O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou sua candidatura á Presidência da República nesta quinta-feira (18) em um artigo publicado pelo jornal francês "Le Monde". Na publicação, o petista explica por qual motivo quer voltar a ser presidente do Brasil, além de relembrar sua trajetória política e voltar a confirmar que é inocente. O texto em versão em português foi divulgado na íntegra no site de Lula.
"Sou candidato a presidente do Brasil, nas eleições de outubro, porque não cometi nenhum crime e porque sei que posso fazer o país retomar o caminho da democracia e do desenvolvimento, em benefício do nosso povo", começa o artigo do ex-presidente.
De acordo com Lula, ele é a aposta ideal para "devolver aos pobres e excluídos sua dignidade, a garantia de seus direitos e a esperança de uma vida melhor".
No texto intitulado "Porque eu quero voltar a ser presidente", Lula ainda se compara com o atual chefe de Estado, Michel Temer.
"Terminei meus mandatos com 87% de aprovação popular. É o que o atual presidente do Brasil, que não foi eleito, tem de rejeição hoje".
Lula foi detido na sede da Polícia Federal (PF), em Curitiba, no dia 7 de abril após ser condenado a 12 anos e um mês de prisão no caso do tríplex do Guarujá.
Para ele, a decisão do juiz Sérgio Moro foi parcial e ignorou a "letra expressa da constituição brasileira", além de ter o objetivo de tentar impedi-lo de disputar as eleições e fazer campanha para o Partido dos Trabalhadores (PT).
"Lidero as pesquisas mesmo depois de ter sido preso em consequência de uma perseguição judicial que vasculhou a minha casa e dos meus filhos, minhas contas pessoais e do Instituto Lula, e não achou nenhuma prova ou crime contra mim", reforça o petista.
Condenado em segunda instância, o ex-presidente está enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Com isso, ele deve ser impedido de disputar a eleição deste ano, mesmo liderando as intenções de voto. "Meus problemas são pequenos perto do que sofre a população brasileira. Para tirarem o PT do poder após as eleições de 2014, não hesitaram em sabotar a economia com decisões irresponsáveis no Congresso Nacional e uma campanha de desmoralização do governo na imprensa", acrescentou. No artigo do jornal francês, Lula ainda ressaltou que "a pobreza tem aumentado, a fome voltou a rondar os lares e as portas das universidades estão voltando a se fechar para os filhos da classe trabalhadora. Os investimentos em pesquisa desabaram".
Segundo o petista, não estava em seus planos se candidatar novamente, "mas diante do desastre que se abate sobre povo brasileiro", sua "candidatura é uma proposta de reencontro do Brasil com o caminho de inclusão social, diálogo democrático, soberania nacional e crescimento econômico, para a construção de um país mais justo e solidário, que volte a ser uma referência no diálogo mundial em favor da paz e da cooperação entre os povos".