PM impede protesto no Maracanã e atira com bala de borracha e bombas

16 jun 2013 - 14h45
(atualizado às 18h36)

Policiais militares e manifestantes entraram em confronto na tarde deste domingo, na região do Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. Um grupo de aproximadamente 3 mil pessoas protestava contra a má administração pública no País, quando teve início um confronto no viaduto Oduvaldo Cozzi, que liga a estação São Cristóvão ao Estádio. Tudo começou quando os manifestantes se aproximaram da entrada do Maracanã e viraram alvos da polícia, que reagiu violentamente, deixando diversos feridos nas proximidades. Um verdadeiro cenário de guerra foi criado na região e até mesmo pessoas que não tinham relação com os protestos foram prejudicadas.

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Polícia atira contra manifestantes no Rio de Janeiro
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Tiros de borracha, spray de pimenta e bombas de efeito moral foram lançadas contra os manifestantes. Eles gritavam "não à violência", e a polícia jogava mais gás lacrimogêneo e disparava tiros.

Durante a concentração do protesto, os manifestantes prometiam um ato pacífico, mas não abriam mão de chegar até a porta do estádio. A polícia reforçou o bloqueio na região da estação São Cristóvão, o que prejudicou a chegada de alguns torcedores que passavam pelo local. Com a confusão, a estação, uma das principais para o desembarque de torcedores, chegou a ser fechada.

<p>Pedro Serra mostra ferimento causada por tiro</p>
Pedro Serra mostra ferimento causada por tiro
Foto: Mônica Garcia / Especial para Terra

"Estava na manifestação e, quando começou a confusão, todo mundo correu e eu saí caminhando tranquilamente. Em segundos, senti uma dor horrível, quando vi que tinha sido atingido", contou o editor de imagens, Pedro Serra, 44 anos, ferido por uma bala de borracha.

Durante o confronto, o fotógrafo Luiz Roberto Lima, das agências Estado e O Globo, passou mal por conta de gás lacrimogêneo. O profissional foi socorrido por companheiros da imprensa e por um policial da Força Nacional, que atuava no local.

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Mesmo com seguranças particulares, uma equipe da Rede Globo foi expulsa da passarela que dá acesso à estação de metrô de São Cristóvão, para onde parte dos manifestantes se dirigiu, após a polícia dispersar o movimento. O repórter Edmilson Ávila, um cinegrafista e um assistente tiveram que sair às pressas do local, sob cusparadas e xingamentos. Uma garrafa plástica cheia d'água foi jogada contra os jornalistas. Parte dos manifestantes ainda tentou conter esta revolta, sob o argumento de que o repórter estava apenas fazendo o trabalho dele. Não foi suficiente para conter o ímpeto de alguns, que cercaram a equipe, que teve que sair rapidamente dali.

"O protesto é apartidário e foi convocado pela internet. Queremos um movimento pacífico", afirmou Adolfo Vieira Tavares, estudante de direito e um dos líderes do movimento. O grupo se dirigiu para a rua Gerenal Canabarro e reclamava pelo "direito de ir e vir".

Manifestantes passaram mal por causa do gás lacrimogênio
Foto: Mônica Garcia / Especial para Terra

Um casal que não estava envolvido no protesto sofreu com gás lacrimogênio. O namorado, Artur Bandeira, é militar e se esforçou para ajudar a estudante Rayane Oliveira: "estávamos passeando no zoológico e viemos pegar o metrô quando fomos atingidos por gás e ela desmaiou. Ninguém nos avisou o que estava acontecendo e nos deixaram subir. É um absurdo!", protestou.

O fato de a estação São Cristóvão estar fechada também atrapalhou o frentista João Alves, de 52 anos, que saía do trabalho e só queria voltar para casa. Ele não conseguiu pegar o metrô e respirou spray de pimenta lançado pelos policiais. "Fui tentar pegar o ônibus do outro lado, mas a passarela também estava fechada pela polícia. Me senti mal com o spray de pimenta, já tive problema no coração", contou.

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Veja relato de manifestante no estádio do jogo do Brasil
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Primeiramente, com a confusão, a multidão foi completamente dispersada da avenida Radial Oeste, em um dos acessos ao Maracanã, onde o protesto era realizado. Depois, pelo menos o tráfego de veículos foi reaberto. Boa parte dos manifestantes foi para o outro lado, cruzado pela linha do trem, nas proximidades da Quinta da Boa Vista. Eles prometeram continuar protestando por lá.

Palavras de ordem contra o governador Sergio Cabral e o prefeito Eduardo Paes foram gritadas pelo grupo. A letra da música Que País é Este, do Legião Urbana, também foi entoada. Cerca de meia hora após a dispersão inicial, um grupo de manifestantes voltou a fechar a avenida Radial Oeste, sentido zona norte, e ficou sentado na rua como protesto.

Manifestantes voltam a fechar a Radial Oeste, mesmo depois da confusão com a polícia
Foto: Mauro Pimentel / Terra

Fonte: Artevista Comunicação, Assessoria e Empreendimentos Culturais Ltda - Especial para o Terra Artevista Comunicação, Assessoria e Empreendimentos Culturais Ltda - Especial para o Terra
Fonte: Terra
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