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Nabil quer manter Enderson e só contratará "para resolver"

24 nov 2014 - 10h38
(atualizado às 14h48)
Nabil Khaznadar, candidato da chapa situacionista Avança Santos
Nabil Khaznadar, candidato da chapa situacionista Avança Santos
Foto: Mônica Andrade / Divulgação

Nabil Khaznadar foi o escolhido pela atual gestão do Santos para o projeto de recuperar o "barco abandonado" em meio as dificuldades, como ele mesmo diz. Aos 56 anos, é empresário de sucesso no ramo têxtil e da moda, e tem como fator mais polêmico a sua ligação com o pai de Neymar, com quem já assumiu publicamente a amizade.

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O Terra dá início nesta segunda-feira a sequência de entrevistas com os cinco candidatos à presidência do Santos, que responderão aos mesmos 15 questionamentos propostos pela reportagem.

Entre os seus principais planos, o candidato da Avança Santos, segunda chapa a ser registrada, diz querer manter o técnico Enderson Moreira, promete "foco total" nas categorias de base e assegura que só contratará jogadores "para resolver", abolindo as contratações por meio de DVD. Nabil ainda adianta que corrigirá falhas no sistema de sócios do clube e terá o reconhecido empresário Celso Loducca, da agência Loducca, como o responsável pelo marketing que voltará a gerar as receitas tão esperadas nos últimos anos.

Veja, na íntegra, a entrevista exclusiva com o candidato Nabil Khaznadar -

Terra - Por que deseja ser presidente do clube e quais são seus projetos a curto prazo?

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Nabil Khaznadar -  Desejo ser presidente do Santos Futebol Clube, em primeiro lugar, por ser totalmente apaixonado pelo alvinegro praiano. Em segundo, porque depois de atuar como conselheiro, sinto que posso dar mais ao clube. Nós, da Chapa 2, Avança Santos, estávamos juntos quando o sonho de modernizar o clube se tornou realidade, com a eleição da chapa Laor-Odílio, em 2009. Continuamos juntos após a reeleição, quando o agravamento da crise do futebol brasileiro impôs graves dificuldades à administração do clube. Nesse momento, muitos abandonaram o barco, mas nós demos suporte à diretoria e impedimos que aventuras golpistas irresponsáveis tornassem o clube ingovernável. Vamos fazer algo que nenhuma gestão nos últimos anos conseguiu: colocar o Santos em um novo patamar. Para isso, nossa proposta de governo prevê três pontos principais: O Novo, De Verdade; Gestão Profissional; e Futebol Arte. Para isso, vamos modernizar a maneira como o futebol é gerido, vamos administrar o Santos como se fosse uma empresa, como já fazem os melhores clubes do mundo. Para exemplificar a modernidade que defendo, vamos inovar com a criação da "Célula de Inteligência do Futebol", um grupo altamente capacitado que vai atuar diretamente com o membro do Comitê Gestor responsável pelo futebol. Todo conhecimento adquirido nessa célula será de propriedade do Santos.

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Terra - O Santos vive uma série crise financeira que resultou em atrasos salariais em 2014. Há um plano emergencial caso vença a eleição?

Nabil Khaznadar - Salário dos funcionários CLT tem que ser pago em dia. E o Santos tem se empenhado em fazer isso, o que está atrasado é o direito de imagem de alguns jogadores. Não há mágica, vamos investir em marketing para ter mais receitas e não gastar mais do que entrar. Também vamos sentar com os credores e renegociar as dívidas. Temos honrar os pagamentos, contratos e dívidas. Os outros times estão bem piores que o Santos e se a situação estivesse tão ruim não teríamos cinco chapas disputando a presidência. É preocupante essa visão muito pessimista sobre o Santos que vemos nos adversários. O Santos Futebol Clube conquistou grandes títulos, como o tricampeonato paulista, a inédita Copa do Brasil, a terceira Libertadores. Os times comandados por Neymar resgataram a autoestima do torcedor santista e voltaram a ser referências mundiais de futebol bem jogado. A instituição também avançou, com o novo Estatuto Social, que abriu o Conselho Deliberativo para a participação de todas as correntes políticas, de forma saudável e democrática. 

Terra - Acredita que, em um primeiro momento, precisará apelar para empréstimos bancários ou vender jogadores para fazer caixa e amenizar os quase R$ 400 milhões em dívidas?

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Nabil Khaznadar - Antes de tudo, é preciso ressaltar que, segundo os dados do Conselho Deliberativo, a dívida do Santos Futebol Clube é de R$ 80 milhões, não de R$ 400 milhões. Alguns candidatos alardeiam esta informação equivocada no intuito de confundir o associado, mas, na realidade, só denigrem a imagem da instituição perante o mercado. Isto posto, lembro que, diferentemente de outros clubes, o Santos não antecipou as cotas de transmissão dos jogos dos Campeonatos Brasileiro de 2016 e 2017. Ou seja, o futuro do time não está comprometido para pagar o passado. Mas é essencial sanar a dívida, com uma gestão transparente e honesta, para que o Santos avance e tenha um crescimento sustentável e conquiste títulos.

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Terra - Sobre o Damião, ele foi comprado pela Doyen Sports. O que achou do negócio e o que pensa em fazer sobre? A relação com a Doyen será mantida para outros investimentos?

Nabil Khaznadar - Hoje, nove meses depois da contratação, muita gente que gostou na época está falando mal. O caso do Leandro Damião é como o do Lucas Lima, um contrato diferente, que ainda não pagamos, e que está no começo da passagem ainda. Veja o Montillo. Quando ele chegou tinha muita expectativa sobre ele, tínhamos perdido o Ganso, o Neymar estava sozinho... Não desembolsamos um tostão pelo Damião até agora e, como o Montillo, ele pode reverter a má fase. Acho que está faltando um bom papo, ele é um cara de grupo, muito querido pelos companheiros. Está faltando calma, tranquilidade para ele ter sucesso, como teve o Montillo, que deu lucro ao Santos. Ele tem contrato de cinco anos e só vamos começar a pagar daqui a três. Ele pode virar a partir de amanhã. Quanto a parceria com o Doyen, se a parceria for boa para o Santos Futebol Clube eu faria o negócio. Não do Leandro Damião. Estou falando do tipo de investimento, sobre começar a pagar só depois de três anos. É um risco que todo mundo tem. O Corinthians não teve com o Pato? Mas, diferentemente de nós, eles pagaram pelo Pato, tiraram do fluxo de caixa. A gente não! Como gestor, não achei essa parceria ruim.

Terra - O senhor é a favor do Comitê de Gestão? Pensa em uma possível nova reformulação estatutária para acabar com o formato? Quem serão os sete integrantes do Comitê?

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Nabil Khaznadar - Somos favoráveis ao Comitê de Gestão. O problema principal de como o comitê é gerido, diluindo as responsabilidades. Ou todos estão certos ou todos estão errados. Isso não funciona. Tem que ter um responsável para cada área, que será cobrado por ela. Cada integrante vai ser responsável por um setor e será cobrado por isso. Vou delegar missões, estabelecer metas e exigir resultados. O critério de escolha desses sete gestores será a meritocracia. Um dos sete nomes é o publicitário Celso Loducca, que será responsável pelo marketing.

Terra - Como vê a relação entre o clube e a CBF, o que pensa? Pretende modificar algo? Incumbir alguém para se aproximar da entidade?

Nabil Khaznadar - Vamos atuar tanto na FPF quanto na CBF. O Santos não pode ser apenas comunicado das decisões desses órgãos. Precisamos ser consultados por eles e, mais do que isso, precisamos participar ativamente das discussões. É assim que vamos trabalhar.

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Terra - Sobre a Vila Belmiro, quais são seus projetos para o estádio? Pensa na reforma para ampliação? Reestrutução completa em formato das novas arenas?

Nabil Khaznadar - A Vila Belmiro é nossa casa. Trazer o torcedor de volta para a Vila Belmiro é um dos nossos objetivos. Temos que melhorar a infraestrutura para acolher o torcedor e criar benefícios que o incentivem a acompanhar o time. A Vila Belmiro precisa ser reformada e modernizada, o torcedor merece mais conforto e serviços de qualidade. Esta reforma está prevista nas nossas propostas e é uma das prioridades. Se eleitos, já no primeiro mês vamos realizar uma pesquisa com os sócios e torcedores para entender o que eles desejam que seja melhorado. Aliás, em 2016 será celebrado o centenário da Vila e desde já estamos preparando um programa comemorativo à altura da data, para iniciar as comemorações em outubro de 2015, quando a Vila faz 99 anos. No caso específico de novas arenas, o Santos está aprendendo com os erros dos rivais. As arenas fazem parte de uma nova realidade e já se vê o quanto os clubes sofrem e vão sofrer para fechar as contas, enquanto os torcedores reclamam dos preços cobrados na bilheteria. Com relação ao Pacaembu, nos agrada bastante termos a segunda casa do Santos nesse estádio, já que possuímos enorme torcida na capital. O importante é o clube fazer um planejamento no início do ano, para que o torcedor saiba com antecedência onde os jogos acontecerão. Dessa forma, eles poderão se programar para assistir aos jogos e teremos tempo para promover o espetáculo. Essa é uma das ações que estão inseridas em nosso projeto "Match Day".

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Terra - Com o senhor, o Santos seguirá mandando jogos em São Paulo? Qual o projeto sobre o Pacaembu?

Nabil Khaznadar - O Pacaembu é nossa segunda casa. Queremos o santista na Vila Belmiro, no Pacaembu e onde mais o Santos jogar. Mas, como disse anteriormente, vamos consultar o torcedor primeiro. Muitos falam em arrendar o Pacaembu, isso seria possível sem ônus para o Santos Futebol Clube.

Terra - Pensa em fazer muitas mudanças no elenco, comissão técnica e com relação aos dirigentes? Zinho, André Zanotta e Sandro Orlandelli ficam? E pretende manter o técnico Enderson Moreira?

Nabil Khaznadar - O Santos precisa sempre ter times competitivos e que briguem por todos os títulos em disputa. Vamos analisar com calma o elenco atual e a situação dos contratos de cada jogador e da comissão técnica. A definição não apenas do treinador como de todo o departamento de futebol será tomada em equipe, sempre com o objetivo de ter um Santos forte, competitivo e campeão. Aprendi na minha vida gestora que só vamos conhecer as pessoas no dia a dia, não posso julgar ninguém antes da hora. Vou dar um tempo para todos mostrarem trabalho, isso é o mínimo. O Enderson tem contrato até o final de 2015, não vamos mexer nisso. Já Orlandelli, não conversei com ele, mas minha intenção é mantê-lo. E a minha ideia é aumentar essa atuação dele. Vamos criar uma célula de inteligência de pessoas que são ligadas 24 horas por dia no futebol, temos pessoas assim dentro do Santos e elas ajudarão o Sandro Orlandelli. Quatro ou cinco torcedores, alguns membros do Conselho, farão parte dessa célula. É uma coisa muito interessante e já colocaremos em prática no começo do mandato.

Terra - O Santos teve um rápido crescimento em seu quadro associativo nos últimos, mas estagnou. O que pretende mudar ou acrescentar no programa Sócio Rei?

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Nabil Khaznadar - A expansão do quadro associativo é fundamental para a saúde financeira do clube. O programa Sócio Rei, que precisa ser aprimorado, elevou significativamente o número de sócios do Santos num primeiro momento, mas em seguida perdeu o vigor. O primeiro passo é identificar os erros do programa vigente e estabelecer formas de corrigi-los, de modo a estancar a inadimplência. O segundo é criar novos atrativos, principalmente para o santista distante, que não pode aproveitar o principal benefício da associação: compra de ingressos facilitada, a preço diferenciado. Para o associado mais próximo do clube, estamos estudando fórmulas de estreitar ainda mais a relação. Para os mais distantes, uma das ideias é a promoção de sorteios, que os tragam a Santos, para conhecer a Vila, almoçar com o elenco e assistir a um jogo. O fundamental é ter consciência de que nosso maior patrimônio é o torcedor, e é para ele que devem ser dirigidas nossas principais ações, inclusive as conquistas de nossos times. Recentemente, perdemos grande oportunidade de facilitar aos sócios do interior mais remoto e de outras partes do Brasil o exercício do seu direito de votar e participar da vida política do clube. Infelizmente, o voto à distância, que teve nosso apoio, foi derrubado no plenário do Conselho Deliberativo por uma oposição conservadora, preocupada em manter o clube fechado. Como se trata de uma determinação estatutária, relançaremos a proposta ao longo da próxima gestão.

Terra - Como tem visto as terceirizações de alguns departamentos pelo clube? Pretende acabar com isso?

Nabil Khaznadar - O sócio é o bem mais precioso de um clube de futebol, e todo o relacionamento deve ser pautado pelo clube. Nas empresas somente pode-se terceirizar aquilo que não é atividade principal. Não há problema, por exemplo, em terceirizar o atendimento em uma Central de Atendimento, que possui capacidade e competência específica para isso. Nós temos um projeto para isso, neste caso, como dito anteriormente, será a requalificação do Programa Sócio Torcedor, para ser adequado às necessidades atuais.

Terra - Pensa em retomar modalidades como o futsal e o futebol feminino, extintos na atual gestão? O que pode falar sobre os projetos?

Nabil Khaznadar - Acreditamos que o esporte amador, além de ser um esporte vibrante e apaixonante, também é uma importante ferramenta de inclusão social e elemento fundamental para revelação de atletas. Hoje, o orçamento previsto em Estatuto para os esportes amadores é de 1%. Além do futsal, o clube mantém várias atividades entre as categorias sub-8 a sub-17, como vôlei, judô, taekwondo, futebol americano e goalball, todas em parcerias com a prefeitura, ongs e ou iniciativa privada. Com relação ao futebol feminino, se eleito, o tema será rediscutido caso haja alguma mudança no atual cenário, como, por exemplo, a volta de um campeonato estável, que sustente a volta dessa atividade.

Terra - A que atribui a falta de um patrocínio master há quase dois anos? O que pretende fazer e melhorar no marketing para conseguir um acordo?

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Nabil Khaznadar - Muitos confundem "vender patrocínio na camisa" com marketing, quando o patrocínio é, na verdade, consequência de um conjunto de atitudes e valores agregados à marca, que os parceiros podem compartilhar, quando se associam a ela. Temos que pensar muito maior. Fazer marketing é fortalecer os valores do Santos – criatividade, alegria, juventude, irreverência, gols, vitórias. Vamos ter parceiros para alavancar projetos de médio e longo prazos, cujos ideais sejam comuns à nossa administração. Vamos adotar soluções criativas na área do marketing, dos negócios ligados ao futebol e da atração de parceiros e patrocinadores. Nosso plano de governo prevê dois projetos nessa linha, como o "Santos Itinerante" e o "Meninos da Vila". Projetos que de fato agregam valor aos patrocinadores e fazem o patrocínio master virar parte de um pacote maior. Temos gente competente envolvida no desenvolvimento dos projetos e na missão de tirá-los do papel.

Terra - Acredita que conseguirá manter o Robinho para 2015? Planeja o que para fazer isso? Trará outros jogadores de nome para a temporada?

Nabil Khaznadar - Robinho é um ídolo, tem a cara do Santos. Mas já avisamos, só vamos trazer um jogador que resolva, não pra ficar no banco. Só vou contratar jogadores para resolver. "Ah, mas o Lucas Lima não era para resolver". Ele e o Leandro Damião foram contratos diferentes, de risco, mas que valeram a pena para o clube. Hoje é um grande jogador, está mostrando muito talento. Agora jogador jovem, que a gente perceba que tem futuro, contrataremos. Aqueles que passaram por três, quatro clubes e não brilharam, não vamos trazer. Jogador com 25, 26 ou 27 anos não vale a pena. É melhor ter um menino da base. Outra coisa que faço questão de falar é: não vamos contratar por DVD. Veremos quantos jogos forem precisos antes de contratar, pois o DVD se edita. Faremos acompanhamento antes da compra. O scout vai nos dar a direção e aí vamos atrás. A economia do país não permite mais ter erros. É melhor pagar R$ 500 mil para o Robinho do que R$ 200 mil para quem está no banco. Trazer jogador para agradar esse ou aquele não faremos.

Terra - Quais são suas propostas para as categorias de base? O que precisa mudar?

Nabil Khaznadar - Foco total na base. Esse é o nosso DNA e vamos investir nisso. Nenhum outro clube no mundo revelou tantos craques como o Santos. Estive em duas apresentações do Hugo Machado, gerente da base, e fiquei encantado. Não podemos falar um "a", porque o Santos disputa todos os campeonatos, do sub-11 ao sub-20. O que a base do Santos precisa é de uma melhor estrutura. Estive na China e passei pela Europa e lá pude perceber que os campos são melhores, a estrutura lá fora e até aqui no Brasil é melhor que a nossa. Para evoluir, vamos manter contatos com empresas e com a prefeitura. A ideia é construir um novo CT, tirar o alojamento da Vila Belmiro e colocá-los em um alojamento melhor. Estamos com bons contatos. Já vimos dois lugares possíveis. Já começamos até as conversas com os proprietários dessas áreas. O olho da minha gestão será futebol e base. O Santos é isso, alegria, ousadia, futebol jovem, para frente. Uma coisa que quero implantar é isso: vamos atacar, jogar bonito, podemos tomar dois, mas faremos quatro, cinco. O torcedor está acostumado com isso. Nosso futebol é irreverente, para cima.

Fonte: K.R.C.DE MELO & CIA. LTDA – ME K.R.C.DE MELO & CIA. LTDA – ME
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