Capítulo 1 - "A vida era boa, mas era um dinheiro maldito"
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Maria foi presa por tráfico de drogas no dia em que começaria a trabalhar acompanhando um menino deficiente. Dez anos de condenação. "Um cadeião", definia ela em jargão prisional.
A polícia confirmou as suspeitas ao abordar uma pessoa que saiu do apartamento muito alterada. Apertado pelos policiais, ela entregou. Maria foi presa no dia 27 de março, saiu no dia seguinte, para ser presa dias depois. No apartamento foram encontrados cerca de 300 gramas de cocaína, balanças, 11 celulares, quase R$ 600 em dinheiro e mais de R$ 1,2 mil em cheques. "A gente se deslumbra, porque é bastante dinheiro. Tu acha que é normal, tu não sabe o mal que tu está fazendo, tu esquece, aquilo vira um trabalho com horário e tudo".
Ela e o namorado tinham uma vida de classe média. Dois carros, uma moto e aluguel mensal de R$ 2 mil. Maria gostava de fazer compras. Os dois dizem que o tráfico começou por influência dos amigos. "Éramos 'gurizada' (jovens), queríamos crescer mais rápido, a gente teve pressa de fazer as coisas, na verdade. Então começamos a pensar: 'vamos, porque é rápido, não vai dar problema, é dinheiro rápido'... e olha o que aconteceu. Estou presa há dois anos (...) Durou três anos... a vida era boa, mas foi tudo perdido, era um dinheiro maldito", conta.
Violência e gravidez de risco
Na prisão, Maria foi do inferno ao céu. Apanhou muito das outras detentas por não ser "do crime". "Quando cheguei, eu era muito diferente, é um tipo de vida com a qual não estava acostumada, pessoas com as quais você não costuma lidar.... A gente traficava em apartamento, então não estava acostumada a viver nesse meio", relata.
A gravidez foi de risco por causa do estresse de uma gestação vivida em condições de extrema pressão psicológica. Com cinco meses de grávida foi transferida de Caxias do Sul para o presídio feminino Madre Pelletier, em Porto Alegre, onde poderia ter atendimento mais adequado, apesar do isolamento da família. Nesse período, o Terra teve o primeiro contato com Maria e a filha. Elas estavam em processo de adaptação da criança com sua ex-empregada doméstica Terezinha, a única pessoa que podia ficar com a menina.
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Rosinha almoçando em casa com a família, já em liberdade
Foto: Mauricio Tonetto
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Terezinha ao lado de Rosinha em casa
Foto: Terra
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Quarto de Rosinha com a cama coberta de brinquedos
Foto: Mauricio Tonetto
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Após viver em liberdade, ela passa os dias brincando
Foto: Mauricio Tonetto
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Maria, em liberdade, mas ainda atormentada com a caminhada árdua que teria que enfrentar
Foto: Mauricio Tonetto
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Terezinha e Rosa criaram um laço muito forte de maternidade
Foto: Mauricio Tonetto
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O pai de Rosa só foi ter o primeiro contato com a criança depois de um ano
Foto: Mauricio Tonetto
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A família alugou uma casa para poder passar os domingos juntos durante o cumprimento da pena no semiaberto
Foto: Mauricio Tonetto
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Maria fazia de tudo para tentar encontrar a normalidade depois da prisão
Foto: Mauricio Tonetto
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Rosa e sua girafa de pelúcia na casa da nova família
Foto: Daniel Favero
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Fachada da Penitenciária Industrial de Caxias do Sul
Foto: Daniel Favero
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Detentas abraçam Maria após ela entregar a filha para a nova família, mesmo que temporariamente
Foto: Mauricio Tonetto
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Rosa nos braços da nova irmã em Caxias do Sul
Foto: Daniel Favero
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Berço de Rosa na casa da nova família em Caxias
Foto: Daniel Favero
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Maria após voltar para o presídio de Caxias do Sul, já afastada da filha
Foto: Daniel Favero
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Maria observa a filha deixar seus braços no presídio pela última vez em Porto Alegre
Foto: Mauricio Tonetto
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Momento no qual a criança é entregue para a nova família
Foto: Mauricio Tonetto
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Maria tenta prolongar os últimos momentos que ainda teria com a filha
Foto: Mauricio Tonetto
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Chorando muito, ela olha a filha nos poucos minutos que lhe restam ao seu lado
Foto: Mauricio Tonetto
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Maria tenta amamentar a filha, para que ela deixe o presídio dormindo
Foto: Mauricio Tonetto
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Aquele dia talvez tenha sido o mais difícil da vida de Maria
Foto: Mauricio Tonetto
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Moranguinho foi o tema da festa de aniversário e despedida
Foto: Mauricio Tonetto
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Quem visse de fora veria apenas uma festa de aniversário, que logo depois ganhou contornos de funeral
Foto: Mauricio Tonetto
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Coleguinhas, filhso de outras detentas, também aproveiraram a festa
Foto: Mauricio Tonetto
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A festa teve decoração igual a qualquer outra comemoração fora dos presídios
Foto: Mauricio Tonetto
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Carrinhos de bebê e cadeirinhas usadas pelas detentas com filhos em Porto Alegre
Foto: <p>Carrinhos de bebê e cadeirinhas usadas pelas detentas com filhos em Porto Alegre</p>
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Maria com a filha no período no qual viveu a maternidade de forma muito intensa
Foto: Mauricio Tonetto
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Berço no presídio Madre Pelletier
Foto: Mauricio Tonetto
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Corredores do presídio Madre Pelletier, o parquinho de Rosa
Foto: Mauricio Tonetto
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Brinquedos espalhados pelo chão do presídio
Foto: Mauricio Tonetto
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Rosa brinca com uma bola no presídio
Foto: Mauricio Tonetto
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Nova família no dia da festa de aniversário
Foto: Mauricio Tonetto
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Carrinhos e cadeiras de bebê usado pelas detentas que tiveram filhos enquanto encarceiradas
Foto: Daniel Favero
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Rosa no berço no qual dormiu nos primeiros meses de vida dentro do presídio