Patriota conversará com ministro britânico sobre detenção de brasileiro

Chanceler diz que aplicação da lei antiterrorismo não é justificável nesse caso

19 ago 2013 - 11h40
(atualizado às 12h56)
Jornalista norte-americano Glenn Greenwald recebe seu companheiro David Miranda no aeroporto internacional do Rio de Janeiro. David Miranda, de 28 anos, foi interrogado por nove horas no aeroporto de Heathrow, no domingo, antes de ser liberado sem acusações. 19/08/2013.
Jornalista norte-americano Glenn Greenwald recebe seu companheiro David Miranda no aeroporto internacional do Rio de Janeiro. David Miranda, de 28 anos, foi interrogado por nove horas no aeroporto de Heathrow, no domingo, antes de ser liberado sem acusações. 19/08/2013.
Foto: Ricardo Moraes / Reuters

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse que vai conversar ainda nesta segunda-feira com o chanceler britânico, William Hague, sobre a detenção do brasileiro David Miranda, por nove horas, no aeroporto de Heathrow, em Londres. Miranda é companheiro do jornalista Glenn Greenwald, do diário inglês The Guardian, que noticiou sobre o esquema de espionagem do governo norte-americano.

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O ministro disse que a detenção do brasileiro por nove horas, com base em uma lei que se aplica a suspeitos de terrorismo, não é justificável. "Espero que não volte a acontecer. Hoje mesmo deverei conversar com o chanceler William Hague, do Reino Unido", disse Patriota. Antes de conversar com a imprensa, o ministro havia criticado "desmandos e desvios" que vêm sendo cometidos em nome do combate ao terrorismo no mundo, durante discurso em cerimônia de homenagem a Sérgio Vieira de Mello, diplomata brasileiro que morreu há dez anos no Iraque, Patriota disse que o combate ao terror deve respeitar o direito internacional.

Segundo o chanceler, há vários exemplos de desmandos cometidos em nome do combate ao terrorismo, entre eles "enquadrar pessoas mesmo sem justificativa alguma para que se haja suspeita de envolvimento com o terrorismo".

"Continuamos a assistir alguns desmandos e desvios nessa questão do combate ao terrorismo. Reconhecemos que é um combate legítimo, que precisa ser articulado de forma a impedir que vidas inocentes sucumbam a atos de violência gratuita, mas também precisa se inspirar nos ideais de multilateralismo, direito internacional e racionalidade", afirmou Patriota.

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Em discurso, o chanceler brasileiro criticou o uso indiscriminado de tecnologias militares, como os veículos aéreos não tripulados, que causam mortes de civis. "A comunidade internacional assiste, com certa surpresa, às vezes, a atividade de veículos não tripulados que estão a serviço do combate ao terrorismo, mas também provocam um número elevadíssimo de vítimas civis inocentes, sem que haja um debate sistemático sobre isso", ressaltou.

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Patriota aproveitou para defender a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, dizendo que a atual composição do conselho não está em "consonância" com a multilateralidade do mundo moderno.

Agência Brasil
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