade e Scheila Carvalho.

Operação Slim

Produção clandestina de canetas emagrecedoras em escala industrial é alvo da PF
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De acordo com a PF, ele seria o principal responsável pelas clínicas e laboratórios que produziam a tirzepatida sem autorização. A Operação Slim apurou que os suspeitos manipulavam o princípio ativo do Mounjaro sem pagamento de patente e descumprindo regras sanitárias.

O produto era vendido, assim como o tratamento para emagrecimento, nas redes sociais do médico como se fosse uma atividade legalizada. Foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro.

A investigação também apontou que o produto era vendido pela internet, sem qualquer controle de qualidade, esterilidade ou rastreabilidade, representando alto risco para os consumidores.

O que diz a defesa

"A Defesa Técnica do médico Dr. Gabriel Almeida, diante das notícias veiculadas na manhã desta quinta-feira (27) sobre a operação da Polícia Federal, vem a público restabelecer a verdade dos fatos e corrigir premissas equivocadas que têm pautado a cobertura inicial do caso.

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1. O Dr. Gabriel Almeida é médico, escritor e palestrante. Ele não fabrica, não manipula e não rotula qualquer espécie de medicamento. A acusação de que ele seria responsável pela produção de fármacos é fática e tecnicamente impossível, visto que sua atuação profissional se restringe, exclusivamente, à medicina clínica e à docência.

2. A relação do Dr. Gabriel Almeida com a substância Tirzepatida (princípio ativo do Mounjaro) é estritamente científica e acadêmica. Em suas redes sociais, cursos e palestras, o médico exerce sua liberdade de cátedra para analisar, à luz de estudos internacionais, a farmacocinética da substância. O médico não faz propaganda de produtos ilegais; ele promove o debate técnico sobre as diferenças, vantagens e desvantagens entre a medicação de referência e as possibilidades da medicina personalizada (manipulados), sempre pautado na literatura médica vigente. Confundir debate científico com comércio ilegal é um erro grave de interpretação.

3. Em momento algum a Polícia Federal ou o inquérito imputam a prática de “falsificação” ou “adulteração” de medicamentos a quem quer que seja. O objeto da investigação não é a qualidade ou a eficácia da substância, mas sim uma discussão jurídica sobre quebra de patente e direitos de propriedade intelectual do princípio ativo. Ou seja, a investigação em nada se relaciona com a saúde pública, mas tão somente com direitos patrimoniais de um fabricante.

4. A manipulação da Tirzepatida está em conformidade com a Nota Técnica 200/2025/SEI/GIMED/GGFIS/DIRE4/ANVISA e com o art. 43, III, da Lei 9.279/96, atividade perfeitamente autorizada, legal e administrativamente.

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5. O Dr. Gabriel atua como prescritor. Cabe ao médico diagnosticar e indicar o tratamento; cabe ao paciente a livre escolha de onde adquirir sua medicação, e aos órgãos de fiscalização o controle sobre os laboratórios. Tentar responsabilizar o médico prescritor por supostas irregularidades de terceiros (farmácias ou laboratórios) é uma violação da lógica jurídica e da responsabilidade individual.

6. O Dr. Gabriel Almeida recebe com surpresa as medidas cautelares, visto que sua conduta sempre foi pública e transparente. Ele possui endereço fixo, atividade lícita reconhecida e está à inteira disposição da Polícia Federal e da Justiça para prestar todos os esclarecimentos necessários, certo de que, ao final das investigações, sua idoneidade e inocência serão cabalmente comprovadas.

7. Movido pela absoluta certeza de sua inocência e pelo desejo de contribuir com as investigações, o Dr. Gabriel Almeida está adotando postura de total colaboração, realizando a entrega voluntária de seus telefones celulares e computadores à Polícia Federal para perícia técnica.

8. A investigação se limitou a dar cumprimento a um mandado de busca e apreensão, sem qualquer tipo de restrição à liberdade do Dr. Gabriel Almeida.

A defesa lamenta o julgamento midiático antecipado, sem que tivesse sido oportunizado qualquer esclarecimento, e reitera que a medicina praticada pelo Dr. Gabriel Almeida sempre teve como foco absoluto a saúde e o bem-estar de seus pacientes".

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Fonte: Portal Terra
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