Kika Souza, pesquisadora e dançarina da zona norte de São Paulo, lança livro que destaca o papel fundamental das mulheres na cultura hip-hop, reunindo 50 entrevistadas para desmontar o machismo histórico do movimento.
O ano é 2025 e na cena do hip-hop ainda se fala muito sobre os manos e pouco sobre as minas. Mas as mulheres vêm conquistando seu espaço e mostrando que a cultura periférica de rua não só tem espaço para o feminino, como também foi e é moldado pelas mãos de muitas mulheres.
Um exemplo disso é a própria Kika Souza, 34 anos, dançarina, produtora, MC e autora do livro Mulheres no Hip-Hop – Apagamento Histórico e Outras Violências. A pesquisadora tem se dedicado nos últimos anos a colocar em evidência as histórias e conquistas das mulheres dentro desse movimento.
Com prefácio de Leci Brandão, apresentação da b-girl Cris, e registros da fotógrafa Cristhiane Evangelista, o livro tem entrevistas feitas 50 mulheres que representam os cinco elementos do hip-hop. Mostra que a cultura, apesar de machista, nunca foi “território só dos caras”.
A trajetória de uma mulher que representa o hip-hop
Kika Souza é presença constante nas danças urbanas e conhece a cena do hip-hop bem de perto. Ela tem formação em Propaganda e Marketing (UNIP), é técnica em Dança pela ETEC de Artes de São Paulo e cursa licenciatura e bacharelado em dança na UNICAMP.
Na prática, ela atua como mestre de cerimônia – sim, ela é uma MC – em eventos da cena, participa e julga batalhas de hip-hop e se envolve em saraus, rodas de conversa e documentários sobre cultura urbana, sempre com foco na valorização das mulheres no hip-hop.
Ela também é uma das criadoras do Coletivo Rangers Urban, que pesquisa criação e improviso em danças urbanas e música, e idealizadora do projeto Mercedes Ladies, que visa promover eventos de danças urbanas com foco na valorização do protagonismo feminino.