Na ONU, Bolsonaro ataca líderes e o ambientalismo radical

24 set 2019 - 12h57
(atualizado às 13h13)

Em seu primeiro discurso nas Nações Unidas, presidente diz ser falácia chamar a Amazônia de patrimônio da humanidade e acusa estrangeiros de atacarem a soberania brasileira. Também faz críticas à mídia e ao socialismo.O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (24/09) que é uma "falácia dizer que a Amazônia é um patrimônio da humanidade" e disse que seu governo tem "compromisso solene com a preservação do meio ambiente". Em seu primeiro pronunciamento na ONU como chefe de Estado brasileiro na abertura da 74ª Assembleia Geral da entidade, ele acusou a mídia internacional de propagar mentiras e disse haver um ataque de líderes estrangeiros à soberania brasileira.

Em suas primeiras palavras, o governante destacou que apresenta um "novo país", que no passado recente esteve "à beira do socialismo" e que "trabalha para reconquistar a confiança do mundo". Ele abriu seu discurso com ataques a Cuba e Venezuela, países que chamou de "ditaduras" e lar de "regimes nefastos".

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Bolsonaro ainda criticou a imprensa e mencionou "falácias" proferidas pela mídia e por líderes de outros países, que teriam tratado o assunto referente à Amazônia de "forma desrespeitosa". Ele insistiu que a Amazônia "permanece praticamente intocada", uma prova, segundo ele, de que o Brasil "é um dos países que mais protegem o meio ambiente".

"Questionaram aquilo que nos é mais sagrado, a nossa soberania", afirmou o presidente, após dizer ser um equívoco afirmar que a Amazônia é o pulmão do mundo e patrimônio da humanidade. "Valendo-se dessas falácias, um ou outro país, em vez de ajudar, embarcou nas mentiras da mídia e se portou de forma desrespeitosa e com espírito colonialista".

A afirmação é uma menção ao presidente da França, Emmanuel Macron, com quem Bolsonaro se envolveu numa prolongada troca de farpas, em meio ao desmatamento e às queimadas na Amazônia.

Segundo o presidente brasileiro, enquanto países como Alemanha e França usam 50% de sua área para agricultura, o Brasil usa somente 8%.

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Ele destacou que 14% do território brasileiro está marcado como terra indígena e condenou o que chamou de "ambientalismo radical e indigenismo ultrapassado, que representa o atraso, a marginalização e a total falta de cidadania".

"Nossos nativos são seres humanos, como qualquer um de nós", argumentou, garantindo que não vai "aumentar para 20% sua área já demarcada para terras indígenas, como alguns chefes de Estado gostariam que acontecesse".

Ele afirmou também que "a visão de um líder indígena não representa a de todos os índios brasileiros", criticando o cacique Raoni - um dos principais críticos à política ambiental do governo e que visitou a Europa recentemente - como "ferramenta de manobra" de "interesses de governos estrangeiros sobre a Amazônia".

Segundo o presidente, "os que nos atacam não estão preocupados com o ser humano índio, mas sim com as riquezas minerais e a biodiversidade existentes nessas áreas". "A ONU teve papel fundamental na superação do colonialismo e não pode aceitar que essa mentalidade regresse a estas salas e corredores, sob qualquer pretexto", acrescentou.

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Tradicionalmente, desde 1949 cabe ao presidente do Brasil fazer o discurso de abertura, seguido do presidente dos Estados Unidos.

Bolsonaro foi o oitavo presidente brasileiro a abrir os debates. O primeiro chefe de Estado brasileiro a falar no encontro foi João Figueiredo. Desde então, somente Itamar Franco não chegou a discursar na Assembleia Geral da ONU.

Pelas redes sociais, o presidente disse antes do discurso que sua fala seria "a oportunidade de apresentar ao mundo o Brasil que estamos construindo". Antes, ele havia adiantado que seu pronunciamento abordaria temas como patriotismo e soberania, com intuito de mostrar as ações do governo brasileiro para preservar o meio ambiente.

O presidente chegou a Nova York na tarde de segunda-feira, acompanhado de comitiva integrada, entre outros, por ministros, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro - que deve participar de um evento do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) -, e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), um dos cinco filhos do presidente. O retorno dele ao Brasil está previsto para esta terça-feira.

MD/ebc/afp

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