Às vésperas do início oficial do verão, 19 das 175 praias do litoral paulista monitoradas pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) estão impróprias para banho. O relatório, divulgado na quinta-feira, 18, mostra que todas as demais 156 praias estão com a bandeira verde, que sinaliza águas de boa qualidade no mar. O verão começa neste domingo, 21, e vai até 20 de março de 2026.
A situação é melhor do que no ano passado. No início do verão, em dezembro de 2024, o litoral paulista tinha 28 praias impróprias, das quais 13 eram no litoral norte. Desta vez, são apenas cinco praias com a bandeira vermelha no litoral norte, entre elas a Praia do Itaguá, em Ubatuba. A praia aparece duas vezes na relação da Cetesb porque, por ser extensa, possui dois pontos de monitoramento, no centro e no canto direito.
As outras 14 estão na Baixada Santista. Santos e Praia Grande têm o maior número de praias impróprias: quatro cada. São Vicente tem três praias com bandeira vermelha, Itanhaém e Peruíbe, uma cada.
O monitoramento da semana passada apontava 16 praias impróprias em todo o litoral. Conforme a agência, o aumento pode estar relacionado às chuvas recentes que atingiram o litoral antes da coleta das amostras. As chuvas carreiam para o mar matéria orgânica, incluindo esgotos clandestinos.
175 praias monitoradas
Em São Paulo, a Cetesb acompanha 175 praias, cobrindo todo o litoral, desde Ubatuba, na divisa com o Rio de Janeiro, até Cananéia, na divisa com o Paraná. A coleta segue um padrão nacional: é semanal e realizada sempre no mesmo ponto, para garantir comparabilidade. A amostra é coletada na faixa onde o banhista entra no mar e levada para análise laboratorial microbiológica para detectar bactérias, como o enterococo.
A Cetesb faz o controle da qualidade das praias paulistas desde 2001, conforme resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). A agência considera uma praia imprópria para banho quando a água apresenta mais de cem colônias de bactérias por 100 ml de água, em duas ou mais amostras, em um período de cinco semanas.
Quando uma praia é classificada dessa forma, a faixa de areia é sinalizada com bandeiras vermelhas.
A classificação de "imprópria" indica que a qualidade da água está comprometida, aumentando o risco de contaminação para os banhistas e tornando desaconselhável o uso da praia para banho.
Além das altas concentrações de bactérias fecais, uma praia também pode ser classificada como imprópria em outras situações que desaconselham o contato direto com a água. Entre essas situações estão: a presença de óleo devido a derramamentos de petróleo, a ocorrência de maré vermelha, floração de algas potencialmente tóxicas ou surtos de doenças transmitidas pela água.
38 mil imóveis sem coleta de esgoto
A qualidade da água das praias pode estar relacionada ao saneamento das cidades. Conforme a Sabesp, companhia de saneamento básico que atende as cidades da região, milhares de moradias em cidades praianas têm rede coletora na porta, mas não se conectam a ela.
Só na Baixada Santista são 30 mil imóveis nessa condição. No litoral norte, são mais 8 mil imóveis. Esses imóveis podem estar contribuindo para a poluição do ambiente. O sistema de esgoto é separado do sistema de drenagem da água da chuva. Enquanto o esgoto vai para tratamento, as águas da chuva drenam para mananciais que deságuam no mar, carregando sujeira, lixo, dejetos de animais e o esgoto que não é coletado corretamente.
A Sabesp informou que, em todas as cidades litorâneas que atende, o sistema de esgoto opera normalmente.