O surfista Ítalo Ferreira superou o corte de meio de temporada da WSL, e agora aguarda a etapa de Teahupoo - a última antes dos Jogos Olímpicos de Paris. Em entrevista exclusiva ao Lance!, o primeiro medalhista de ouro olímpico da história do surfe comentou as notas dos brasileiros na WSL.
Como você avalia o seu desempenho nesta temporada? Principalmente voltando de um período afastado por lesão.
Lesão com certeza sempre atrapalha, mas eu já estou 100% e agora tenho trabalhado ainda mais para melhorar e a cada etapa retomar o meu ritmo de antes da lesão. A confiança vem a cada onda, a cada bom resultado. Foi importante passar no corte e isso dá mais tranquilidade e confiança para o restante da temporada. Agora é encaixar melhor a estratégia para vencer as próximas etapas.
Você é o brasileiro melhor colocado no momento, mas ainda longe do top-5. Está esperançoso de chegar ao WSL Finals?
Eu sempre trabalho para fazer o meu melhor e alcançar o melhor resultado possível. Esse é um ano de calendário mais curto por causa das Olimpíadas e com pouco tempo para descansar, curtir a família e ficar em casa, mas com essa pausa agora antes de Teahupo'o consegui descansar, treinar e curtir também. O objetivo é sempre estar na frente. Posso garantir que estou confiante e muito focado!
Neste ano, aconteceram algumas polêmicas envolvendo notas dos brasileiros. De que forma você enxerga essas avaliações? Você acha que há uma má vontade por parte dos juízes? E a temporada de menor protagonismo dos brasileiros passa por isso?
Eu sempre procuro focar no que posso fazer para melhorar o meu desempenho e deixar que cada um faça o seu trabalho. Sabemos que sempre haverá divergências de opinião e o surfe está muito sujeito à interpretação, então o que a gente pode cobrar é comprometimento dentro e fora da água para que o esporte e a performance dos melhores atletas sejam prioridade.
Você foi o primeiro ouro olímpico da história do surfe. É um sonho voltar a subir ao pódio em Olimpíadas? Você ficou chateado por não ter conseguido se classificar? E como vai ser acompanhar de fora, vai torcer muito pelos brasileiros?
Subir ao pódio olímpico foi um sonho realizado, e claro que adoraria repetir a experiência. É natural ficar chateado por não ter me classificado, mas eu não tenho dúvidas de que o Brasil está bem representado com surfe da melhor qualidade.
Ítalo Ferreira participou da última edição das Olimpíadas, em Tóquio - esta foi a primeira vez que o surfe participou do quadro de modalidades. Na estreia do esporte, o brasileiro - representante da linha de proteína My Whey, da Integralmedica, terminou a competição no lugar mais alto do pódio.
Recentemente, o Filipe Toledo desistiu da temporada para cuidar da saúde mental. Ele não foi o primeiro a fazer isso. A pressão no mundo do surfe é realmente muito grande? E como vocês receberam essa notícia?
A pressão por resultados de um esporte de alta performance é muito grande. Eu respeito e entendo a decisão do Filipe e de outros que optaram por cuidar da saúde mental e física. Esses dias eu publiquei nas minhas redes sociais falando sobre como a vida de um atleta é solitária, ainda mais no surfe, marcada por longas horas de treino, viagens, tempo curto entre uma etapa e outra, você fica longe da família e dos amigos. E a gente ainda conta com o tempo da natureza, porque tem dias que não tem onda então a ansiedade de saber se amanhã vai ter campeonato ou daqui a dois dias é muito grande. É sempre uma jornada de autodescoberta, desafios e superação.