Três acidentes em um mês: entenda o que pode estar acontecendo em Boituva

Meteorologista aponta instabilidade atmosférica típica do outono, uma estação de transição entre o verão e o inverno

17 mai 2022 - 14h44
(atualizado às 14h47)
Queda de balão nesta terça, 17, deixou nove pessoas feridas
Queda de balão nesta terça, 17, deixou nove pessoas feridas
Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros

O acidente com um balão em Boituva, no interior paulista, deixou pelo menos sete feridos na manhã desta terça-feira, 17. Informações iniciais indicam que o balão realizou um voo tranquilo, mas pegou ventos de 39km/h na descida, o que desestabilizou o pouso.

Em menos de um mês, este foi o terceiro acidente envolvendo esportes radicais na cidade. Na semana passada, um avião de paraquedismo teve uma pane elétrica e caiu, deixando dois mortos. Antes, no fim de abril, uma paraquedista do Exército se acidentou enquanto tentava fazer uma manobra no ar. Ela sofreu politraumatismo na tentativa de pouso e não resistiu aos ferimentos.

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As ocorrências chamam a atenção e levanta a seguinte questão: afinal, o que está acontecendo com o céu de Boituva?

Na avaliação da meteorologista Maria Clara Sassaki, do Climatempo, o período de instabilidade na atmosfera pode explicar os acidentes. A condição é esperada na época de outono.

"É uma estação de transição, tem características do inverno e também do verão, sendo um período complicado para se fazer previsão e monitorar viradas repentinas de tempo", explica.

Além disso, há em curso um ciclone extratropical que atinge o Sul do Brasil e acaba por deixar a atmosfera do Sudeste instável, sem condições propícias para os esportes radicais na maioria dos dias, até mesmo em dias de céu claro.

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"Isso acaba favorecendo algumas regiões com rajadas de vento de moderada intensidade. Isso acaba prejudicando as questões aéreas", diz a especialista, que reforça a necessidade de medir a velocidade do vento antes de levantar voo.

Defesa Civil

A medição dos ventos geralmente é feita pela empresa responsável pelos equipamentos dos esportes radicais em Boituva, de acordo com o coordenador da Defesa Civil do município, Ivanilson Ferreira Barbosa. Segundo ele, o órgão municipal não dispõe de equipamentos para essa finalidade.

A medição e aviso de risco meteorológico ficam, então, a cargo da Defesa Civil estadual. Na segunda, 16, foi emitido um aviso de frio e vento para as regiões de Sorocaba e Campinas, que inclui Boituva. 

Conforme o alerta, entre terça e sexta-feira, 20, uma intensa massa de ar polar deve avançar sobre São Paulo, provocando queda acentuada da temperatura, com momentos de frio intenso nessas regiões.

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Além disso, entre terça e quarta, 18, uma nova instabilidade no oceano tende a provocar fortes ventanias.

As rajadas de vento serão intensas, com pico no período da tarde de quarta, podendo chegar a 75km/h. Por causa disso, a Defesa Civil recomenda procurar abrigo em local seguro, evitar árvores ou coberturas frágeis e não praticar esportes aquáticos ou influenciados pelo vento, como balonismo e paraquedismo.

Prefeitura lamenta acidentes

Em nota enviada ao Terra, a Prefeitura de Boituva lamentou os recentes acidentes no município. O prefeito Edson Marcusso se manifestou sobre o acidente aéreo que deixou duas pessoas mortas.

"Em 50 anos de história do paraquedismo em Boituva, é o primeiro acidente com uma aeronave do CNP [Centro Nacional de Paraquedismo]. Um dia muito triste para nossa cidade, considerada capital nacional do paraquedismo e do balonismo turístico. Deixo meu profundo sentimento de pesar aos familiares dos dois passageiros", disse.

A administração municipal informou que duas reuniões foram realizadas para discutir o protocolo de atendimento de segurança, a adoção de procedimentos e melhorias na gestão, a estrutura e operação das atividades no Centro Nacional de Paraquedismo (CNP). Na ocasião foram apontadas medidas jurídicas e institucionais para a ampliação do atendimento de emergências. 

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Os encontros debateram ainda a criação de um termo de cooperação das atividades para regulação dos serviços dentro do CNP, para facilitar a fiscalização do local.

Fonte: Redação Terra
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