Flávio Bolsonaro corteja o mercado, ainda sem um nome forte na economia para chamar de seu

17 dez 2025 - 08h09

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) tem se movimentado para tentar superar o ceticismo inicial de investidores em relação à sua candidatura presidencial em 2026, impulsionada por seu pai a partir da prisão, mas ainda pode levar meses até que apresente uma agenda concreta e seu nome forte na economia para tocá-la, disseram pessoas familiarizadas com os planos.

Após um almoço na última quinta-feira no escritório do UBS em São Paulo, no qual participantes questionaram a seriedade de sua investida eleitoral, o senador se reúne nesta semana com bancos, fundos de investimento, líderes empresariais e um podcast voltado ao mercado, disseram duas fontes à Reuters.

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Uma pessoa a par dos planos afirmou que ele dificilmente definirá um programa econômico antes de fevereiro. Até lá, pretende manter uma agenda intensa de reuniões com o setor privado e viagens internacionais, incluindo uma visita aos Estados Unidos.

O objetivo, segundo as fontes, é apresentar a candidatura como crível a um segmento que ajudou a levar seu pai, Jair Bolsonaro, ao Palácio do Planalto em 2018. O ex-presidente, que cumpre pena por envolvimento em uma trama golpista após sua derrota eleitoral de 2022, indicou neste mês o filho mais velho para disputar o cargo máximo do país em 2026.

A decisão foi mal recebida pelo mercado, com imediata queda do dólar e da bolsa. Muitos investidores apostavam que Bolsonaro apoiaria um candidato com passagem pelo Executivo, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, seu ex-ministro, para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no próximo ano.

Lula aparece atualmente com vantagem de 10 pontos percentuais sobre ambos os potenciais adversários em cenários simulados de segundo turno, segundo pesquisa de intenção de voto divulgada na terça-feira pelo instituto Quaest.

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Flávio Bolsonaro elevou o grau de ceticismo com sua candidatura nos dias seguintes ao dizer que poderia retirá-la "por um preço", enquanto aliados pressionavam no Congresso para reduzir a pena de seu pai. Desde então, o senador prometeu que a permanência na disputa é para valer, comprometendo-se a elaborar uma agenda amigável ao mercado como o "Bolsonaro mais centrado" da família.

Diferentemente do pai, que durante a campanha de 2018 delegava questões econômicas ao economista liberal com PhD pela Universidade de Chicago Paulo Guedes, mais tarde seu ministro da Economia, o senador ainda não indicou um nome para coordenar suas propostas.

No almoço no UBS, Flávio Bolsonaro disse que sua agenda espelhará as políticas pró-mercado do pai, com privatizações, redução de impostos e disciplina fiscal, segundo participantes. Eles afirmaram que o senador sugeriu que sua política econômica poderia ser liderada por alguém como Guedes, o ex-presidente do Banco Central Roberto Campos Neto ou o ex-presidente do BNDES Gustavo Montezano.

Guedes e Campos Neto até o momento não foram convidados a assumir um papel na nascente campanha do senador, nem demonstraram interesse, segundo pessoas familiarizadas com seus planos.

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Guedes tem dito a interlocutores que reluta em voltar à linha de frente da política diante da forte polarização no país. Campos Neto tornou-se vice-chairman do Nubank em julho.

Montezano, hoje presidente-executivo da gestora YvY Capital, esteve no almoço do UBS, mas afirmou por meio de sua assessoria que participou apenas como convidado, a convite dos organizadores.

"O fato é que será alguém que trabalhou com Guedes, ou é próximo, ou tem o mesmo alinhamento de projeto - isso com certeza," disse uma das fontes, acrescentando que ainda é cedo para definir um único nome.

Outras duas fontes disseram que Flávio Bolsonaro procurou recentemente Adolfo Sachsida, que comandou a Secretaria de Política Econômica no ministério de Guedes e depois foi ministro de Minas e Energia.

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A conversa teve foco amplo em apoio político, e não em um papel específico na campanha, disse uma das fontes.

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