Recife cai no ranking de segurança e reforça debate sobre guarda armada e efetivo

O Recife caiu 19 posições no ranking nacional de segurança pública, ficando na 387ª posição em termos de estabilidade, de um total de 418 cidades avaliadas.

3 set 2025 - 13h16

O Recife caiu 19 posições no Ranking de Competitividade dos Municípios, ocupando agora a 387ª colocação em estabilidade de segurança pública, entre 418 cidades avaliadas. Os dados, divulgados na ultima quarta-feira (27) de agosto pelo Centro de Liderança Pública (CLP), escancaram uma crise crescente na segurança da capital pernambucana — que já foi referência em estratégias urbanas de prevenção à violência.

Carros da Guarda Municipal do Recife
Carros da Guarda Municipal do Recife
Foto: Andréa Rêgo Barros/PCR / Portal de Prefeitura

Indicadores específicos reforçam esse cenário preocupante:

Publicidade
  • Mortes violentas intencionais: 388ª posição
  • Mortes por causas indeterminadas: 231ª posição
  • Mortalidade de jovens por razões de segurança: 393ª posição
  • Mortalidade nos transportes: 367ª posição
  • Morbidade hospitalar por acidentes nos transportes: 125ª posição

Além da queda nos índices, o déficit de efetivo na Guarda Civil Municipal agrava o quadro. O último concurso público foi realizado em 2014, com a oferta de 1.355 vagas, sob organização do extinto Instituto de Planejamento e Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (IPAD). Desde então, nenhum novo certame foi realizado, e o número de agentes em atividade está defasado frente à demanda atual da cidade.

Atualmente, negociações para um novo edital previsto para 2025 estão em andamento entre o Sindicato dos Guardas Municipais do Recife (SINDGUARDAS) e a Prefeitura. No entanto, a falta de reposição de pessoal nos últimos 11 anos tem comprometido a capacidade operacional da corporação, principalmente em áreas de maior vulnerabilidade social.

Guarda desarmada e debate controverso sobre armamento

O Recife é também a única capital do Nordeste que mantém sua Guarda Municipal desarmada, o que tem gerado intenso debate. Em abril de 2025, o município iniciou formalmente o processo de armamento, com envio de pedido de cooperação técnica à Polícia Federal para treinamento inicial do Grupo Tático de Operações.

Apesar disso, especialistas em segurança pública alertam que o armamento da guarda, por si só, não resolve os problemas estruturais da violência urbana. Estudos mostram que não há evidências consistentes de que a presença de guardas armados reduza índices de homicídios ou crimes patrimoniais.

Publicidade

Segurança pública exige mais que respostas simbólicas

O Recife apresenta avanços em áreas como sustentabilidade fiscal, meio ambiente e inovação, mas o desempenho em segurança pública segue em declínio. Para reverter esse quadro, é preciso investir em políticas estruturantes, que vão além do armamento simbólico e da presença ostensiva.

Entre os caminhos apontados estão:

  • Realização urgente de concurso público para recomposição do efetivo da guarda;
  • Formação continuada e qualificação técnica dos agentes;
  • Integração com forças estaduais e federais;
  • Projetos de prevenção à violência voltados à juventude e territórios mais afetados;
  • Melhoria na infraestrutura urbana e nos equipamentos públicos.

O atual momento exige uma abordagem que una ordem pública e cidadania, com medidas que resolvam causas profundas da insegurança, como desigualdade social, abandono juvenil e desorganização territorial.

Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações