Embaixada do Irã atribui denúncia de abuso a 'diferença cultural'

19 abr 2012 - 09h11
(atualizado às 09h18)

A Embaixada do Irã no Brasil reagiu às denúncias de abuso sexual de crianças atribuídas a um diplomata 51 anos que atua em Brasília. Em nota divulgada na quarta-feira, a representação diplomática informou que houve um "mal-entendido" na interpretação dos fatos devido às "diferenças culturais" entre iranianos e brasileiros. Também condenou a imprensa nacional por considerá-la tendenciosa e discriminatória no que se refere ao Irã.

"Essa missão diplomática declara que a acusação levantada contra o diplomata iraniano é exclusivamente um mal-entendido decorrente das diferenças nos comportamentos culturais (entre iranianos e brasileiros)", diz a nota. Não há referência se a embaixada enviou o funcionário de volta para o Irã nem se serão tomadas providências. Desde que as acusações foram feitas, no último dia 14, esta foi a primeira manifestação da embaixada.

"Nesse sentido também expressamos energicamente o nosso protesto e indignação relativo ao tratamento e à maneira como a mídia, geralmente tendenciosa, trata as coisas relativas a alguns países, entre eles o Irã", diz ainda o comunicado. "(A reação da midia brasileira) demonstra nitidamente um comportamento intencional, propositado e imparcial."

O diplomata iraniano é acusado de ter assediado sexualmente crianças e adolescentes de 9 a 14 anos na piscina de um clube da capital federal, localizado em área nobre da cidade. Segundo relato das famílias e dos salva-vidas do clube, o homem acariciou as partes íntimas das crianças quando mergulhava na piscina, no sábado passado. Pais e mães das crianças e adolescentes fizeram um boletim de ocorrência na 1ª Delegacia de Polícia Civil. O diplomata foi ouvido e liberado em seguida.

Hekmatollah Ghorbani atua na embaixada iraniana em Brasília há dois anos. Ele é casado, tem filhos e está no cargo de conselheiro na hierarquia diplomática. A posição de conselheiro é a terceira mais alta da diplomacia, ficando atrás dos cargos de ministro de primeira classe, ou embaixador, e ministro de segunda classe. Segundo a Convenção de Viena, diplomatas só podem ser penalizados no país onde atuam se seu governo de origem retire sua imunidade diplomática. Outra punição pode ser a expulsão da nação onde atua. Neste caso, o diplomata não está isento de punição em seu país natal, segundo a legislação local.

Ontem, o Ministério das Relações Exteriores recebeu informações da Polícia Civil do Distrito Federal sobre as acusações envolvendo o diplomata iraniano e decidiu notificar oficialmente a Embaixada do Irã no Brasil. Parentes das crianças estiveram no Itamaraty para pedir ao governo federal providências em relação ao caso.

Agência Brasil
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