Pouco antes de buscar socorro, o advogado Marcelo Macedo Lombardi acordou na manhã de sábado, 27, sem enxergar direito, além do mal-estar. O paulistano de 45 anos foi levado por familiares até um hospital de São Bernardo dos Campos (SP), onde deu entrada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu. Marcelo é a terceira vítima que morreu no Estado após consumir bebidas alcoólicas supostamente contaminadas por metanol.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
O advogado morreu no início da tarde deste domingo, 28, em decorrência de uma falência múltipla de órgãos. “Uma situação inesperada. Você bebe alguma coisa, de repente, passa mal e morre. Não dá nem tempo de falar nada. É devastador!”, desabafa a prima dele, Larissa Schuwarten.
Ao Terra, ela contou que ele havia bebido na noite de quinta-feira, 25, e chegou a relatar uma certa sonolência durante o expediente em sua imobiliária, no bairro Vila Liviero, no Sacomã. Depois de fechar o estabelecimento, ele e a esposa foram a um bar, onde também beberam.
Na manhã de sábado, já acordou mal. “Ele começou a dizer que via só um clarão, porque não estava enxergando. Estava passando bem mal e que era pra levá-lo para o hospital”, declara.
Os familiares o levaram ao Hospital Notre Dame, onde ele passou por alguns exames. Inicialmente, ainda conseguia responder à equipe médica, mas, antes mesmo que os resultados fossem divulgados, seu quadro se agravou repentinamente, conforme explica Larissa.
Lombardi foi levado para a UTI, onde foi entubado. “A situação dele era tão grave que não conseguiram fazer uma hemodiálise para limpar o sangue dele. Ele já estava com sinais vitais bem fracos. Logo [os médicos] desenganaram, falaram que era bem grave, que não existia um quadro tão grave naquele hospital naquele momento”.
Ele permaneceu internado durante toda a noite e, logo pela manhã, Larissa recebeu uma ligação da esposa do advogado informando que o quadro era irreversível. 'Não havia mais o que fazer', relembra. Próximo ao horário do almoço, o caçula de três irmãs não resistiu e faleceu.
Larissa esclarece que a família não tem certeza sobre o local da possível contaminação, mas que já foi confirmado que ele consumiu alguma bebida adulterada com metanol.
“Ele era uma pessoa excelente. Não é porque era meu primo, mas ele era uma pessoa boníssima, sensacional. Tinha uma relação com a família maravilhosa. Era o único irmão de mais três irmãs, era o xodó, o caçula. Uma pessoa muito família, com a esposa também, superprotetor”, relembra Larissa.
Casos analisados sobem para 22 em SP
O Governo de São Paulo anunciou que vai interditar de forma cautelar todos os estabelecimentos onde houve consumo de bebidas alcoólicas contaminadas por metanol. De acordo com o governador Tarcísio de Freitas, há atualmente 22 casos de intoxicação, sendo que:
- 7 destes casos são confirmados de intoxicação por metanol;
- 15 destes casos são suspeitos de intoxicação por metanol;
- Há 1 morte confirmada por metanol;
- E outras 4 mortes estão sob investigação.
O governo do Estado criou um canal de denúncias específico para bebidas adulteradas no site do Procon-SP e será estabelecido um gabinete de crise. Para rastrear a origem do produto, a Polícia Civil e a Secretaria da Fazenda vão cruzar as notas fiscais dos estabelecimentos para chegar aos distribuidores.
"Vamos buscar descobrir quem comprou de quem, de onde está saindo essa bebida adulterada, quem são os fraudadores, a partir desse cruzamento de informações, saber se o problema está no distribuidor, no estabelecimento que está comprando o material sem a procedência correta, ou em outro elo da cadeia", esclareceu o governador.