Título brasileiro do Botafogo completa 17 anos nesta segunda-feira

17 dez 2012 - 10h37
(atualizado às 12h19)

O Botafogo comemora nesta segunda-feira o aniversário de seu último título nacional: a conquista do Brasileirão de 1995 completa 17 anos. Na final, o Alvinegro passou pelo Santos em dois jogos (vitória por 2 a 1 no Rio e empate em 1 a 1 em São Paulo), ficando com o troféu de campeão.

Na primeira partida da decisão, a equipe treinada por Paulo Autuori - e que tinha jogadores como Túlio, Gonçalves, Sérgio Manoel, Wilson Gottardo e Donizete - derrotou o Santos no Maracanã com gols de Gottardo e Túlio. Na volta, em São Paulo, o empate em 1 a 1, com gol de Túlio ainda no primeiro tempo, deu a taça ao Glorioso na soma dos resultados.

O time encerrou o campeonato com a melhor campanha no somatório geral. Foram 27 jogos, com 14 vitórias alvinegras, nove empates e apenas quatro derrotas. A conquista também significou a última vez em que o Botafogo conseguiu se classificar à Copa Libertadores. Em 1996, o Alvinegro chegou até as oitavas de final da competição sul-americana, mas foi eliminado pelo Grêmio.

RELEMBRE A CAMPANHA

Após cair nas quartas de final do Brasileiro anterior e ser preocemente eliminado da disputa do Carioca de 1995, o Botafogo chegava ao Brasileiro motivado a dar a volta por cima. Na disputa nacional, que envolvia 24 times, houve uma divisão de dois grupos e o Botafogo caiu na chave A, junto de equipes como Palmeiras e Corinthians, campeão e vice de 1994, respectivamente.

Donizete, na semifinal contra o Cruzeiro (Foto: Arquivo Lance!) No primeiro jogo, em Salvador, empate em 2 a 2 com o Vitória. Em seguida, dois jogos no Rio de Janeiro e vitórias por 3 a 1, diante de Paysandu e Guarani. Nestes triunfos, Túlio marcou quatro gols.

O artilheiro terminaria aquele ano, de fato, como o maior goleador do campeonato, com 23 gols, voltando a deixar sua marca em vitórias cruciais sobre Corinthians, Grêmio e Botafogo. O Botafogo fechou o primeiro turno em quinto lugar na sua chave, mas a situação mudaria para melhor no returno.

Dali até o fim do campeonato, o Alvinegro só voltaria a perder um jogo: contra o Santos - que seria seu adversário na decisão -, na antepenúltima rodada da fase de grupos. Entre as vitórias, destacaram-se o 2 a 0 sobre o São Paulo, no Morumbi (com dois gols de Túlio), o 5 a 0 diante do Atlético-MG, no Maracanã, e um 2 a 0 no clássico contra o Vasco.

Dono da melhor campanha da segunda etapa, o Alvinegro garantiu sua vaga na semifinal do Brasileiro, onde enfrentaria o Cruzeiro, de melhor retrospecto do primeiro turno. Em dois jogos difíceis, o Botafogo se classificou. No primeiro, 1 a 1 em Belo Horizonte, gol de Túlio. No segundo, o empate sem gols no Maracanã fez o Fogão seguir adiante.

NA FINAL, POLÊMICA JÁ NO PRIMEIRO JOGO

Na grande decisão, o adversário do Botafogo seria o temido Santos, que triturara o Fluminense na semifinal após histórica reação (perdeu a ida por 4 a 1 no Rio e venceu o segundo jogo por 5 a 2). No primeiro jogo, marcado para o Maracanã, em uma chuvosa noite de quarta-feira, o Botafogo saiu na frente com gol do zagueiro Wilson Gottardo. Após escanteio vindo da direita, o camisa 3 meteu-se entre a zaga santista e cabeceou no canto direito de Edinho: 1 a 0.

Não demorou muito para que Giovanni, grande destaque santista, empatasse a partida. O camisa 10 de cabelo descolorido recebeu belo passe de Marcelo Passos e tocou por cima de Wágner: 1 a 1. Mas foi em outra bola parada que o Botafogo retomou a liderança. Novo córner da direita, e um desvio em Giovanni fez a defesa santista parar. Túlio, oportunista e falastrão que era, só mandou para a rede, fazendo 2 a 1 e cumprindo a promessa que fizera minutos antes da bola rolar:

- Vamos decidir. Agora, chegou a hora do matador.

No entanto, a maior polêmica do jogo aconteceu nos acréscimos da primeira etapa. Sérgio Manoel escorregou mas, mesmo caído, fez um passe em profundidade para Túlio, que estava na mesma linha do penúltimo zagueiro. Livre, o camisa 7 chutou no canto de Edinho, porém o assistente Antônio Hora Filho marcou impedimento, gerando revolta dos alvinegros. Após o intervalo, porém, o placar não se alterou.

CONSAGRAÇÃO E TÍTULO

Com a vitória no jogo do Maracanã, o Botafogo ia para a segunda partida com a vantagem do empate. O meia Beto, um dos principais nomes do Alvinegro àquela altura, revelou ao LANCE!Net que os santistas estavam eufóricos e confiantes antes do jogo decisivo, por já terem reagido contra o Fluminense mesmo tendo perdido a primeira das semifinais por três gols de diferença:

Túlio foi o personagem do Botafogo na final contra o Santos (Foto: Arquivo Lance!) - Quando acabou o primeiro jogo, eles (jogadores do Santos) saíram comemorando. Isso mexeu com o brio da gente. No segundo jogo, eles pintaram o cabelo e tudo, todo mundo festejava no Pacaembu, mas tiveram que nos ver ganhar (risos). Foi uma coisa que motivou toda a nossa equipe e que fez a gente dar o dobro dentro de campo.

A partida final aconteceu no Pacaembu, no começo da noite de domingo, 17 de dezembro. Túlio Maravilha, que já era o maior goleador do campeonato, justificou a fama de decisivo. Aos 24 minutos, Sérgio Manoel cobrou falta na área e Jamir cabeceou. A bola sobrou para Túlio que, adiantado, venceu Edinho, em gol bastante parecido com o da primeira partida da final.

O Santos, que precisava virar, foi para cima ainda no primeiro tempo, mas perdia várias chances. A emoção maior ficou para a etapa final. Já no primeiro minuto, Marquinhos Capixaba dividiu com a defesa botafoguense pela direita e, com o braço, ajeitou para Marcelo Passos, livre, fuzilar Wágner. Empate que acendeu a torcida do Peixe e preocupou a do Glorioso.

A partir daí, a pressão foi quase toda do Santos, que esbarrava em lindas defesas de Wágner. Por pelo menos duas vezes, o camisa 1 salvou o Botafogo de levar a virada. A bronca santista ficou por conta do árbitro Márcio Rezende de Freitas ter anulado gol de Camanducaia, marcando impedimento inexistente, naquele que acabaria sendo o único gol realmente legal do segundo jogo.

Jogadores festejam (Foto: Arquivo Lance!)

Por fim, o empate em 1 a 1 coroou o Botafogo, melhor time do campeonato, como o legítimo campeão nacional, quebrando um jejum que já perdurava desde 1968, ano em que o Alvinegro venceu a Taça Brasil diante do Fortaleza. Já na madrugada de segunda-feira, os jogadores desembarcaram no Aeroporto Santos Dumont, onde eram esperados por uma multidão. A festa, que foi noite adentro, só começava e a geração de Túlio, Gonçalves, Donizete, Wágner, Sérgio Manoel, entre tantos outros, já estava na História.

LEMBRANÇAS DA CONQUISTA

O sucesso de 17 anos atrás ainda ecoa no presente. Beto, que tinha apenas 20 anos e já era o camisa 10 naquela temporada, revelou que muitos torcedores ainda o param nas ruas e o agradecem por ter ajudado o Botafogo a ser campeão:

- Até hoje, todo mundo me agradece por ter feito parte daquilo tudo. Foi inesquecível e não tem preço, eu estava só começando no futebol. Naquele ano, cheguei a ser até convocado para a Seleção e ter conquistado o Brasileirão foi demais para mim.

Um dos heróis daquela conquista, o zagueiro Gonçalves também comemorou o aniversário do título. O defensor demonstrou sua felicidade por ter levantado o troféu naquela temporada e fez questão de ressaltar de que fez vários amigos dentro do elenco:

– Fico muito feliz por esta data, me traz muita felicidade. Lembro-me de situações lindas, que levarei para o resto da vida. Pude fazer grandes amigos naquele ano.

FICHA TÉCNICA

SANTOS 1 X 1 BOTAFOGO

Local: Pacaembu, em São Paulo (SP)

Data/hora: 17/12/1995, às 19h (de Brasília)

Árbitro: Márcio Rezende de Freitas (MG)

SANTOS: Edinho; Marquinhos Capixaba, Ronaldo, Narciso e Marcos Adriano; Carlinhos, Marcelo Passos e Robert (Macedo); Jamelli, Giovanni e Camanducaia. Técnico: Cabralzinho.

BOTAFOGO: Wágner; Wilson Goiano, Gottardo, Gonçalves e André Silva (Moisés); Leandro Ávila, Jamir, Beto e Sérgio Manoel; Donizete e Túlio. Técnico: Paulo Autuori.

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Fonte: Lancepress! Lancepress!
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