Homem avançou com um carro contra pedestres e esfaqueou uma mulher. Exército israelense lançou operação contra cidade natal do suspeito, na Cisjordânia ocupada.Um agressor avançou com um carro contra um homem e depois esfaqueou uma jovem no norte de Israel na tarde desta sexta-feira (26/12), matando ambos, segundo informaram as autoridades israelenses. Em retaliação, as Forças Armadas do país lançaram uma operação na cidade natal do suspeito, na Cisjordânia ocupada.
O incidente aconteceu em Beit She'an, no norte do país, quando o palestino jogou o veículo contra pedestres. Em seguida, acelerou pela estrada, deixou o carro e esfaqueou uma mulher, além de ferir outra pessoa perto da entrada da cidade de Afula.
As autoridades afirmam que o suspeito foi baleado e ferido. Ele foi preso e levado a um hospital, e seu estado de saúde não foi divulgado até o momento.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, identificou as vítimas como Aviv Maor, de 19 anos, e Shimshon Mordechai, de 68 anos. Socorristas constataram a morte de ambos no local.
O presidente de Israel, Isaac Herzog, disse estar chocado com a "horrível sequência de assassinatos". Segundo ele, Israel está "comprometido em reforçar e fortalecer essa fronteira desafiadora e em intensificar a resposta de segurança na região para garantir total proteção aos moradores".
Exército entra em Qabatiya
A polícia israelense disse posteriormente que o agressor era residente de Qabatiya e havia usado o veículo de seu empregador para realizar o ataque.
Pouco depois, o Exército israelense começou a concentrar tropas perto da cidade palestina. Mais tarde, os militares informaram que realizaram uma "busca operacional precisa na residência" do suspeito, junto com forças de inteligência, e que se preparavam para demolir o imóvel.
Forças israelenses também bloquearam várias estradas ao redor da cidade e entraram em diversas casas, disse o prefeito de Qabatiya, Ahmad Zakarneh. Segundo ele, moradores estocaram suprimentos em padarias e supermercados após serem avisados sobre a operação militar.
Katz afirmou que ordenou às tropas que "agissem com força" contra o que chamou de "infraestrutura terrorista" na cidade. "Qualquer pessoa que ajude ou patrocine o terrorismo pagará o preço total", declarou.
Histórico de incursões
É prática comum que Israel realize incursões em cidades da Cisjordânia ou destrua casas pertencentes às famílias de suspeitos. Israel afirma que essas ações ajudam a prevenir novos ataques, enquanto organizações de direitos humanos descrevem tais medidas como punição coletiva.
O ataque de sexta‑feira ocorreu poucos dias depois de soldados israelenses matarem a tiros um adolescente palestino na área de Qabatiya.
O Exército alega que o jovem teria "arremessado um bloco contra os soldados". Posteriormente, afirmou que o caso estava sob revisão, depois que a mídia palestina exibiu imagens de segurança nas quais o adolescente parece sair de um beco e é baleado pelas tropas ao se aproximar, sem lançar nada.
A guerra entre Israel e o Hamas também desencadeou um aumento da violência em Israel e na Cisjordânia, com crescimento de ataques de militantes palestinos e de agressões de colonos israelenses contra palestinos.
Em setembro, palestinos abriram fogo contra um ponto de ônibus em Jerusalém, matando seis pessoas e ferindo outras 12, segundo autoridades israelenses.
O incidente de sexta‑feira também ocorreu um dia depois de um reservista israelense, vestido com roupas civis, atropelar um palestino na Cisjordânia. Imagens divulgadas nas redes sociais mostram a vítima rezando à beira da estrada quando o atropelamento acontece.
Reconhecimento da Somalilândia
Em um desdobramento separado, Israel se tornou nesta sexta-feira o primeiro país a reconhecer a Somalilândia, região separatista da Somália, no leste da África.
No início deste ano, autoridades dos Estados Unidos e de Israel disseram que Israel havia procurado a Somalilândia sobre a possibilidade de receber palestinos de Gaza como parte de um plano do presidente americano Donald Trump para reassentar a população do território. Os EUA desde então abandonaram essa proposta.
O gabinete de Netanyahu informou que ele, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, e o representante da Somalilândia, Abdirahman Mohamed Abdullahi, assinaram uma declaração conjunta e mútua "no espírito dos Acordos de Abraão".
A Somalilândia, território com mais de 3 milhões de habitantes no Chifre da África, separou-se da Somália há mais de três décadas, mas até agora não havia sido reconhecida internacionalmente como Estado independente por nenhum país. A Etiópia chegou a prometer realizar o reconhecimento em troca de acesso ao mar, o que não aconteceu até o momento.
O Ministério das Relações Exteriores do Egito - um dos principais mediadores na guerra entre Israel e o Hamas - afirmou nas redes sociais que rejeita o reconhecimento da Somalilândia e reiterou apoio total à soberania, unidade e integridade territorial da Somália.
gq (DW, AP, AFP)