Homem que arrastou mulher puxou freio de mão para 'tentar matá-la', diz amigo que estava no carro

Kauan Silva Bezerra afirmou à polícia que Douglas Alves da Silva atropelou Tainara propositalmente; defesa alega que rapaz se arrepende e 'responderá na medida de sua culpabilidade'

3 dez 2025 - 16h12
(atualizado às 17h58)

O amigo de Douglas Alves da Silva, homem que atropelou e arrastou Tainara Souza Santos, de 31 anos, na Marginal Tietê no último sábado, 29, afirmou em depoimento à Polícia Civil que Douglas teve a intenção de atropelar a jovem e puxou o freio de mão do veículo para aumentar a força de atrito sobre o corpo e tentar matá-la.

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Kauan Silva Bezerra estava no passageiro no momento em que Douglas atropelou e arrastou Tainara por cerca de um quilômetro. A jovem, mãe de dois filhos, teve as duas pernas amputadas em decorrência dos ferimentos. Ela segue internada na UTI do Hospital Municipal Vereador José Storopolli e passará pela quarta cirurgia.

Em nota, Marcos Tavares Leal, advogado de Douglas Alves da Silva, afirmou o jovem se arrepende pelos atos praticados e "responderá na medida de sua culpabilidade e na forma da lei, com base em provas e na investigação, não sob a ótica do ódio". Questionado sobre o depoimento de Bezerra, ele disse que não teve acesso a tais informações.

Douglas da Silva Alves está preso acusado de tentativa de feminicídio contra Taynara Souza.
Douglas da Silva Alves está preso acusado de tentativa de feminicídio contra Taynara Souza.
Foto: Reprodução / Estadão

Em depoimento, Kauan contou que Douglas e Tainara namoravam, mas tinham terminado o relacionamento há pouco tempo. Segundo ele, Douglas viu a jovem com outro rapaz no Bar do Tubarão e iniciou uma discussão. Depois da briga, ele chamou Kauan para ir embora e, ao entrarem no carro, Douglas deu uma volta e jogou o carro na direção de Tainara.

O amigo contou ainda que, quando Tainara estava embaixo do carro, Douglas puxou o freio de mão aumentando a força de atrito do veículo sobre o corpo da vítima para tentar matar a jovem. Kauan alegou que ele tentou impedir o amigo, mas não conseguiu porque ele "estava transtornado".

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A cena também foi vista pelo manobrista do bar, Fernando da Costa Ferreira. O funcionário disse à Polícia que viu Douglas atropelar Tainara, passar por cima da jovem intencionalmente, e puxar o freio de mão para machucá-la.

Tainara Souza, de 31 anos, foi atropelada e arrastada na zona norte de São Paulo por cerca de 1 quilômetro.
Foto: @taay_souza/Instagram/Reprodução / Estadão

Em seguida, Douglas saiu em alta velocidade. Depois de alguns metros, Kauan percebeu que havia "algo prendendo o carro" e entrou em desespero brigando para que o amigo parasse o veículo para que ele pudesse sair. A jovem foi arrastada por 1,4 quilômetros até o Douglas parar o carro na Marginal Tietê.

Quando conseguiu descer do carro, Kauan viu Tainara caída no chão e uma multidão chegando para ajudar a jovem. Ele e Douglas se conheciam há quatro anos e, depois do atropelamento, afirmou que não entrou mais no carro do amigo.

Defesa de Douglas diz que ele não conhecia a vítima

O depoimento de Kauan contradiz a defesa de Douglas, que afirmou que ele não conhecia a vítima e que não percebeu que o corpo dela estava preso embaixo do seu carro. Segundo o advogado, a briga no bar aconteceu para defender Kauan, que teria se desentendido com Lucas, homem que acompanhava a Tainara.

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Ao Estadão, o irmão da vítima, Luan Santos, contou que Douglas morava nas proximidades e era conhecido por se envolver em brigas na região. Segundo Santos, a irmã era solteira e não mantinha relacionamento com ele.

Câmeras de monitoramento próximas ao bar onde o atropelamento foi iniciado mostram Douglas e Tainara discutindo na rua antes de ele avançar com o veículo sobre ela.

Douglas foi preso no domingo, 30, um dia depois do crime, em um hotel da Vila Prudente, na zona leste da capital. De acordo com o boletim de ocorrência, Ele teria entrado em luta corporal com um agente durante a abordagem e sofrido um tiro no braço. Ele foi hospitalizado antes de ser levado à delegacia para prestar depoimento. A Polícia Civil suspeita que Douglas pretendia fugir para o Ceará.

O advogado de Douglas, no entanto, afirmou em nota que ele continua com "com ferimentos abertos, sem o devido atendimento médico". Na nota, a defesa ainda afirma que os pais de seu cliente estariam sendo ameaçados e hostilizados.

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