O coletivo "Prot{agô}nistas - movimento negro no picadeiro" promove o encontro de diversas manifestações da cultura brasileira, como a música, dança, teatro e o circo, para falar de diversidade étnico-racial, denunciar desigualdades e reafirmar o talento negro.
O nome é escrito assim mesmo. A palavra "agô", de origem ioruba, entre chaves, simboliza a abertura de caminhos e a afirmação da expressão artística negra e de sua ancestralidade.
O grupo realiza um espetáculo com 21 artistas em números de palhaçaria, tecido, trapézio, contorcionismo, perna de pau e dança, sempre embalados por músicas autorais, que transportam o público para os terreiros, os bailes black e as batalhas de rua.
As performances do corpo de baile transitam da capoeira ao hip hop, do balé ao Gumboot Dance (dança popular africana) na coreografia de Washington Gabriel. Além da celebração, a dramaturgia traz críticas ao genocídio negro, à solidão da pessoa negra e às apropriações culturais. O grupo foi idealizado pelo ator, diretor e pesquisador circense por Ricardo Rodrigues, que também é professor de Humor, Atuação e Circo na SP Escola de Teatro.
"Colocar no palco 21 artistas negros é uma forma de dizer que estamos além de vivos, mas também criando, celebrando e existindo! Aqui é um espaço onde o nosso corpo se expressa em completude, nossa voz acha lugar. Ecoa. E planta sementes nas mentes e corações que somente a arte é capaz. O espetáculo é uma anunciação que também educa e principalmente, transforma", avalia a cantora e figurinista Mariana Per.
Em várias apresentações, a plateia se identifica e se reconhece no palco, como na temporada no Sesc Consolação, na região central. A plateia do Teatro Anchieta recebeu adolescentes da Fábrica de Cultura, Galpão do Circo e do programa de formação de jovens do grupo Doutores da Alegria.
No final do mês, nos dias 25 e 26, o grupo se apresenta no Sesc Casa Verde, na zona norte. As apresentações integram o Festival Sesc Culturas Negras, que busca a valorização, reconhecimento e a difusão da cultura afrodiaspórica. São mais de 80 atividades, em 27 unidades do Sesc São Paulo na capital, interior e Grande São Paulo, de 22 a 26 de maio.
No próximo final de semana, o grupo participa do III Encontro de Artes Circenses de Mauá, com diversas atividades, todas gratuitas, na Grande São Paulo.
O projeto Prot{agô}nistas celebra cinco anos de existência. Destaque no Festival Internacional de Circo de São Paulo (FIC-SP), logo em sua estreia, em 2019, o grupo foi convidado pela direção artística do Theatro Municipal de São Paulo para realizar a abertura e o lançamento do Projeto Novos Modernistas no mesmo ano.
Esse marco impulsionou conquistas posteriores, como o reconhecimento nos prêmios Arcanjo de Cultura e Leda Maria Martins de Teatro Negro em Belo Horizonte (MG), além da circulação pelo projeto Viagem Teatral do SESI SP.
A trajetória do coletivo está inserida numa luta contra o racismo estrutural, na opinião da produtora do espetáculo, Jessica Turbiani. "Toda forma de arte negra já é um ato de luta contra o racismo estrutural. Artistas negros existem, a música negra existe, a dança negra existe, o circo negro existe. O corpo negro existe com suas subjetividades, com sua poesia, com sua criatividade. Em Prot{agô}nistas há uma celebração que denuncia enquanto encanta, que diverte enquanto propõe reflexões sobre o País".
* Este conteúdo foi produzido em parceria com o coletivo "Prot{agô}nistas - movimento negro no picadeiro", que busca a ampliar a participação de artistas negros em espaços culturais.
Agenda - Prot{agô}nistas
18 de Maio
Evento: III Encontro de Artes Circenses de Mauá
Local: Teatro Municipal de Mauá
Horário: 20h
Ingressos: Grátis
25 e 26 de Maio
Festival Culturas Negras - Sesc
Local: Sesc Casa Verde - Arena
Horários: Sábado e domingo às 16h
Ingressos: Grátis
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