O colombiano Juan Carlos Osorio entende a cultura do futebol brasileiro tão bem quanto fala português. Ainda em processo de adaptação ao País, o técnico do São Paulo deixou o Morumbi após a derrota por 2 a 1 para o muito desfalcado Ceará (lanterna da segunda divisão nacional) sem saber por que a torcida da sua equipe estava tão revoltada na noite de quinta-feira.
“Estou tranquilo em relação à minha situação pessoal, trabalhando com total dedicação. Entendo que o Brasil é democrático e que aqui se protesta por outras situações. Algumas coisas têm sentido. Outras, não”, comentou Osorio, referindo-se também às frequentes manifestações políticas no País.
O técnico chegou a dizer até que se sentia “muito orgulhoso” dos seus jogadores, indo na contramão completa dos torcedores. Ele elogiou a disposição do São Paulo contra o Ceará e relacionou a derrota ao acaso, já que o time da casa pressionou durante todo o tempo e acabou castigado por gols de Rafael Costa.
Os torcedores, ao contrário, apontaram culpados. Entre eles, o próprio Osorio. Outros alvos da ira dos são-paulinos foram o vice-presidente de futebol Ataíde Gil Guerreiro, os meias Paulo Henrique Ganso e Michel Bastos e o restante do time “amarelão”, “sem vergonha” e “pipoqueiro”.
“É muito difícil entender que a torcida pegue no pé de certos jogadores. Se é por causa do jogo contra o Ceará, discordo. Acho injusto. Como foi com o Rafael (Toloi) na partida anterior. Mas, se é pelo acúmulo de várias partidas, então fica mais complicado para eu opinar ou compreender”, disse.
Toloi, Ganso e Michel Bastos continuam em alta com Juan Carlos Osorio, cuja confiança nem mesmo o Goiás ou o Ceará parece capaz de abalar. “Se eu for preservá-los, não será por temor da torcida. Se achar necessário e sentir que eles estão frescos, vão jogar, seja no Morumbi ou em outro lugar”, desafiou o colombiano.