Ator realizou metade de um sonho na Globo antes de morrer

Paulo Gustavo foi um dos poucos humoristas a atingir o estrelato sem precisar da principal emissora do País

5 mai 2021 - 08h41

Além do talento gigantesco para a comédia, Paulo Gustavo tinha outra característica admirável: autonomia artística. São raros os atores e humoristas com controle tal da carreira a ponto de dizer ‘não’ à Globo.

Paulo Gustavo no especial ‘220 Volts’, em dezembro, na Globo: “O humor cura”
Paulo Gustavo no especial ‘220 Volts’, em dezembro, na Globo: “O humor cura”
Foto: Reprodução

Ele disse uma, duas, três, incontáveis vezes. Não por desinteresse ou esnobismo, e sim para se manter fiel ao que acreditava e queria para si. Ao longo de 15 anos, a emissora tentou cooptá-lo para participar de seus humorísticos.

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Apesar de se sentir tentado a aceitar — qual artista não gostaria de se ver na tela da maior TV do País? —, Paulo Gustavo preferiu não fazer ‘mais do mesmo’. Fiel ao seu estilo, ele queria estar na Globo em um projeto autoral.

Seguiram-se anos de conversas e negociações. No Multishow, canal pago do Grupo Globo, ele se tornou astro da telecomédia com o programa ‘220 Volts’. Depois protagonizou ‘Vai Que Cola’ e ‘A Vila’. O sucesso o fez receber carta branca da emissora: fazia o que queria.

Em 2020, em plena pandemia de covid-19, Paulo Gustavo e a Globo enfim se acertaram. Ele conseguiu 100% de liberdade para desenvolver o especial ‘220 Volts’. A exibição aconteceu no dia 22 de dezembro, após a atração musical de Roberto Carlos. Registrou média de 12 pontos de audiência.

“Fico super orgulhoso de estar num especial de fim de ano da Globo fazendo um trabalho que eu amo tanto”, declarou o ator em entrevista divulgada pela assessoria de comunicação do canal. “O humor cura, transforma, faz a gente refletir.”

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A metade do sonho se realizou. A outra metade ele não teve a chance de concretizar: transformar o especial em um programa semanal no horário nobre. A cúpula da Globo previa a produção para 2021, porém o recrudescimento da pandemia adiou o início do projeto.

A morte de Paulo Gustavo, aos 42 anos, vítima de complicações da covid-19, põe fim a esse sonho e a uma das carreiras mais bem-sucedidas do humor na televisão. Ele será sempre lembrado pela versatilidade, o poder de improviso, a generosidade com os amigos atores e por ter sido um artista que construiu tudo o que quis, exatamente como imaginou, sem abrir mão de sua essência.

No início da madrugada desta quarta-feira (5), 3 horas após o anúncio da morte do humorista, a Globo reexibiu o especial ‘220 Volts’ para homenageá-lo. Antes, a perda do artista foi lamentada por Juliette, Fiuk e Camilla na final do ‘BBB21’. “A vida é um sopro, essa é a prova disso”, disse a maquiadora, em seguida anunciada como campeã.

“Era um gênio, hoje o programa é dedicado a ele”, comentou o apresentador Tiago Leifert. Nos minutos derradeiros do ‘Big dos Bigs’, foi gerada na tela a mensagem “Em memória de Paulo Gustavo”.

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Em 30 de janeiro do ano passado, o comediante entrou na casa do ‘BBB20’ para interagir com os competidores em uma promoção do filme ‘Minha Mãe é uma Peça 3’. Foi um dos momentos mais divertidos daquela edição.

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