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Após acordo, estudantes desocupam prédio histórico da UFPR

5 nov 2016 - 19h32
(atualizado às 19h33)

Estudantes que tomaram o prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), na Praça Santos Andrade, em Curitiba, na última quinta-feira (3), deixaram o local por volta das 11h30 deste sábado (5), de forma pacífica e com os rostos descobertos. A saída aconteceu após o grupo chegar a um acordo com a comissão de negociação, instituída no dia anterior pelo reitor Zaki Akel Sobrinho. Ele próprio esteve no edifício hoje, para fazer a vistoria, ao lado de representantes de ambas as partes, assinar um documento e conceder entrevista coletiva com os alunos e docentes. Os termos da desocupação foram discutidos durante toda a tarde de ontem.

Estudantes deixaram o prédio da UFPR na manhã deste sábado (5) de forma pacífica e sem danos no local durante a ocupação
Estudantes deixaram o prédio da UFPR na manhã deste sábado (5) de forma pacífica e sem danos no local durante a ocupação
Foto: Mariana Franco Ramos / Especial para Terra

A UFPR se comprometeu a não responsabilizar ou criminalizar os membros do movimento, com processos administrativos ou infracionais, e a desenvolver uma "narrativa positiva" sobre o episódio. Também aceitou revogar imediatamente a resolução 96/2015, que trata do cancelamento de registro acadêmico resultante de abandono de curso, reprovação por frequência, desempenho insuficiente e ultrapassagem do prazo máximo para integralização curricular. Na avaliação dos jovens, as normas prejudicavam os estudantes mais precarizados da universidade, em especial os trabalhadores, as mães e os negros e negras.

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"Quero deixar claro que não houve danos ao prédio", disse o reitor. Ele contou que marcou uma reunião com o grupo para a próxima segunda-feira (7), com o objetivo de discutir a situação do edifício Dom Pedro II, também ocupado e onde fica a reitoria da UFPR. Além deste, outros seis campi da instituição seguem tomados, sendo cinco em Curitiba e um no litoral. Assim como no resto do País, os alunos protestam contra a medida provisória 746, que reforma o ensino médio, com flexibilização de currículo, e contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) dos gastos públicos.

"Quero deixar claro que não houve danos ao prédio", disse o reitor Zaki Akel Sobrinho
Foto: Mariana Franco Ramos / Especial para Terra

O edifício símbolo da cidade, onde funcionam os cursos de Direito e Psicologia, laboratórios e duas pró-reitorias, tinha sido ocupado na noite de quinta-feira (4). Ao contrário das demais ações que vêm ocorrendo, houve empurra-empurra e relatos de feridos, mas sem gravidade. Os manifestantes entraram por volta das 22h30, quando alunos e professores saíam das aulas, e bloquearam o acesso com correntes e cadeados. Todos estavam mascarados, sendo que alguns empunhavam uma bandeira nas cores vermelha e preta, dividida diagonalmente, em partes iguais, e identificada como sendo de uma organização antifascista. 

"É um prédio público, que tinha grande visibilidade", justificou a aluna de Direito Francielli Bertagnolli. "A gente se retira nesse momento, mas os cortes continuam, as ocupações continuam e o movimento continua", completou. Segundo outra estudante, identificada apenas como Bruna, as pessoas se mascaram não porque são bandidas, e sim para evitar que sejam processadas e percam suas vagas na universidade. "Alguns nos dizem que devemos ir para as ruas. Isso já foi feito diversas vezes. Só que nunca obtivemos nenhum tipo de resposta. A ocupação é uma forma de radicalização", defendeu. 

O secretário do Centro Acadêmico Hugo Simas (Cahs), de Direito, Luiz Henrique da Rocha Machado, parabenizou todos os envolvidos no processo de conciliação. "É algo necessário nesse momento que passamos, de turbulência, de efervescência, que tem de nos trazer negociações de forma pacífica, com paciência e, sobretudo, com diálogo", opinou. Conforme o balanço mais atualizado da União Nacional dos Estudantes (UNE), o Brasil tem em torno de 170 universidades ocupadas. O número, contudo, muda a cada dia.

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Fonte: Especial para Terra
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