Advogado de dono da Kiss chama atuação dos bombeiros de 'desastrosa'

Comando da Polícia Militar instaurou inquérito para investigar eventuais falhas ocorridas

5 mar 2013 - 11h09
(atualizado às 11h14)
Jader Marques, advogado de Elissandro Spohr, um dos donos da Boate Kiss, concede entrevista coletiva nesta segunda-feira
Jader Marques, advogado de Elissandro Spohr, um dos donos da Boate Kiss, concede entrevista coletiva nesta segunda-feira
Foto: Luiz Roese / Especial para Terra

Jader Marques, advogado de defesa de Elissandro Spohr, o Kiko - um dos sócios da boate Kiss -, em sua primeira entrevista coletiva descreveu como "desastrosa" a atuação do Corpo de Bombeiros durante o salvamento das vítimas do incêndio. Com base na declaração do criminalista e nas imagens produzidas na madrugada do dia 27 de janeiro, o Comando da Polícia Militar instaurou um Inquérito Policial Militar para investigar eventuais falhas ocorridas. O advogado já prestou depoimento no último dia 25 de fevereiro. Agora, os militares responsáveis pelo inquérito ouvem o relato de Kiko, que ocorre na tarde desta terça-feira na Penitenciária Estadual de Santa Maria.

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O advogado criminalista Bráulio Marques, presente desde o início da construção da defesa, ressalta que o depoimento de Elissandro é fundamental para o andamento do inquérito. "Ele é um dos sócios da boate e estava lá no momento do incêndio. Elissandro entrou para buscar pessoas sem nenhum aparato de proteção, assim como tantos outros civis impulsionados pelos bombeiros. Infelizmente, naquela madrugada, os militares contaram com o apoio de populares pela falta de estrutura. Isso mostra o total despreparo do Estado", afirmou Braulio Marques, que está em Santa Maria para acompanhar o caso. 

Apresentado na tarde de ontem, o relatório produzido pela Comissão de Especialistas em Segurança contra Incêndio, formada pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) do Estado, apontou uma "série de erros" que levaram ao incêndio que vitimou 240 pessoas na Boate Kiss. De acordo com o documentos, "a análise das informações disponíveis até o momento aponta como causas fundamentais para a ocorrência do incêndio a combinação do uso de material de revestimento acústico inflamável, exposto na zona do palco, associada à realização do show com componentes pirotécnicos".

Entre as causas as causas determinantes da tragédia, conforme apontaram os especialistas, estiveram a falha no funcionamento dos extintores de incêndio, a dificuldade de evacuação, a deficiência nas saídas e na iluminação de emergências, a falta de um mecanismo para retirar a fumaça e a utilização de materiais inadequados, como a espuma emborrachada que queimou e liberou o gás cianeto, que intoxicou a maior parte das vítimas.

Incêndio na Boate Kiss

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Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou mais de 230 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

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Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio. 

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A intenção é oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento.

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Fonte: Terra
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