Zagueiro diz que foi barrado no Botafogo por 'chororô' e brinca com frio de -20°C na Rússia: 'Tranquilo'

Willyan Rocha defende o CSKA e já foi sondado por Flamengo, Internacional, Santos e Grêmio

27 jul 2025 - 04h59
Resumo
Willyan Rocha, zagueiro do CSKA da Rússia, revelou desejo de jogar no Brasil apesar de estar adaptado na Rússia, explicou provocação ao Botafogo que barrou sua ida ao clube em 2016 e destacou ambição de disputar competições europeias.
Zagueiro cobiçado por times brasileiros explica comemoração que barrou ida ao Botafogo: 'Não foi falta de respeito'
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No alto de 1,93 m, a presença de Willyan Rocha, de 30 anos, é de assustar qualquer atacante que tenta invadir a área do CSKA, da Rússia. A cara de mau, porém, está bem longe de refletir o comportamento fora de campo do zagueiro nascido em Muniz Freire, no Espírito Santo, que se define como uma pessoa tranquila e que foge das confusões.

Agora, quando veste as chuteiras, o lado xerifão fala mais alto, sempre com “raça, vontade e determinação”, como define o próprio jogador. Com o jogo aéreo como um dos seus pontos fortes, o camisa 4 da equipe de Moscou chega firme nas divididas. Esse, inclusive, foi um dos motivos que o levaram à Rússia.

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“Já assistia um pouco antes, mas pesquisei mais a fundo quando chegou a proposta e vi que fazia muito parte do meu estilo de jogo. De contato, todo jogo duelar com o atacante, não tem faltas muito frequentes. É mais jogo de contato mesmo. Então, é um jogo que eu gosto”, explicou o defensor, em conversa exclusiva com o Terra.

O casamento perfeito levou Willyan a se tornar um dos melhores zagueiros das últimas temporadas no país, com direito a dois títulos da Copa da Rússia e um da Supertaça. Não à toa, entrou no radar dos times brasileiros. 

Desde que chegou ao CSKA, no início de 2023, equipes como Flamengo, Internacional, Santos e Grêmio --sendo a equipe gaúcha o contato mais recente-- já demonstraram interesse por sua contratação. Ainda que feliz e adaptado na Rússia, a vontade de um dia voltar ao Brasil não é segredo.

“Fico feliz pelo carinho que o torcedor tem por mim. Isso é fruto de um trabalho que eu venho fazendo dentro de campo. Sondagem tem várias. Mas concreto mesmo são poucos. Hoje eu tenho contrato no clube, tô bem aqui, tô jogando. A gente nunca sabe o dia de amanhã. É coisa de sentar, conversar. Lógico que eu tenho uma vontade imensa de jogar no Brasil, eu sou brasileiro e não pude jogar como profissional em clubes para disputar campeonatos como o Brasileiro, Libertadores, Sul-Americana ou Copa do Brasil", explica.

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"Eu também tenho essa vontade de poder jogar no meu País e disputar títulos assim. Espero que eu consiga também realizar isso”, completa sobre os pedidos de torcedores brasileiros por sua contratação.

Ao mesmo tempo, Willyan mantém vivo o desejo de disputar os principais campeonatos do mundo. Em meio aos conflitos com a Ucrânia, a Uefa baniu os times russos de participarem de competições europeias desde a temporada 2022/23.

“Todo jogador sonha em jogar a Champions League, a Liga Europa; pelo menos eu tenho essa vontade, e ainda dá tempo de eu fazer isso. Então, tô correndo atrás, quero muito jogar, realizar esse sonho. Quem sabe vamos conseguir, né?”, diz sobre as sanções impostas às equipes do país. 

Willyan Rocha comemora título pelo CSKA
Willyan Rocha comemora título pelo CSKA
Foto: Divulgação/CSKA

Início no futebol e desembarque na Rússia

Antes da ascensão no futebol russo, Willyan batalhou por um lugar ao sol. Logo no começo da carreira, passou pelas categorias de base do Flamengo, sub-23 do Grêmio, pela Desportiva Ferroviária, do Espírito Santo, e pelo Votuporanguense, do interior de São Paulo, mas sem se firmar.

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O sinal de alerta de que era hora de ‘virar a chave’ veio com a oportunidade na Europa, que foi agarrada com unhas e dentes pelo zagueiro. De início, o defensor recebeu uma oportunidade no modesto Cova da Piedade, da segunda divisão portuguesa.

O bom desempenho chamou a atenção do Portimonense, time com presença constante na elite de Portugal e com longo histórico de brasileiros em seu elenco, onde ficou por três temporadas antes de desembarcar na Rússia. 

Para tomar a decisão de assinar com o CSKA, Willyan também conversou com os brasileiros Moisés e Bruno Fuchs --que, na época, jogavam por lá-- sobre as características do futebol local e da vida no país.

Mesmo com o estudo das características do jogo local, a adaptação dentro de campo teve uma pequena dificuldade justamente pelo inverso do que o levou ao Campeonato Russo: o zagueiro levava a pior em alguns embates com os atacantes. 

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“Acho que não tive problema em termos de jogar essas coisas, mas um pouco, assim, duelos. Aqui, a bola ainda está no goleiro e o atacante vem te dar uma trombada, a bola nem saiu do pé do goleiro, mas se ele der uma trombada não é falta. Já em Portugal é falta. Eu sofri um pouco no começo com isso, porque para mim seria falta e o juiz não dava. Então comecei a amadurecer essa forma do estilo mais de jogo quando eu cheguei aqui”, recorda. 

Fora de campo, o zagueiro não escapou das dificuldades comuns de um brasileiro que vai morar do outro lado do mundo. Hoje, contudo, a adaptação é tamanha que ele até brinca ao falar sobre o frio.

“Comida a gente acha algumas coisas, vai no mercado e consegue comprar algumas coisas. Idioma, é impossível. Você tem que estudar muito para aprender a falar, porque é difícil demais. Em questão do frio, é só -15°C, menos -20°C. É tranquilo”, conta em tom bem-humorado.

Willyan Rocha em partida contra o Zenit
Foto: Maksim Konstantinov/SOPA Images/LightRocket/Getty Images

Passado marcado por ‘chororô’ em gols contra o Botafogo

Antes de pensar que ganharia os apaixonados por futebol jogando o Campeonato Russo, Willyan quase foi contratado pelo Botafogo, em 2016. O negócio, no entanto, deu errado por causa de uma provocação ao Glorioso. 

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Sem saber que a Desportiva Ferroviária estava negociando sua venda ao time de General Severiano, o zagueiro teve uma das grandes atuações ofensivas de sua vida e marcou os dois gols da vitória da equipe capixaba por 2 a 1 sobre o Botafogo. Nas comemorações, o defensor fez o famoso ‘chororô’, utilizado por rivais para zombar os botafoguenses. 

O gesto foi interpretado como desrespeitoso pelos dirigentes cariocas e as conversas foram encerradas. Hoje, o jogador do CSKA garante que a provocação foi uma resposta a conhecidos que haviam o provocado no dia anterior.

“Aconteceu uma coisa ali que não foi falta de respeito com o clube, jamais vou fazer, porque todo lugar que eu passo eu sempre respeito. Foi mais um desabafo para os torcedores que eu conhecia. Só que na época não pude me explicar, porque também não dei entrevista para pedir desculpa ao Botafogo. Eu jamais iria desrespeitar o Botafogo", alega.

Willyan Rocha faz provocação em gol contra o Botafogo
Foto: Reprodução

Cerca de nove anos depois do episódio, o zagueiro mantém a consciência tranquila quanto ao passado, apesar de reconhecer que poderia não ter comemorado os gols daquela maneira.

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“Eu fiquei com a consciência tranquila, porque não foi falta de respeito com o clube Botafogo. Foi mais com os torcedores que eu conhecia. [...] Mas arrependimento assim, pelo jogo que eu fiz, essas coisas, não. Talvez eu me arrependa de ter feito o chororô, que não precisava também. Poderia ter deixado passar e no outro dia sair na rua: ‘ah, ganhei, tá vendo?’. Talvez seria melhor essa parte, mas foi mais um desabafo ali, porque as pessoas estavam me zoando, mas tá tranquilo”, explica.

Willyan, inclusive, acredita que não teria problemas com o torcedor botafoguense caso venha a vestir a camisa alvinegra no futuro.

“Com certeza [seria tranquilo jogar no Botafogo], não guardo mágoa de ninguém. Onde passo, sou um cara muito tranquilo, sou um cara que é difícil você ver arrumado em confusão assim, não gosto. Mas se aparecer, estamos preparados. Se tiver que pedir desculpa, mais uma vez ou mais cem vezes, a gente é falho, não faz mal pedir desculpa quando a gente sabe que erra”, completa.

Para seguir fazendo história com a camisa do CSKA, o camisa 4 reforça que está bem “mentalmente e fisicamente”. O contrato do brasileiro com a equipe russa é válido até junho de 2027.

Fonte: Redação Terra
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