Pessoas estão ficando cegas e morrendo por irresponsabilidade, diz Nunes sobre metanol em bebidas

Prefeito defendeu uma ação conjunta entre município, estado e União para rastrear a origem do problema

30 set 2025 - 17h53
(atualizado às 18h37)
Resumo
Cinco mortes de intoxicação por metanol em bebidas adulteradas estão sob investigação em São Paulo, com autoridades rastreando a cadeia de fornecimento e reforçando a necessidade de cooperação entre União, estado e município.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).
Foto: Taba Benedicto/Estadão / Estadão

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, afirmou à imprensa nesta terça-feira, 30, que a adulteração de bebidas com metanol "muito possivelmente" ocorreu durante o processo de envase — etapa de embalar o produto final —, que é de responsabilidade do governo federal. Ele defendeu uma ação conjunta entre município, estado e União para rastrear a origem do problema, que já pode ter causado cinco mortes no estado

"Evidentemente, o governo federal, o governo do estado e a prefeitura têm responsabilidades em tudo, todos os aspectos com relação a esse tema. O envase é responsabilidade do governo federal, é o Ministério da Agricultura que licencia. A fiscalização é o estado e a prefeitura com as suas vigilâncias sanitárias. O que a gente tem até o momento é de que muito possivelmente o problema tenha acontecido no envase", disse Nunes. 

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O prefeito descartou a hipótese de que os donos de bares estejam adulterando as bebidas diretamente. "Difícil imaginar do jeito que está acontecendo, um caso no Grajaú, um caso no Jardim, dois casos na Móoca, que tenha sido o proprietário do estabelecimento ali que fez a a colocação de metanol. Não é razoável imaginar isso, praticamente está descartado", acrescentou. 

De acordo com Nunes, o problema estaria em alguma etapa do processo de envase, seja por um erro operacional ou pela introdução deliberada de um produto para comercializar uma bebida adulterada e fora dos padrões de regulamentação.

PF abre investigação para apurar origem de metanol em bebidas adulteradas em SP, diz ministro
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Como resposta aos casos, Nunes afirmou que a Polícia Civil e a Secretaria da Fazenda irão rastrear a cadeia de fornecimento por meio do CNPJ dos estabelecimentos. Ele explicou que, a partir da identificação de quem vendeu para os bares, é possível verificar como está sendo feito o envase das bebidas, classificando esse trabalho de fiscalização como fundamental. Nunes informou que, nos últimos 28 dias, foram realizadas 48 vistorias específicas relacionadas ao caso do metanol, incluindo estabelecimentos vizinhos aos já fiscalizados.

Como resposta aos casos, Nunes afirma que a Polícia Civil e a Secretaria da Fazenda irão rastrear a cadeia de fornecimento por meio do CNPJ dos estabelecimentos. "O bar comprou de tais CNPJ, então [é possível] ir lá verificar como é que está o envase", explicou, classificando o trabalho da polícia e dos órgãos fiscalizadores como "fundamentais". De acordo com ele, foram feitas 48 vistorias específicas relacionadas ao caso do metanol nos últimos 28 dias, incluindo estabelecimentos e comércios próximos. 

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O prefeito reforçou a necessidade de cooperação entre estado, município e União, citando suas conversas com o governador Tarcísio de Freitas e a gravidade das consequências. "É uma preocupação grande lamentar as cinco mortes. Uma pessoa ficar cega por conta de uma irresponsabilidade", disse. "Acho que não podemos jogar a culpa para lá nem para cá, e sim entender que todos os três órgãos têm a sua responsabilidade. Da nossa parte, vai ter bastante empenho", acrescentou ele. 

PF irá investigar casos

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, anunciou nesta terça-feira, 30, que a Polícia Federal abriu um inquérito para investigar a origem e a rede de distribuição de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol

Lewandowski justificou a atuação da PF pela possibilidade de a operação criminosa transcender as fronteiras paulistas. Durante a coletiva, também foi mencionado que a polícia apura uma possível participação de facções criminosas no esquema. "A investigação dirá se tem conexões com o crime organizado", destacou o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues. 

A fala, no entanto, divergiu do que foi alegado por Tarcísio horas depois, quando o governador de São Paulo afirmou que não há "evidência nenhuma" da participação do Primeiro Comando da Capital (PCC) no esquema que intoxicou mais de 20 pessoas no estado. 

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"Tem esse negócio em São Paulo, tudo que acontece é o PCC. Muito tem se especulado sobre a participação do crime organizado nessa adulteração. Só para deixar claro, não há evidência nenhuma de que haja crime organizado nisso. Os inquéritos apontam que as pessoas que trabalham nessas destilarias clandestinas não têm relação com o crime organizado nem entre si. São pessoas que fraudam rotineiramente bebidas e, como temos falado, é um problema estrutural", disse o governador. 

Casos analisados sobem para 22 em SP

O Governo de São Paulo anunciou também que vai interditar de forma cautelar todos os estabelecimentos onde houve consumo de bebidas alcoólicas contaminadas por metanol. De acordo com o governador Tarcísio de Freitas, há atualmente 22 casos de intoxicação, sendo que:

  • 7 destes casos são confirmados de intoxicação por metanol;
  • 15 destes casos são suspeitos de intoxicação por metanol;
  • Há 1 morte confirmada por metanol;
  • E outras 4 mortes estão sob investigação.

"Vamos buscar descobrir quem comprou de quem, de onde está saindo essa bebida adulterada, quem são os fraudadores, a partir desse cruzamento de informações, saber se o problema está no distribuidor, no estabelecimento que está comprando o material sem a procedência correta, ou em outro elo da cadeia", acrescentou Tarcísio.

Fonte: Portal Terra
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