Bolsonaro diz que laboratórios precisam correr atrás de registros de vacinas para vender ao Brasil

28 dez 2020 - 12h48

O presidente Jair Bolsonaro cobrou hoje dos fabricantes de vacinas contra Covid-19 que apresentem os pedidos de registro dos imunizantes à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e disse que a responsabilidade de tornar as vacinas disponíveis é dos laboratórios, e não dele.

Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia em Brasília
17/12/2020 REUTERS/Ueslei Marcelino
Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia em Brasília 17/12/2020 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

"O Brasil tem 210 milhões de habitantes. Então é um mercado consumidor enorme de qualquer coisa. Os laboratórios não tinham que estar interessados em vender para a gente? Por que então eles não apresentam a documentação na Anvisa?", disse.

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O governo brasileiro vem sendo cobrado por só prever o início da vacinação em massa contra Covid-19 no final de fevereiro, enquanto diversos países --inclusive na América Latina, como México, Argentina e Chile-- já estão começando a vacinar ou prevêem iniciar a vacinação nos próximos dias.

Na maioria dos casos, os países estão usando a vacina do laboratório Pfizer em parceria com a BioNTech, a primeira no mundo a obter registros emergenciais e começar a ser distribuída. Na Argentina, a vacinação deve começar com a vacina russa Sputnik V.

A Pfizer ainda não pediu o registro emergencial na Anvisa porque, segundo eles, o contrato para fornecimento do imunizante com o governo brasileiro ainda não foi fechado.

O governo brasileiro recebeu vários contatos do laboratórios a partir de agosto mas, segundo a Pfizer, não respondeu. Há cerca de um mês o Ministério da Saúde começou a negociar a compra de 70 milhões de doses --suficientes para vacinar 35 milhões de pessoas-- mas ainda não fechou o contrato.

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A previsão é de entrega de 8,5 milhões de doses no primeiro semestre, mas apenas cerca de 500 mil em janeiro, e o laboratório já informou que, agora, não tem condições de acelerar a entrega para o Brasil.

Bolsonaro voltou a dizer que não está preocupado com pressão sobre o acesso às vacinas --no domingo, ao ser questionado sobre o tema, o presidente disse que "não dá bola para isso"-- e que se pedisse registros mais rápidos seria acusado de tentar interferir na Anvisa.

"Certas coisas você não pode fazer correndo, está mexendo com a vida do próximo. A imprensa meteu o cacete em mim. Agora se eu vou na Anvisa e digo 'corre aí', eu estou interferindo", reclamou.

Além das tratativas com a Pfizer, o Brasil já tem acordo para fornecimento de doses da vacina feita em conjunto entre a AstraZeneca e a Universidade de Oxford, por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que estima entregar doses em fevereiro. Também não há ainda pedido de registro desta vacina junto à Anvisa.

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O governo do Estado de São Paulo também tem acordo com o laboratório chinês Sinovac e terá, até a quinta-feira, 10,8 milhões de doses da candidata a vacina contra Covid-19 CoronaVac no Brasil. Os dados de eficácia do potencial imunizante ainda não foram apresentadas, entretanto, e por isso também não há pedido de registro junto à Anvisa.

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