Constrangimento. Talvez essa seja a melhor maneira de definir o sorteio da Copa do Mundo 2026. O presidente da Fifa, Gianni Infantino, transformou o evento em Washington, nos Estados Unidos, em uma ode de exaltação a Donald Trump.
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O ápice do constrangimento veio com a criação do Fifa Peace Prize, prêmio da paz que teve o presidente dos Estados Unidos como vencedor. No discurso, Infantino fez vários elogios a Trump e afirmou que o chefe de Estado norte-americano está "promovendo a paz e que tem uma energia incrível".
O troféu da Fifa virou um prêmio de consolação a Trump por não ter vencido o Nobel da Paz. Na época do anúncio, a Casa Branca afirmou que o comitê do Nobel priorizou "a política acima da paz" ao premiar a oposicionista venezuelana María Corina Machado, e não ao presidente americano.
E parece que Trump resolveu dar status de Nobel ao prêmio da Fifa e classificou como uma das maiores honras da vida, além de dizer que salvou milhões de vidas e tornou o mundo um lugar mais seguro.
Provável que tenha sido só a emoção que fez com que Trump esquecesse as milhões de famílias que separou por causa da sua política de imigração ou da crescente tensão militar no entorno da Venezuela. E se você não percebeu, todo esse parágrafo é uma grande ironia.
Um dia que deveria ficar marcado por uma exaltação ao futebol virou uma festa política, lembrando muito o que grandes ditaduras fazem quando utilizam eventos populares para esconder problemas sociais e exaltar líderes polêmicos. A única frase correta de Trump foi ao dizer que Pelé ainda é um dos maiores jogadores da história. Pelo menos, teve respeito com o rei do futebol.
A babação de Infantino por Trump já é um grande indicativo que torcedores de ‘inimigos’ dos Estados Unidos, como Irã e Colômbia, não terão apoio em eventuais dificuldades para conseguir visto.
Todo o show de hoje só reafirma a aproximação da Fifa com grandes líderes autoritários. Isso já aconteceu com a edição passada no Catar e com a escolha da Arábia Saudita receber o Mundial de 2034.