Dentre as 84 atletas que largaram para a prova de sprint de 7,5 km da Olimpíada de Inverno de Sochi neste domingo, a brasileira Jaqueline Mourão foi apenas a 77ª colocada. A posição, no entanto, não chateou Jaqueline por alguns motivos.
O primeiro deles: as provas de curta duração não são sua especialidade. Na disputa deste domingo, as atletas competiam em três séries de esqui, com corridas de 2,5 km cada, que eram intercaladas com duas séries de tiros, com cinco disparos cada. Jaqueline, primeira brasileira da história a disputar o biatlo em uma Olimpíada de Inverno, admite que tem preferência por provas mais longas, de resistência – por isso, ficou satisfeita com a colocação.
“Está ótimo para mim. Não é (pela) posição. É a primeira vez que o Brasil tem um representante aqui (no biatlo)”, contou ela após a disputa. “Saio daqui feliz de ter conseguido uma performance no tiro muito boa, dado tudo que eu pude no esqui, tudo ter dado certo, não cair, não fazer nada que pudesse comprometer minha competição. Eu estou muito feliz e contente com a minha prova hoje”, completou.
O segundo motivo de comemoração para a experiente atleta brasileira foi justamente seu desempenho no tiro. Com um único erro nas duas séries, totalizou nove tiros no alvo em dez disparados. O desempenho foi equivalente ao de atletas como a francesa Anais Bescond (quinta colocada) e a polonesa Weronika Nowakowska-Ziemniak (sétima). Para Jaqueline, que começou a disputar o biatlo a partir do cross-country e que só passou a atirar em 2010, o resultado alcançou a meta estabelecida.
”Estou feliz com meu desempenho no tiro. Foram nove (tiros certos) em dez (disparados), em uma Olimpíada, na qual muitos atletas ficam nervosos, erram bastante”, comentou. “Acho que meu aproveitamento foi muito bom. Meus esquis estavam muito rápidos, a equipe técnica foi um ótimo trabalho. Como foi estreia, não da pra comparar performance. Mas estou feliz com o a minha performance hoje por esse aproveitamento.”
Nos treinos anteriores à prova, Jaqueline demonstrou especial preocupação com os tiros, especialmente diante do horário da prova (18h30 na Rússia, 12h30 no Brasil). Por conta do por do sol, a brasileira temia que a regulagem feita antes da prova poderia ser atrapalhada pela falta de luminosidade. Por isso, regulou sua arma até os últimos instantes antes da largada – e comemorou a decisão.
“Não sei se vocês (jornalistas) viram, mas fui a última a sair do campo de tiro para a regulagem de carabina. Estava preocupada com o sol. E valeu a pena”, festejou. “E foi até engraçado: a Tora Berger (campeã olímpica no biatlo individual de 15 km em 2010) largou atrás de mim. Ela ia me pegar, mas acertei mais tiros que ela e acabei passando ela durante a prova”, completou. A norueguesa Tora Berger largou em 19ª, enquanto Jaqueline largou em 18ª. Berger acabou superando a brasileira na segunda volta e terminando em 10º lugar.
